Importantes segmentos da economia já contabilizam, ou estimam, perdas superiores a R$ 34 bilhões nos oito dias da greve dos caminhoneiros completados na segunda-feira, 28. Só a cadeia produtiva da pecuária de corte deixou de movimentar entre R$ 8 bilhões e R$ 10 bilhões, informa a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de carnes (Abiec).
Na segunda, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) enviou ao governo ofício pedindo urgência e prioridade para a escolta de veículos que transportam produtos perecíveis, animais e rações.
"Há perdas que poderão ser recuperadas, mas outras não", diz o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), Fernando Pimentel. Ele estima em até R$ 1,7 bilhão a perda de faturamento líquido do setor, que tem 90% das empresas com dificuldades operacionais.
No comércio varejista, a Fecomércio estima que, mantida a paralisação, as perdas diárias em vendas em todo o País podem chegar a R$ 5,4 bilhões. Os distribuidores de combustíveis deixaram de faturar perto de R$ 8 bilhões desde o início da greve, calcula a Plural, associação das empresas do setor.
No setor da construção civil há várias obras paralisadas, informa José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Estimativa indica que o setor deixou de gerar R$ 2,9 bilhões. "A falta de concreto é o maior problema no momento".
A indústria farmacêutica acumula em oito dias prejuízos de R$ 1 6 bilhão. Nelson Mussolini, presidente do Sindusfarma, alerta ainda para a dificuldade de acesso da população aos medicamentos "o que pode trazer consequências indesejáveis".
As perdas da cadeia do leite chegam a R$ 1 bilhão, segundo a Associação Brasileira de Laticínios. A cifra inclui 300 milhões de litros de leite descartados.
A indústria automobilística, que tem a maioria das fábricas paradas desde sexta-feira, 25, não divulgou prejuízos. Cálculos com base na média da produção diária indicam que 25 mil veículos deixaram de ser produzidos em dois dias, mas grandes fabricantes como GM, VW e Ford estão paradas há mais tempo.
Paralelamente às perdas da indústria e do comércio, o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) indica que R$ 3 86 bilhões deixaram de ser arrecadados em tributos. "Isso tem reflexo nas contas públicas, pois o orçamento já conta com essa arrecadação para dar andamento a projetos, folha de pagamentos, investimentos, etc", diz o coordenador do estudo, Gilberto Luiz do Amaral. Para a economia, diz ele, deixaram de ser movimentados mais de R$ 26 bilhões. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.