(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas GREVE DOS CAMINHONEIROS

Petrobras acumula perda de R$ 118 bi em sete dias

Ações da Petrobras continuam ladeira abaixo durante a greve dos caminhoneiros. Mercado agora se preocupa com a forte pressão pela saída do presidente da estatal, Pedro Parente


postado em 29/05/2018 12:00 / atualizado em 29/05/2018 08:05

Refinaria Gabriel Passos, em Betim: greve dos petroleiros marcada para amanhã pode complicar ainda mais o abastecimento no país(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
Refinaria Gabriel Passos, em Betim: greve dos petroleiros marcada para amanhã pode complicar ainda mais o abastecimento no país (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)

São Paulo – Com a continuidade da greve dos caminhoneiros, apesar de o governo ter cedido em todos os pontos exigidos pelos manifestantes, as ações da Petrobras, que está no centro dos protestos dos grevistas, mantiveram a tendência de queda registrada desde o início dos protestos. Pela manhã, a ação preferencial da estatal (PN, sem voto) caiu 9,14% e a ordinária (ON, com voto), 8,60%, as maiores quedas do Índice Bovespa. À tarde, a situação piorou bastante, com os papéis PN registrando recuo de 14,59%, a R$ 16,91, e os ON 14,06%, a R$ 19,79. No acumulado dos últimos sete dias, os papéis tiveram recuo de 31,34%.


Além das dificuldades naturais, representada pelas perdas com a redução nos preços do diesel, estopim das manifestações em todo o país, o mercado agora teme que o presidente da empresa, Pedro Parente, não resista à crise e deixe a empresa. No mercado, é consenso que uma possível saída de Parente apenas agravaria a situação, trazendo mais incertezas e instabilidade para a petrolífera.


Responsável pela condução do processo de reestruturação e fortalecimento da empresa em termos de controles internos, governança e eficiência, Parente está ameaçado de deixar o cargo graças às mudanças na política dos reajustes dos preços dos combustíveis que teve que fazer para atender às reivindicações dos caminhoneiros.


Em dois anos à frente da Petrobras, Parente mudou a política de preços de combustível, com os reajustes passando a ter como base a cotação internacional do petróleo, blindou a empresa de interferências estatais e voltou a avaliar projetos com base em seu potencial de retorno.


Nesse período, a Petrobras triplicou seu valor de mercado: cotada em R$ 388,8 bilhões, voltou ao topo do ranking das maiores companhias do país. Parente viveu um período de relativa tranquilidade e reconhecimento, até o início da greve dos caminhoneiros na segunda-feira, quando sua política de preços foi colocada em xeque.


Com o aumento dos rumores de queda de seu presidente, a Petrobras se apressou em negar os boatos, ressaltando, por meio de nota, que o “presidente da companhia, Pedro Parente, não tem intenção de deixar o posto”. O comunicado emitido pela petroleira ocorreu em meio ao calor dos protestos de caminhoneiros e pressões para que a empresa reduzisse o valor do combustível.


Se confirmada a sua saída, especialistas do mercado financeiro avaliam que o impacto não seria só sobre a estatal de petróleo, mas sobre todas as empresas estatais e, também, sobre o mercado brasileiro como um todo, o que representaria novos riscos fiscais para o futuro.


Além disso, com a crise de abastecimento longe de um final feliz, o mercado avalia ainda os impactos na economia e nas contas do governo, que se comprometeu a subsidiar a redução no preço do diesel e ainda bancar os cortes nos impostos que incidem sobre o combustível. Esses tributos são importantes para as receitas públicas, já que respondem por 5% da arrecadação total.


Outro ponto que pesa contra a Petrobras é a desconfiança dos investidores de que o governo, apesar da promessa de que pagará a petroleira pelos prejuízos com o congelamento do valor do diesel por 60 dias, não tenha dinheiro para horar com a promessa feita pelo Planalto.


Os investidores consideram ainda que a Petrobras ficou desprotegida desde o início da paralisação dos caminhoneiros, no dia 21 de maio. Desde então, a estatal registrou perdas de R$ 118 bilhões em seu valor de mercado, retornando à quarta posição na lista das maiores empresas listadas na Bolsa brasileira, atrás de Ambev, Vale e Itaú Unibanco. Segundo a consultoria Economatica, o valor de mercado da Petrobras ontem, às 16h, era de R$ 242 bilhões, contra R$ 360 bilhões, no dia 10 de maio.

Petroleiros


O presidente da Petrobras, Pedro Parente, divulgou ontem uma carta na intranet da empresa na qual afirma que a paralisação dos petroleiros, marcada para começar amanhã, não vai contribuir para acabar com a crise gerada pela greve dos caminhoneiros. Mas, segundo o diretor de Comunicação da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Alexandre Finamori, o comunicado não surtiu efeito entre os funcionários. “A categoria está bem mobilizada”, disse. A decisão de cruzar os braços foi comunicada pela FUP à diretoria da petroleira no sábado. A lista de reivindicações inclui a demissão de Parente, além de outros quatro pontos: a redução dos preços dos combustíveis e do gás de cozinha; a manutenção de empregos e retomada da produção interna de combustíveis; o fim da importação de derivados de petróleo; e a desmobilização do programa de venda de ativos promovido pela atual gestão da estatal. No comunicado, a entidade ainda contesta a presença de unidades das Forças Armadas em instalações da Petrobras.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)