As concessões de aeroportos à iniciativa privada no Brasil prejudicaram a aviação geral - que engloba todas as operações que não sejam regulares (de linhas aéreas) ou militares - e também a aviação executiva, um de seus principais braços, avaliou Flávio Pires, diretor-geral da Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag). De acordo com o dirigente, essa é uma preocupação que já foi levada pela associação à Secretaria de Aviação Civil (SAC), ligada ao Ministério dos Transportes.
A entidade que representa a aviação geral brasileira engrossa o coro da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês), que agrega cerca de 280 companhias aéreas e também tem feito críticas ao processo de privatização da infraestrutura aeroportuária em todo o mundo.
Conforme um diagnóstico divulgado pela Iata em junho, as privatizações de aeroportos ao redor do mundo, inclusive no Brasil, encareceram os serviços aos usuários (aéreas e viajantes, os consumidores finais) e não trouxeram ganhos de eficiência substanciais. A associação não se posiciona contra as privatizações em si, mas defende que os modelos atuais precisam ser repensados, já que, em sua avaliação, as vendas ou concessões de aeroportos têm servido principalmente para gerar caixa aos governos, e não para beneficiar o setor e a população.
Segundo a Abag, a aviação geral foi prejudicada pelas concessões brasileiras tanto na ponta operacional nas áreas aeroportuárias, quanto em termos de custo. Entre os terminais problemáticos, ele cita Guarulhos, Galeão e Brasília.
Flávio Pires disse que entende como "legítima" a intenção de aumentar os preços. "É a lojinha dele, ele (o operador aeroportuário) vai cobrar mais de quem puder", afirma. Entretanto, ele se diz contrário ao modelo de privatização que vem sendo utilizado pelo governo e destacou que, em conversas com a SAC, a associação tem defendido que prefere compartilhar a infraestrutura atual com a aviação comercial, e não requer necessariamente uma infraestrutura própria.
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