São Paulo – No início do mês, o megaempresário sul-africano Elon Musk, o principal executivo e cérebro da Tesla Motors, maior fabricante de carros elétricos dos Estados Unidos e uma das empresas mais inovadoras do mundo, comemorou a marca simbólica de 5 mil unidades produzidas em uma semana de trabalho. No fechamento do segundo trimestre do ano, saíram da linha de montagem da empresa 5.031 carros elétricos Modelo 3, superando uma barreira que Musk dizia ser crucial para a companhia americana gerar caixa e obter lucro. O feito colocou a Tesla, nas palavras de seu criador, no mundo das “montadoras de verdade” e levou muitos analistas a reconsiderar as críticas em relação ao sucesso da Tesla como fabricante de veículos movidos a eletricidade.
A notícia caiu como uma bomba na sede da montadora americana, que contestou rapidamente as informações do documento de Gill. “A noção de que os cancelamentos do modelo 3 estão superando as ordens é inequivocamente falsa”, disse um porta-voz da Tesla. Apesar da reação, as ações da empresa caíram até 3% logo após a divulgação do relatório, na quinta-feira, antes de se recuperar para apenas 0,3% no fechamento do mercado.
O analista também citou o tempo de espera prolongado, que poderia chegar a até um ano, o que estaria fazendo com que os compradores perdessem o crédito fiscal de US$ 7,5 mil, deixando o valor do modelo 3 básico acima dos US$ 35 mil. Segundo ele, uma em cada quatro ordens do Modelo 3 é cancelada, o dobro da taxa de um ano atrás. Isso acaba tendo repercussão no caixa da empresa, diz ele, já que a Tesla tem que reembolsar os US$ 1.000 que os clientes precisam depositar para reservar o Modelo 3, além de outros US$ 2.500 para escolher uma versão específica. O restante só é pago quando o carro é entregue. “O tempo de espera para um modelo 3 é de cerca de 4 meses a um ano, e os clientes do modelo básico podem esperar até 2020”, disse Gill em seu relatório.
Em outro alerta, o analista disse que a estrutura de capital da Tesla também é “insustentável”, já que o fluxo de caixa livre continua caindo. Gill espera que a Tesla fature US$ 6 bilhões até 2020. Ele escreveu ainda que a ação da empresa está “supervalorizada”, apesar de ter caído 16% em relação ao pico de junho de 2017.
Nas redes sociais, onde tem respondido a todos os ataques que recebe, Musk se disse surpreso e não saber de onde o analista tinha tirado as informações. Segundo ele, a montadora teve mais de 2 mil ordens de compra dos modelos S e X, e outras 5 mil do Modelo 3. “Não sei qual é a origem dessa informação. Mas na semana passada tivemos mais de 2.000 pedidos para o S/X e 5.000 para o s modelos 3”, escreveu ele em sua conta no Twitter.
Outro fato que ganhou repercussão no mercado foi a divulgação de que a Tesla enviou memorando a alguns de seus fornecedores pedindo que devolvam parte do que ela gastou no passado para que se tornasse lucrativa. O documento acabou gerando mais dúvidas sobre a posição de caixa da Tesla, que gasta US$ 1 bilhão por trimestre para fabricar seus carros.
A empresa se comprometeu a reduzir os gastos, previstos para este ano para US$ 3 bilhões, US$ 400 milhões a menos do registrado em 2017. No primeiro trimestre, os prejuízos foram de US$ 710 milhões, o quinto trimestre consecutivo de perdas. Apesar dos resultados negativos, Musk tem dito que não quer captar dinheiro no mercado, reafirmando que a empresa deve mostrar um fluxo positivo de caixa com a continuidade da produção semanal acima das 5 mil unidades do Modelo 3, e registrar lucro no segundo semestre de 2018.
O sobe e desce das ações da Tesla
(Em US$)
20/06 362,22
25/06 333,01
28/06 349,93
06/07 308,90
10/07 322,47
17/07 322,69
20/07 313,58
23/07 303,20
Fonte: Nasdaq