“O feriado de Copus Christi está comprometido. Mesmo que a greve dos caminhoneiros acabe, o setor turístico em todo o Brasil sofrerá um duro baque. O tempo todo estamos recendo ligações de clientes cancelando reservas e o prejuízo é incalculável”. A fala de Andrea Panisset, gerente de marketing da rede de agências de turismo Belvitur mostra o panorama do caos com a falta de combustível que tomou conta de todos os setores da economia, principalmente, o turismo.
Desde a sexta-feira passada, várias agências de turismo, hotéis e pousadas começaram a receber telefonemas de clientes desesperados sem saber se conseguiriam ou não viajar. Muitos pedindo cancelamentos de viagens e ou tentando remarcar para uma outra data. “Existe uma insegurança muito grande por parte dos passageiros. A imprecisão de retorno gerou um mal-estar e, com isto, o crescente número de cancelamentos de pacotes turísticos. Vamos ter uma baixa enorme neste feriado. As próprias companhias aéreas inciaram o bloqueio de passagens e estamos sem poder emitir reservas. No caso de viagens terrestres, a situação é ainda pior. Não há ônibus e, muito menos, carros para alugar nas locadoras de veículos. Um prejuízo para pousadas, restaurantes, hotéis e comércio das cidades históricas de Minas Gerais que poderiam lucrar com o feriado de Corpus Christi", avalia Andrea
Ainda para a gerente da Belvitur, foi preciso orientar, monitorar e auxiliar os clientes que tinham viagem marcada ou já estavam em trânsito. No caso dos voos, Andrea seguiu a norma da BH Airport e orienta os passageiros a ligarem antes de se dirigir para o aeroporto de Confins. “Mesmo assim, tive clientes que saíram de casa com voo confirmado e, na última hora, a empresa aérea cancelou. Todas as rotas que seguem ou passem por Brasília foram canceladas por falta de querosene para abastecer as aeronaves”, completa
Cidades históricas
Entramos em contato com pousadas em cidades históricas de Minas e a preocupação dos proprietários é a mesma. Em Ouro Preto, vários estabelecimentos registram cancelamentos de clientes desesperados. Na impossibilidade de se deslocar até as cidades do interior do estado, clientes estão ligando para os hotéis pedindo o cancelamento de pacotes agora no feriado de Corpus Christi. Em algumas pousadas, os hóspedes pedem um prazo até quarta-feira, na véspera do feriado, para decidir se confirmam ou não as reservas.
Vinícius Meschick, proprietário da Pousada Xica da Silva, em Tiradentes, no Campo das Vertentes está preocupado com os reflexos da greve neste feriado. “Tivemos dois cancelamentos nesse fim de semana e vários clientes ligaram para cancelar ou alterar as datas da reserva para o feriado. Em 18 anos que estamos aqui, nunca vimos nada igual. Esta sempre foi uma época excelente para nós por conta do clima frio. Estávamos com a pousada com quase 100% reservada e, desde sexta, começamos a receber os telefonemas dos clientes de Belo Horizonte, Brasília e São Paulo pedido os cancelamentos. Tivemos que flexibilizar e oferecer a remarcação de novas datas. Anteriormente a greve, a política do hotel não aceitava a devolução de dinheiro em casos de cancelamentos. Mas, diante do quadro vivido no país, não podemos deixar o cliente desamparado”, finaliza.
Na Pousada do Garimpo, em Diamantina a situação é a mesma. De acordo com a gerente operacional Jaqueline Araújo está ocorrendo um cancelamento em massa, com clientes assustados e pedidos para reagendar as datas de hospedagem. “Estamos trabalhando com uma carta de crédito onde o cliente terá um prazo de até um ano para poder remarcar a reserva. Já tivemos até agora oito cancelamentos para o feriado de Corpus Christi e, muitos, disseram que vão esperar até a quarta-feira para tomar uma decisão”, conclui
Maior crise no Brasil
Em nota divulgada hoje, Paulo Cesar Marcondes Pedrosa, presidente da Federação de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Estado de Minas Gerais e do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Belo Horizonte, comunicam que passados oito dias da greve dos caminhoneiros, o setor começou, neste último final de semana, a sofrer violentamente as consequências da greve e da falta de abastecimento, com cancelamento de aproximadamente 20% das reservas nos hotéis, além da falta de vários insumos como hortifrutigranjeiros, carnes, laticínios, cereais, bebidas, dentre outros.
A suspensão da circulação de ônibus, ontem, domingo, levou ao fechamento de mais de 50% dos bares, restaurantes, lanchonetes, pizzarias, em virtude da falta de ônibus. “A partir de amanhã, terça-feira, se não iniciar o reabastecimento, corremos riscos do fechamento de hotéis, restaurantes, bares e similares ainda esta semana, em toda Minas Gerais. As demissões no setor serão inevitáveis, em virtude da falta de ônibus. Essa, sem dúvida, é a maior crise que o Brasil está enfrentando”, finaliza Paulo.