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Estado de Minas

Greve dos caminhoneiros afeta grandes e pequenos na Ceasa-MG

A oferta de hortifrutigranjeiros na Ceasa, de acordo com o site da instituição, é zero para vários produtos


postado em 29/05/2018 06:00 / atualizado em 29/05/2018 08:59


Com a greve dos caminhoneiros nono dia, o fluxo de mercadorias pelas estradas segue incerto. Mesmo os pequenos abastecimentos, garantidos por caminhões menores que fazem trajetos mais curtos, também estão ameaçados com a demora na reposição dos estoques de combustíveis nos postos da Grande BH. Com isso, a economia da região metropolitana segue em ponto morto. A escassez de produtos preocupa especialmente a Associação Comercial da CeasaMinas (ACCeasa), que relata a pior crise da instituição em 35 anos.


“Muitos associados têm contas para pagar, condomínios e aluguel de lojas, entre outros compromissos. Uma semana já está comprometida e muitos aqui trabalham com pouco capital de giro, contam com a mercadoria para comprar e revender”, diz o diretor-presidente da ACCeasa, Emílio Brandi. De acordo com dirigente, embora ainda não seja possível mensurar, o prejuízo já é considerado exorbitante.


Apesar dessa situação, ainda é possível abastecer supermercados com outros produtos, como fez ontem o caminhoneiro Juscelino Corrêa, de 52 anos. Ele enchia o caminhão com um mix de mercadorias para um supermercado no Bairro Prado, Oeste de Belo Horizonte, adquiridos em uma das distribuidoras da Ceasa. “Eles ainda têm muita coisa no estoque. A gente pega o que tem, substitui algumas marcas, mas o objetivo é não deixar faltar. Sou agregado do supermercado para o transporte, se eu parar, deixo de ganhar. Então, estou rodando nessa rota, entre o Ceasa e o Prado”, conta. O problema agora é o óleo diesel do caminhão, que deve acabar nos próximos dias e ele não sabe como vai fazer para trabalhar.


Ainda conforme a ACCeasa, no caso dos hortifrutigranjeiros é normal chegar 1,2 mil caminhões por dia com o estoque de produtores rurais, mas não está chegando nada. Frutas, verduras e legumes que chegaram ontem em pequena quantidade foram direcionados ao Mercado Livre do Produtor e são provenientes da Grande BH. Um dos expositores, o produtor rural Ernani Seidelly Silva, de 23, mora em Sarzedo e leva a produção de quiabo e mandioca para vender no local. Ele deixou exposta uma quantidade considerável de quiabo, mas o fluxo de pessoas estava muito pequeno. “Normalmente, trago de caminhão, mas com essa greve usei um carro pequeno. A gasolina só dá para mais um dia, então, não sei como vou fazer ao longo da semana”, afirma.

Com o fim da paralisação indefinido, dezenas de caminhões continuavam parados na manhã de ontem na Ceasa(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
Com o fim da paralisação indefinido, dezenas de caminhões continuavam parados na manhã de ontem na Ceasa (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)


A oferta de hortifrutigranjeiros na Ceasa, de acordo com o site da instituição, é zero para vários produtos. Um dos exemplos é o abacaxi, que tinha 7.700 dúzias há uma semana e ontem não havia nada para vender. A oferta de 29 mil embalagens com 18 quilos de maça na semana passada também zerou. Mesma situação da pera, acabou ontem depois de registrar 2,3 mil embalagens de 20 quilos há uma semana.

Ao contrário de Ernani, o caminhoneiro José Leandro Martins, de 36, está parado desde quinta-feira e por isso não traz mais a carga de tomates que está acostumado a levar diariamente, saindo de Sete Lagoas, na Região Central. “Estou aqui parado dentro da Ceasa e dormindo no caminhão. Só tenho combustível para voltar e chegar na porta de casa, mas ainda não sei quais serão os rumos do movimento”, afirma Martins.


Dezenas de caminhões seguiam parados na Ceasa na manhã de ontem e o fim da paralisação ainda era uma incógnita após o anúncio pelo governo federal de novas medidas. A principal delas é a redução do preço do diesel em R$ 0,46 nas bombas por 60 dias e a isenção do pagamento de pedágio para eixos suspensos de caminhões vazios. O governo federal atribui a indefinição ao fato de não haver liderança no movimento e por isso a desmobilização é mais difícil.


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