São Paulo – O banco UBS fez recentemente uma pesquisa sobre o consumo de cervejas no Brasil e descobriu que 77% dos entrevistados estavam dispostos a gastar mais com bebidas premium. Desse total, 66% disseram que preferiam as artesanais, porque “são legais e estão na moda”. Muito antes do estudo, um número cada vez maior de produtores artesanais já havia percebido que os brasileiros estão consumindo mais cervejas desse tipo. Tanto que, nos últimos anos, o número de pequenas fábricas se multiplicou pelo país: entre 2014 e 2017, a quantidade de cervejarias quase dobrou, passando de 356 para 679. Mais do que isso: com o consumo e a produção em alta, estão contratando mais empregados do que as grandes indústrias cervejeiras, aí incluídas Ambev, Heineken.
Para o presidente da Abracerva, Carlo Lapolli, os números refletem o crescimento das vendas e confirmam que as pequenas cervejarias, boa parte delas concentradas nas regiões Sul e Sudeste, estão ganhando musculatura e avançando rapidamente na economia nacional. “As marcas independentes estão tendo aumento do consumo – e consequentemente na produção e nos empregos – por estarem chegando a mais pontos comerciais. Quando o consumidor entende que a cerveja pode ir além do que está acostumado a beber, geralmente ele se propõe a provar novos sabores e isso estimula todo o mercado”, disse ele. Nos Estados Unidos, as artesanais já respondem por 20% do mercado, enquanto por aqui a participação não passa de 1,5% do faturamen to e 0,8% do volume produzido, estimado em 140 milhões de hectolitros.
De acordo com Lapolli, mudanças na questão tributária poderiam ampliar o consumo das cervejas artesanais. Hoje, cada R$ 1 de gasto em custo de produção acaba virando R$ 5 no preço da final do produto, valor que tem afastado o consumidor nesses tempos de crise econômica e dinheiro escasso. “A nossa carga de impostos é muito similar às grandes cervejarias e estamos apresentando esse contexto para o governo federal com o intuito de buscar adequações”, diz Lapolli.
O Brasil encerrou 2017 com 679 cervejarias artesanais de pequeno porte – 37,7% a mais do que em 2016. Integram esse grupo indústrias que não têm investimentos de grupos econômicos multinacionais, mantêm o foco na qualidade dos produtos e matérias-primas e fabricam até 500 mil litros ao mês. A expectativa da Abracerva é que o número chegue perto de mil indústrias até o final do ano.