São Paulo – Lutando para turbinar sua operação digital, a CVC está nomeando para seu conselho três executivos com forte experiência na área: Cristina Junqueira, co-fundadora do Nubank; Eduardo Pontes, co-fundador da Stone Pagamentos; e Deli Koki Matsuo, um veterano de RH que já trabalhou no Google. O grupo deve ser confirmada pelos acionistas na assembleia geral extraordinária marcada para o início de novembro.
Além de seu conhecimento na área financeira, sua maior contribuição para a CVC deve ser a expertise no relacionamento de uma marca com o público millennial, aquela geração que nasceu nos anos 1980 e que tem modificado os seus hábitos de consumo (ela está à frente da área de marketing e operações do Nubank desde a fundação).
Matsuo foi diretor de RH do Google de 2006 até 2011, tento liderado a área na América Latina, no Japão e, por último, no Vale do Silício. Depois, passou pela RBS, onde ficou até 2014. Naquele ano, fundou a Appus, uma startup que usa o sistema big data para desenvolver soluções dirigidas a empresas que buscam entender melhor seus funcionários.
A experiência de Matsuo deve ajudar a CVC a identificar e atrair talentos do mundo digital. Ele mora em Boston, onde lidera a área de RH da Celtra, uma plataforma americana de publicidade digital. Eduardo Pontes é um dos fundadores da Stone e vai imprimir sua experiência em pagamentos digitais. Recentemente, ele deixou o cargo de CEO para se tornar o vice- chairman da Stone, que está preparando seu IPO (oferta inicial de ações, na tradução para o português).
O movimento da CVC surge num momento em que a empresa está buscando aumentar suas vendas on-line e enfrentar concorrentes como Decolar e Hotel Urbano, agora renomeado Hurb. No segmento B2C – que define aquelas transações entre as empresas e os seus consumidores finais –, cerca de 15% dos bookings da CVC são feitos pela internet. Em seu balanço relativo ao último trimestre publicado, a receita com as vendas digitais cresceu mais de 36%, frente a expansão de 4,5% nas vendas das lojas físicas.
A investida da CVC no mundo digital começou em 2015 com a compra da Submarino Viagens. A empresa passou os últimos anos tentando estimular e valorizar o ativo, e só ganhou tração recentemente. A conversão de vendas (fatia dos usuários que entram no site e que, de fato, realizam alguma compra) cresceu 45% no segundo trimestre, na comparação anual; e o mix de vendas on-line – que no ano passado era de 92% de passagens aéreas e apenas 8% de pacotes e reservas em hotéis –- passou para 78% e 22%, respectivamente. Na venda de pacotes, a empresa consegue margem maior.
Estão deixando o board da CVC os conselheiros Marilia Rocca, Eduardo Garcia e Pedro Janot, além de Guilherme Paulus, o fundador da companhia, afastado do cargo desde março, após ser alvo de investigações da Polícia Federal. Em janeiro de 2019, o CEO Luiz Eduardo Falco deixará o cargo de CEO, quando será substituído pelo atual CFO, Luiz Fernando Fogaça. Silvio Genesini, hoje vice-chairman da CVC, presidirá o conselho até o fim do ano (na ausência de Paulus) e voltará a ser vice- chairman em janeiro, quando Falco assumirá a presidência do conselho.
. QUANTO CRESCERAM
36%
Foi o avanço das vendas digitais da CVC, de acordo com balanço do último trimestre
4,5%
Foi o aumento dos negócios das lojas
físicas da CVC, com base no balanço do último trimestre
Iniciativa da CVC surge em busca
de aumento dos negócios, na
briga com os concorrentes
Decolar e Hotel Urbano