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Estado de Minas

Empresários debatem, em São Paulo, alternativas para mudar o país

Fundadores do movimento "Você Muda o Brasil", empresários e representantes da sociedade civil discutem a participação dos brasileiros na transformação


postado em 24/08/2018 06:00 / atualizado em 24/08/2018 07:42

O presidente do conselho da MRV Rubens Menin defende união para discutir propostas para o Brasil(foto: Marcos Vieira/EM/D.A Prerss)
O presidente do conselho da MRV Rubens Menin defende união para discutir propostas para o Brasil (foto: Marcos Vieira/EM/D.A Prerss)

São Paulo – O vazio deixado pela política e o desinteresse da sociedade motivaram um grupo de empresários e representantes da sociedade civil a discutir nos últimos anos formas de estimular o brasileiro a participar da tomada de decisões do país. Na segunda-feira, ocorre em São Paulo um encontro que vai debater alternativas para dar protagonismo à população em um período tão importante como o das eleições de outubro.

O evento “Você Muda o Brasil” será dividido em três painéis, dos quais vão participar os empresários e executivos Luiza Helena Trajano (presidente do conselho de administração do Magazine Luiza), Betania Tanure (sócia-fundadora da Betania Tanure Associados), Pedro Passos (cofundador da Natura), Paulo Kakinoff (presidente da Gol Linhas Aéreas), Pedro Wongtschowski (presidente do conselho de administração da Ultrapar), Rubens Menin (presidente do conselho de administração da MRV) e Walter Schalka (presidente da Suzano Papel e Celulose).

Também fazem parte da programação de debates Fabio Barbosa (presidente do Centro de Liderança Pública e do Instituto Empreender Endeavor), Jair Ribeiro (presidente do Parceiros da Educação), Mario Sergio Cortella (professor, escritor e filósofo), Mayana Zatz (geneticista), Silvio Meira (professor, fundador e presidente do conselho de administração do Porto Digital), Priscilla Cruz da Fonseca (presidente do Todos Pela Educação) – representantes da sociedade civil, da academia e ONGs ligadas à educação.

O encerramento do encontro será feito pela ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). As discussões, que acontecerão durante toda a manhã, terão três eixos: “A urgência do futuro”, “Educação e ética para a transformação do país” e “Sociedade civil protagonista do desenvolvimento”.

PerÍOdo difícil

Presidente do conselho de administração da MRV, Rubens Menin diz que a participação empresarial e da sociedade civil em um período tão difícil do país era necessária como forma de compensar o comportamento “omisso adotado até agora”. “O grupo faz um mea culpa, particularmente o empresariado, por essa omissão, essa falta de participação nas discussões de temas importantes para o Brasil.”

Apesar de saber das desconfianças que podem surgir em relação ao empresariado, Menin prega a união da sociedade. “O Brasil tem de ser bom para todo mundo, não dá para funcionar na base do nós e eles. Daí a importância de termos isso como um propósito. Uma nação não se torna desenvolvida na base da desunião, das disputas internas. Essa união deve vir de interesses convergentes”, acredita o empresário.

Para Menin, cabe à iniciativa privada se voltar aos interesses gerais. Agora, com as eleições, ele acredita que seja um momento necessário para canalizar as atuais demandas. “A sociedade está machucada. Por isso precisamos que a renovação política seja para melhor, com o propósito de união, de interesse coletivo. Nosso grupo acredita que a melhor forma disso acontecer é mexer com a sociedade para que ela faça a melhor escolha.”

Voto consciente

Paulo Kakinoff, da Gol, um dos debatedores, diz que o movimento nasceu com a proposta de união de diferentes setores. “Temos a convicção de que todos os segmentos da sociedade podem e devem se unir na construção do país que a maioria esmagadora da população deseja. Uma das formas de a iniciativa privada atuar nesse processo é estimular a mobilização popular em defesa, por exemplo, do voto consciente. Essa é uma das nossas principais causas”, explica.

Na análise do executivo da Gol, a tendência é que os brasileiros queiram cada vez mais fazer parte da tomada de grandes decisões que afetam o país e que movimentos como esse ganhem mais adesões conforme o espírito de luta coletiva aumentar.

“Essa participação vai crescer à medida que as pessoas forem percebendo que a inquietação delas é também a de muitos outros brasileiros. Não é que a participação seja pequena. Ela talvez não esteja aglutinada. Também constatamos que temas caros à sociedade, como cidadania, educação e civismo, por vezes não são discutidos de forma mais aprofundada. Promover este fórum de ideias e debates é um dos objetivos do evento”, explica Kakinoff.

Walter Schalka, outro debatedor, acredita que o caminho para mudanças no atual quadro é por meio da participação. O protagonismo da sociedade, opina o executivo da Suzano, é a melhor forma de avançar para ter “um país melhor, mais justo e mais ético”. “Mas não podemos mais nos resignar com situações que estão em desacordo com o que desejamos para o país. Precisamos nos unir para que o que desejamos seja colocado em prática.”

O surgimento de ambientes de discussão como o “Você Muda o Brasil”, iniciado há cerca de dois anos, tem sido visto como um contraponto ao descontentamento de uma parcela crescente da população com a atual situação do país. Esse dissabor é visto não apenas nas redes sociais, nas conversas em família ou na mesa de bar.

Desconfiança

As principais instituições brasileiras têm visto sua credibilidade encolher nos últimos anos e cada vez menos conseguem despertar a confiança da população. É o que mostram pesquisas como o Índice de Confiança na Justiça de 2017, feita pela Escola de Direito de São Paulo, da Fundação Getulio Vargas (FGV-SP), que revelou uma queda na confiança da população em praticamente todas as instituições analisadas, na comparação com o relatório de 2016. As que sofreram as quedas mais acentuadas foram o Poder Executivo (45%) e o Congresso Nacional (30%).

Já enquete do Datafolha, divulgada em junho passado, aponta que de cada dez entrevistados, sete (68%) declararam não confiar nos partidos políticos, 67% não confiam no Congresso (o mais alto índice da série histórica) e 64% têm o mesmo sentimento em relação à Presidência da República. Entre 10 instituições, as três relacionadas ao universo da representação política lideram empatadas como as menos confiáveis do país. As taxas de confiança registradas para as mesmas instituições foram, respectivamente, 31% (2% confia muito e 28% um pouco), 31% (3% confia muito e 28% um pouco) e 34% (5% confia muito e 29% um pouco). Por outro lado, as Forças Armadas foram avaliadas como a instituição mais confiável (78%).

Alavanca de transformação

Betania Tanure, uma das organizadoras do grupo “Você Muda o Brasil”, conta que a iniciativa surgiu da preocupação com o momento do país. Os participantes identificaram uma oportunidade de fazer reflexões sobre possíveis saídas. Uma delas, explica, é o protagonismo da sociedade por meio do voto consciente. “Não se trata de uma reação pós-impeachment ou ao que surgiu com a Lava-Jato, mas um amadurecimento do empresariado, reunido em um grupo totalmente apartidário, onde não se faz a defesa de empresas ou de setores. A alavanca é o Brasil”, conta. O compromisso do movimento vai até as próximas eleições, mas não é descartada a possibilidade de os encontros continuarem a acontecer. “O que queremos agora é contribuir com mais elementos para que o cidadão comum avance no seu papel e faça parte das mudanças que o país tanto precisa”, completa Betania.

 


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