São Paulo – A Berkshire Hathaway, do megainvestidor americano Warren Buffett, acaba de fazer uma rara incursão num país emergente ao comprar uma participação na One97 Communications, dona da maior plataforma de pagamentos digitais da Índia, a Paytm. Trata-se da primeira aquisição de Buffett no país e uma grande surpresa considerando que um dos homens mais ricos do mundo sempre olhou com desconfiança para os mercados fora do tradicional circuito Estados Unidos-Europa-China.
O investimento para a compra de 4% da empresa ficou em torno de US$ 360 milhões, sendo que a companhia indiana foi avaliada em US$ 10 bilhões. A notícia foi dada em primeira mão pelo jornal indiano Economic Times, que destacou com orgulho o fato de uma empresa local atrair um investidor do porte de Buffett. Ele, afinal, não costuma errar em seu faro para bons negócios. Ao fazer um aporte desse tipo, o americano dá uma espécie de chancela para que outros investidores também possam apostar na empresa. Depois da publicação no jornal, a Berkshire confirmou a operação, mas não os valores envolvidos.
Fundada em 2010 pelo bilionário Vijay Shekhar Sharma, considerado um gênio da tecnologia digital e famoso por algumas excentricidades (como acordar às 3h para trabalhar), a Paytm já tem investidores de peso como o japonês SoftBank – que investiu US$ 1,4 bilhão na holding ano passado – e a chinesa Alibaba, a maior empresa de e-commerce do mundo. O que torna a indiana Paytm atraente é o fato de a empresa oferecer um sistema de pagamentos para o e-commerce e uma carteira digital para transações no mundo físico – modelo bastante parecido com o do Alibaba e do Alipay, dois casos irrefutáveis de sucesso.
Ao que parece, a Paytm seguirá pelo mesmo caminho. Desde a sua fundação, o crescimento da empresa foi estrondoso: são 250 milhões de usuários registrados e 7 milhões de transações processadas por dia. Desde 2016, a empresa vê o número de usuários avançar a uma taxa média de 20% ao ano, o que faz supor que em breve ela vai ultrapassar a marca de 300 milhões de clientes ativos.
A Paytm também está investindo para aprofundar seu ecossistema de negócios: no ano passado, lançou um marketplace (o Paytm Mall) para competir com a Amazon e com a conterrânea Flipkart (comprada pelo Walmart no início deste ano), além de um banco digital, o Paytm Payments Bank. Em abril, o Alibaba e o Softbank injetaram US$ 445 milhões no Paytm Mall, dando ao marketplace um valuation de quase US$ 2 bilhões.
Nos negócios, uma boa dose de sorte também costuma fazer a diferença. Foi o que aconteceu com a Paytm. Em novembro de 2016, o governo da Índia decidiu recolher as notas de 500 e mil rúpias, cortando 86% de todo o meio circulante. A ideia era combater a corrupção e o mercado negro, que tinham boa parte de seu movimento sustentada por essas cédulas.
A inesperada iniciativa do governo indiano criou um terreno fértil para o crescimento de alternativas digitais de pagamento, como as oferecidas pela Paytm. A empresa aliou a competência ao senso de oportunidade e nadou de braçada diante do novo mundo que se abria. Com uma ampla campanha publicitária, focada principalmente nas regiões rurais do país – sempre esquecidas pelas instituições tradicionais –, a empresa conseguiu dobrar suas transações diárias em poucos dias. “Do dia para a noite, passamos de algo novo para uma necessidade para a sociedade”, disse Vijay Sharma, o fundador da companhia, em rara entrevista concedida à Bloomberg.
As perspectivas para a empresa são animadoras. Segundo o Credit Suisse, a indústria indiana de pagamentos digitais deve quintuplicar seu faturamento até 2023, quando poderá atingir a marca de US$ 1 trilhão por ano em negócios realizados. Se isso de fato acontecer – e é bem provável que acontecerá – Buffett terá mais uma vez acertado em cheio.
O que é a Paytm
Ramo: maior plataforma de pagamentos digitais da Índia
Valor de mercado: US$ 10 bilhões
Número de usuários: 250 milhões
Número de transações por dia: 7 milhões
Fundador: Vijay Shekhar Sharma, dono de fortuna estimada em
US$ 1,3 bilhão, o que faz dele o mais jovem bilionário da Índia
Quanto Buffett investiu no negócio: US$ 360 milhões
O investimento para a compra de 4% da empresa ficou em torno de US$ 360 milhões, sendo que a companhia indiana foi avaliada em US$ 10 bilhões. A notícia foi dada em primeira mão pelo jornal indiano Economic Times, que destacou com orgulho o fato de uma empresa local atrair um investidor do porte de Buffett. Ele, afinal, não costuma errar em seu faro para bons negócios. Ao fazer um aporte desse tipo, o americano dá uma espécie de chancela para que outros investidores também possam apostar na empresa. Depois da publicação no jornal, a Berkshire confirmou a operação, mas não os valores envolvidos.
Fundada em 2010 pelo bilionário Vijay Shekhar Sharma, considerado um gênio da tecnologia digital e famoso por algumas excentricidades (como acordar às 3h para trabalhar), a Paytm já tem investidores de peso como o japonês SoftBank – que investiu US$ 1,4 bilhão na holding ano passado – e a chinesa Alibaba, a maior empresa de e-commerce do mundo. O que torna a indiana Paytm atraente é o fato de a empresa oferecer um sistema de pagamentos para o e-commerce e uma carteira digital para transações no mundo físico – modelo bastante parecido com o do Alibaba e do Alipay, dois casos irrefutáveis de sucesso.
Ao que parece, a Paytm seguirá pelo mesmo caminho. Desde a sua fundação, o crescimento da empresa foi estrondoso: são 250 milhões de usuários registrados e 7 milhões de transações processadas por dia. Desde 2016, a empresa vê o número de usuários avançar a uma taxa média de 20% ao ano, o que faz supor que em breve ela vai ultrapassar a marca de 300 milhões de clientes ativos.
A Paytm também está investindo para aprofundar seu ecossistema de negócios: no ano passado, lançou um marketplace (o Paytm Mall) para competir com a Amazon e com a conterrânea Flipkart (comprada pelo Walmart no início deste ano), além de um banco digital, o Paytm Payments Bank. Em abril, o Alibaba e o Softbank injetaram US$ 445 milhões no Paytm Mall, dando ao marketplace um valuation de quase US$ 2 bilhões.
Nos negócios, uma boa dose de sorte também costuma fazer a diferença. Foi o que aconteceu com a Paytm. Em novembro de 2016, o governo da Índia decidiu recolher as notas de 500 e mil rúpias, cortando 86% de todo o meio circulante. A ideia era combater a corrupção e o mercado negro, que tinham boa parte de seu movimento sustentada por essas cédulas.
A inesperada iniciativa do governo indiano criou um terreno fértil para o crescimento de alternativas digitais de pagamento, como as oferecidas pela Paytm. A empresa aliou a competência ao senso de oportunidade e nadou de braçada diante do novo mundo que se abria. Com uma ampla campanha publicitária, focada principalmente nas regiões rurais do país – sempre esquecidas pelas instituições tradicionais –, a empresa conseguiu dobrar suas transações diárias em poucos dias. “Do dia para a noite, passamos de algo novo para uma necessidade para a sociedade”, disse Vijay Sharma, o fundador da companhia, em rara entrevista concedida à Bloomberg.
As perspectivas para a empresa são animadoras. Segundo o Credit Suisse, a indústria indiana de pagamentos digitais deve quintuplicar seu faturamento até 2023, quando poderá atingir a marca de US$ 1 trilhão por ano em negócios realizados. Se isso de fato acontecer – e é bem provável que acontecerá – Buffett terá mais uma vez acertado em cheio.
O que é a Paytm
Ramo: maior plataforma de pagamentos digitais da Índia
Valor de mercado: US$ 10 bilhões
Número de usuários: 250 milhões
Número de transações por dia: 7 milhões
Fundador: Vijay Shekhar Sharma, dono de fortuna estimada em
US$ 1,3 bilhão, o que faz dele o mais jovem bilionário da Índia
Quanto Buffett investiu no negócio: US$ 360 milhões