O Brasil entra em campo hoje com a missão de derrotar o México para passar às quartas de final da Copa do Mundo na Rússia, num jogo que promete novos momentos de instabilidade na Bolsa de Valores. Mas que relação pode ter um torneio esportivo com os investimentos em ações no mercado brasileiro? Muita. Levantamento de uma consultoria mineira mostra que o volume de negociações financeiras diminui durante a competição – e, em especial, quando a Seleção de Tite está jogando – e incidem no Ibovespa, tornando as operações mais perigosas para os investidores de curto prazo.
“Normalmente na Copa a quantidade de dinheiro disponível na Bolsa diminui porque tem menos pessoas operando por causa dos jogos, você tem um nível de liquidez que pode ser reduzido até pela metade”, explica o administrador e especialista em mercado de capitais Pedro Rabello. De acordo com ele, essa menor quantidade de operações faz com que os preços possam se deslocar com mais volatilidade, ou seja, “fica mais fácil os preços se descolarem das ações e elas caírem ou subirem”.
Segundo o consultor, todas as ações de primeira linha, como Petrobras, Vale, Ambev e a dos Bancos, são influenciadas diretamente pelo humor da Bolsa. Na sexta-feira, por exemplo, quando o ex-presidente Lula (PT) teve o direito de liberdade negado mais uma vez pelo Supremo Tribunal Federal (STF), as ações da Petrobras subiram 3,07% e o índice Ibovespa, 1,39%. No dia do último jogo do Brasil na fase de grupos, por exemplo, na Bolsa, oscilou e chegou a cair mais de 2,2%, enquanto a Seleção estava mal. Depois, quando o Brasil ganhou, subiu 1%, fechando ainda em queda.
SOBE E DESCE “O humor do último jogo fez com que a Bolsa, que tinha caído, subisse 1%”. Quando o Brasil perde ou vai mal, a Bolsa também costuma reagir, não tem uma explicação lógica, é o psicológico mesmo”, afirma Rabello. De acordo com o especialista, a expectativa para hoje é novamente de baixa liquidez na Bolsa, principalmente na parte da manhã, quando o número de investidores que vai operar no mercado vai diminuir por causa do jogo. Depois disso, vai depender do resultado. “Se o Brasil ganhar e passar às quartas de final, provavelmente, o otimismo vai ser refletido no mercado financeiro e, se nenhum fator externo prejudicar, teremos um dia de alta. De qualquer forma, vamos torcer para o Brasil”, diz.
O conselho dos técnicos em mercado financeiro é que aqueles que não são muito experientes fiquem longe da Bolsa nos dias de jogo, assim como em períodos de muita volatilidade, como o pré-eleitoral. “Aconselho primeiro a se educarem para investir e, em segundo momento, que fiquem de fora na Copa, porque é um momento de muita volatilidade, que nem todos têm estômago para aguentar. Você pode comprar uma ação hoje e, num dia de jogo, ela cair 2%, por exemplo”, diz o especialista. A dica vale principalmente para os chamados traders, que são investimentos de curto período. É preciso ter em mente o alvo e o luro que se deseja para que o payoff (a relação entre o risco e o retorno da operação) seja positivo.