A parcela dos financiamentos imobiliários destinada à construção dos imóveis ficou menor nos últimos anos. Dados do Banco Central mostram que a cada R$ 100 desembolsados, R$ 19 foram para a construção, o que inclui empréstimos para compra de material de construção e reformas. O restante foi direcionado para a aquisição de imóveis por famílias ou empresas.
Em 2014 e 2015, a parcela destinada à construção era de 28%. Para reduzir a resistência dos bancos em oferecer mais crédito às construtoras e incorporadoras, o setor negocia com o governo medidas para diminuir o risco do crédito. Entre elas está o uso do chamado patrimônio de afetação - quando o empreendimento é constituído legalmente separado da construtora, com CNPJ e contabilidade próprios - em casos de recuperação judicial e a contratação de seguros de términos da obra.
"Temos um mercado ansioso por compra de imóveis, mas não estamos conseguindo entregar por falta de crédito", diz José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção. No primeiro trimestre (número mais atualizado), as vendas superaram os lançamentos em 14 mil imóveis, o que fez com que houvesse redução de 15% no estoque de unidades habitacionais, para 123 mil.
Martins considera insuficientes as medidas adotadas pelo governo nesta semana para tentar destravar o crédito imobiliário, como a ampliação do uso do FGTS na compra de imóvel de até R$ 1,5 milhão. "Não adianta financiar apenas os compradores se a construtora não tem como erguer o empreendimento."
A indústria da construção marcou uma sabatina com os candidatos à Presidência na segunda-feira, quando apresentará os principais pedidos do setor, que, além do crédito para as empresas, incluem a retomada de obras inacabadas.
Para o programa Minha Casa Minha Vida, o setor espera que seja permitido construir empreendimentos mistos para as faixas 1 (para famílias que ganham até R$ 1,8 mil por mês) e 1,5 (para famílias com renda de até R$ 2,6 mil mensais), com o aumento das prestações que os beneficiários da faixa 1 pagam.
Nessa modalidade, o Orçamento da União banca até 90% do valor do imóvel. Na faixa 1,5, as famílias têm desconto de até R$ 45 mil na aquisição do imóvel, de acordo com localidade e renda. Os juros do financiamento também são subsidiados, mas 90% do subsídio é dado pelo FGTS; só 10% são da União. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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