O consumidor que tiver disposição e tempo para pesquisar preços do gás de cozinha na Região Metropolitana de Belo Horizonte pode economizar até 58,33% na compra do botijão. Com a grande disparidade dos preços, o produto pode ser encontrado nas distribuidoras a custos que variam de R$ 60 a R$ 95, dependendo da revenda escolhida pelo cliente. O levantamento de preços foi feito pelo site de pesquisas Mercado Mineiro em 114 estabelecimentos da Grande BH entre os dias 3 e 5 deste mês.
Para entrega no próprio bairro, a diferença alcança 46%, apurada entre o preço mínimo de R$ 65 pelo botijão de 13 quilos, e R$ 95 do custo máximo para o consumidor. Se a opção for pelo cilindro de 45kg, a pressão é ainda maior sobre o bolso. Os preços variam de R$ 250 a R$ 390 nas distribuidoras, perfazendo aumento de 56%. Até mesmo nos locais em que os preços estão mais baixos, consumidores e donos de revendas reclamam dos aumentos sucessivos determinados pela Petrobras.
A variação do preço do vasilhame do botijão de 13 quilos pode alcançar 80% entre R$ 100 e R$ 180.
Na semana passada, a petroleira anunciou aumento de 4,4% no preço do gás de cozinha, que já havia sido reajustado em 3,92% em junho. O botijão de 13 quilos entregue na portaria das distribuidoras, que custava em média R$ 68,91 no início de junho, era oferecido a R$ 71,61 no início deste mês. Já o botijão com o mesmo peso entregue em casa, custava em média R$ 76,51 no mês passado e subiu para R$ 77,49 neste mês. O cilindro de 45 quilos custava em média R$ 315,17 e passou para R$ 321,30.
“A cada vez que vamos comprar o botijão está mais caro. O gás está igual a gasolina, a conta de luz, a conta de água, cada vez mais caro” reclama Nádia Cristina, de 58 anos, que pesquisava preço do gás de cozinha na tarde de ontem no bairro Pompéia, na Região Leste da capital.
Ela conta que não cozinha a janta em casa e que usando o gás apenas para o almoço dela e da neta, o botijão dura cerca de três meses. “Minha irmã fez fogão a lenha na casa dela e tem conseguido economizar bastante. Usou tijolos e uma tampa de lata de tinta para improvisar o fogão e achou um meio de economizar. Acho que as pessoas devem buscar alternativas para aliviar o orçamento, porque a situação está ficando complicada”, conta Nádia.
O aposentado Joaquim José, de 69 anos, que comprou na tarde de ontem um botijão de 13 quilos em uma distribuidora do bairro Santa Efigênia, também na zona Leste de BH, apontou a falta de governança em razão dos aumentos sucessivos dos preços do gás de cozinha. “Esse país está uma bagunça total, um descaso completo em todas as áreas do governo. Quem paga a conta é a população com preços cada vez mais altos”, reclamou.
sucessivos
A insatisfação com o preço do gás de cozinha não se restringe aos consumidores. Proprietários de revendedoras e distribuidoras também reclamam dos reajustes mensais no valor do gás. “Ouvimos muita reclamação dos clientes sobre os aumentos, mas também fico indignada com essa situação. Muitas vezes temos que cortar gastos da loja para evitar que o reajuste seja repassado para os consumidores”, conta Tatiana Moura, dona da Beagás, no Santa Efigênia.
Segundo Tatiana, que trabalha com a venda de gás há oito anos, a situação para as empresas do setor piorou em 2017, quando os reajustes passaram a ser mais frequentes. “É um absurdo que vem sendo feito pelo governo. O produto já chega com o aumento. São R$ 4 a mais por botijão e fica quase impossível não repassar. Há dois anos, os reajustes eram anuais, então era possível se preparar para aquela mudança. Hoje, é quase todo dia uma surpresa e a variação dos preços atrapalha demais para os vendedores”, diz.
Desde janeiro, os reajustes do gás de cozinha passaram a ser trimestrais, mas muitas vezes a mudança no preço ocorre a cada mês nas revendedoras. De acordo com a Petrobras, o último reajuste foi motivado pela alta do dólar, somada ao avanço dos preços das cotações internacionais do gás.
CORRIDA
Preço médio do botijão de 13kg nas revendas da Grande BH
5 de junho R$ 68,91
5 de julho R$ 71,61
Variação 3,92%
Fonte: Mercado Mineiro