As companhias aéreas também são impactadas pelos reajustes dos preços do petróleo e a valorização cambial, devido ao uso do querosene de aviação, cotado no mercado internacional, e ao leasing das aeronaves baseado na moeda norte-americana. Essas empresas vêm enfrentando dificuldades nos últimos meses para manter o controle das contas. A Latam Airlines Brasil informa que a alta do petróleo já está provocando alterações nos valores das tarifas, “uma vez que o combustível representa cerca de 40% dos custos da companhia e que 60% dos seus custos totais são calculados em dólar.”
A Gol Linhas Aéreas revisou para baixo as estimativas de crescimento de capacidade para 2018 até a chegada de suas aeronaves 737 Max 8, que consomem 15% menos combustível comparadas aos aviões 737 NG. O aumento dos custos do combustível já foi considerado nas expectativas, em 9 de maio de 2018, quando a companhia revisou as perspectivas gerais e projeções financeiras para 2018.
A Avianca informou, por meio de nota, que o aumento dos preços de combustíveis não pressionará o preço das passagens. “Caso haja alguma mudança neste cenário, a empresa vai avaliar medidas necessárias, que serão estudadas de forma minuciosa para que um possível impacto ao consumidor seja mínimo”, disse a empresa.
Para Alex Malfitani, vice-presidente financeiro da Azul, o que tem garantido a saúde financeira da companhia, mesmo debaixo da pressão de aumento de custos, é o hedge (espécie de proteção em caso de variação cambial). Com isso, por enquanto está afastada a elevação das passagens.
No caso dos combustíveis, a empresa fez compras antecipadas, o que travou os preços. Segundo a divulgação de resultados do último trimestre, o custo com combustível representou 27,9% das despesas da Azul. No caso do dólar, a empresa tem títulos conversíveis da TAP, companhia aérea portuguesa, em euros – outra moeda muito valorizada. Além disso, parte da sua frota é financiada em reais pela Embraer.
“Para diminuir todos esses efeitos, nós temos buscado eficiência em tecnologia, com aeronaves que queimam menos combustível”, diz Malfitani. “Isso é possível com a renovação de frota. Renovamos 14% dos nossos assentos em 2017 e mais 27% neste ano.” O executivo afirma que, por enquanto, não há previsão de aumento de preço da passagem, mas admite: “Ninguém sabe onde estarão o dólar e o petróleo, então o que vai influenciar nessa decisão será a demanda.” (PP)