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Estado de Minas

Iguarias mineiras somem do Mercado Central

Estoques de queijo canastra e do Serro, abacaxi e carnes estão por um fio no Mercado Central de BH, conhecido reduto de compras na capital. Loja de ovos fecha as portas


postado em 30/05/2018 06:00 / atualizado em 30/05/2018 07:54

Sem mercadoria, Paraíso dos Ovos avisa clientes da escassez absoluta (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
Sem mercadoria, Paraíso dos Ovos avisa clientes da escassez absoluta (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)

A greve dos caminhoneiros, que se arrasta por 10 dias, conseguiu balançar uma referência histórica do abastecimento da capital mineira, o Mercado Central de Belo Horizonte. Está faltando queijo canastra para muitos comerciantes, o estoque de abacaxi está perto do fim, a banca de ovos precisou baixar as portas, as opções de carnes nos açougues estão restritas. Com estacionamento vazio e corredores tranquilos, o mercado já registra redução de 25% no público, que também tem dificuldade de chegar ao centro de compras, em razão da falta de gasolina.

O superintendente do Mercado Central, Luiz Carlos Braga, põe o prejuízo na ponta do lápis e calcula queda de 30% no faturamento em maio. “Nosso movimento está bem aquém. Vamos torcer para que a greve termine. Já vamos sentir uma retração grande no feriado prolongado, quando sempre recebemos muitos turistas”, reclama.

Com prejuízo de R$ 13 mil, Paulo Moura deixou de ofertar a estrela do negócio, o queijo canastra(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
Com prejuízo de R$ 13 mil, Paulo Moura deixou de ofertar a estrela do negócio, o queijo canastra (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)

Segundo ele, a dificuldade para abastecimento é geral. “A gente acaba conseguindo ter mais coisa do que supermercado porque há muitos pequenos produtores, mas as frutas estão acabando, quem tem queijo canastra é porque tinha estoque”, ressalta.

Desde quinta-feira, os irmãos Roque e Messias Fernandes, da Loja do Roque, não recebem uma das estrelas do mercado, o queijo canastra. O estoque do parmesão também acabou. Em três décadas trabalhando com queijo, Roque nunca viu situação igual. “Fizemos os pedidos para entrega amanhã, mas ainda não sabemos se vamos receber. Nossas vendas caíram 70%, porque é o que a gente mais vende”, afirma Roque.

 

Ele conta que o queijo do Serro só chegou porque os produtores enfrentaram 12 horas de estrada de terra, para desviar dos bloqueios. Mas alguns produtores têm evitado trazer o queijo em carro de passeio, porque o custo da viagem e a falta de combustível não compensam o investimento nessa estratégia.

Na Queijaria Catequese, o prejuízo já chega a R$ 13 mil e, na geladeira, nenhuma peça do queijo canastra. “Vou ter que baixar as portas? Eu fico para explicar para o cliente que está faltando”, afirma o dono, Paulo Roberto Moura. Seus fornecedores não se arriscam em atravessar a rodovia e ele não tem confiança de encomendar mercadoria a  outros vendedores. “Não sei há quantos dias esse queijo está na estrada, se é de boa qualidade”, desconfia.

Outro símbolo do mercado, o abacaxi também virou iguaria. Segundo o feirante Hércules Batista, desde quinta-feira passada não chega mercadoria, sem qualquer previsão. “Hoje, conversei lá no Ceasa e não tem nenhum caminhão vindo”, afirma. Ele reclama que a greve está indo longe demais. “E não adianta falar de greve, porque o aluguel continua o mesmo, o imposto não cai, o funcionário tem que receber salário no fim do mês”, explica.

Os frigoríficos também enfrentam dificuldade de abastecimento. Na Casa de Carnes Drummond, as vitrines estão praticamente vazias. O estoque da carne de porco acabou, o do frango está quase no fim e a carne de boi que chegou é embalada, e não em peças, como de costume. O açougue postal pequeno só tem conseguido reposição porque as mercadorias têm chegado em carros menores.

Sem mercadoria, a loja Paraíso dos Ovos precisou fechar as portas. Há 30 anos vendendo hortaliças, Maria Senhora Prates, a Pretinha, reconhece o sufoco pelo qual passa o mercado e só tem conseguido verduras por causa do esforço de seus parceiros. “Meus fornecedores estão trazendo de carro e é só por isso que eu tenho”, conta.

Com prejuízo de R$ 13 mil, Paulo Moura deixou de ofertar a estrela do negócio, o queijo canastra


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