São Paulo – Depois do tombo no fim do ano passado, que reduziu seu valor em mais de 70%, a moeda virtual bitcoin começa a apresentar sinais de recuperação. Segundo analistas do setor financeiro, só não deslanchou ainda devido a boatos de que os valores de dezembro do ano passado teriam sido manipulados.
Na sexta-feira, essa mesma moeda oscilava na faixa dos US$ 7,3 mil, mas ao longo dos últimos meses chegou a registrar mínima de US$ 5,7 mil. “Já houve uma grande correção nos preços do bitcoin, quando comparados com os do ano passado, mas acredito que a moeda vai voltar a subir até o fim deste ano”, diz Ingrid Barth, diretora de novos negócios da corretora FoxBit, que não arrisca a quanto chegará o nível da valorização. “Essa é uma pergunta de US$ 1 milhão.”
Segundo ela, boa parte da explosão de preços das criptomoedas em 2017, em especial do bitcoin, foi resultado da confirmação da notícia de que a CME Group, empresa americana dona da Bolsa de Chicago e que agrega as maiores bolsas de derivativos do mundo, passaria a negociar contratos futuros de bitcoin. “Obviamente que o alvoroço não duraria para sempre, e o mercado foi ajustado, como observamos durante todo o primeiro semestre deste ano”, avalia Ingrid.
A especialista lembra que o segundo semestre é um período mais favorável ao bitcoin e às moedas virtuais em geral. “Além disso, a cada dia vemos que grandes corporações estão entrando no mercado e instituições financeiras ao redor do mundo começam a se posicionar de maneira favorável às criptomoedas, como ocorreu recentemente com a japonesa SBI Holdings, primeira exchange ligada a uma instituição financeira”, afirma.
Para João Paulo Oliveira, outro especialista em criptomoedas, a correção dos preços já era esperada pelo mercado financeiro devido à volatilidade no ano passado. “Em 2017, já se previa que haveria uma correção de mais de 90% nos preços das moedas.
De janeiro até agora, o valor foi corrigido em torno de 70%. Não chegou ainda em 90%, percentual de correção esperada em um ativo como o bitcoin”, avalia Oliveira. Segundo ele, parte do mercado acredita que a moeda já chegou ao fundo do poço, e que pode haver uma forte retomada.
Outro ponto que contribui para expectativas mais otimistas é a onda de boas notícias. Além do Japão, a Coreia do Sul cogita regulamentar as criptomoedas. Corretoras na Coreia do Sul foram aprovadas pelo órgão regulador local por estar equipadas com sistemas de segurança adequados, e o governo revelou sua intenção de considerar as empresas de criptomoedas como parte de um setor legítimo.
Outra boa notícia é que a Chicago Board Options Exchange (CBOE), maior bolsa de futuros do mundo, entrou com pedido de abertura de um ETF (fundos de índices comercializados como ações) baseado em bitcoin na Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC).
O mercado está otimista com uma possível aprovação. “Se o fundo realmente for aprovado, qualquer pessoa vai poder se expor em criptomoedas, aumentando o capital do mercado. Na prática, significa que qualquer investidor ou pessoa física poderá fazer seu investimento em bitcoin em uma instituição regulada pela CVM americana”, resume Oliveira.
O bitcoin já é a sexta moeda que mais circula no mundo, ficando atrás apenas da rúpia (utilizada na Índia, Paquistão, Sri Lanka, Nepal, Maurícia, Seicheles, Indonésia e Maldivas), do yen (Japão), do yuan (China), do euro (União Europeia) e do dólar. O valor total de bitcoins em circulação é de US$ 180 bilhões, o que deixa para trás moedas fortes, como a libra esterlina (Reino Unido), o rublo (Federação Russa e Tadjiquistão) e o won (Coreia do Sul).
FORÇA DA MOEDA
R$ 16,67 mihões
oferta atual do bitcoin
58%
participação do bitcoin no mercado de criptomoedas
US$ 4,9 bilhões
volume de negociação em 24 horas
96
países onde o uso do bitcoin é irrestrito
12 mil
transações feitas a cada hora
12 milhões
total de usuários da Coinbase
18,5 milhões
número de carteiras Blockchain.info
80 mil
número de tweets com bitcoin enviados por dia