A saúde financeira das empresas ainda não transbordou para a atividade econômica. No segundo trimestre, o lucro das companhias de capital aberto avançou 22% na comparação com o mesmo período do ano passado (excluindo Petrobras e Eletrobras), segundo a Economatica. O total, de R$ 26 bilhões, é mais do que as empresas lucraram no ano passado inteiro (mesmo incluindo as duas estatais).
Na contrapartida, o Produto Interno Bruto (PIB) ficou praticamente estagnado no período, com avanço de 0,2% ante o primeiro trimestre do ano e alta de 1% na comparação com 2017. O consumo das famílias ficou estável (0,1%), pressionado pelo ainda elevado desemprego e também pela greve dos caminhoneiros, que elevou a inflação.
"Esse descolamento acontece porque o ajuste das empresas não se deu por aumento de receita, o que indicaria aumento do consumo, mas por redução de despesas - além da queda dos juros, que derrubou os gastos das companhias com a dívida", explica Piellusch, da FIA.
Segundo levantamento do professor, do segundo trimestre do ano passado para o mesmo período em 2018, as despesas das empresas cresceram num ritmo menor que a receita - 7% ante 12%. Além disso, a despesa financeira, com a queda da Selic, recuou 21%.
Dividendos x investimento. Outro ponto observado pelos analistas é a freada dos investimentos à espera da definição eleitoral. Como não investem, as companhias distribuem os lucros aos investidores- o que parece uma boa notícia, mas esconde grande cautela. "No momento de muita incerteza, a empresa distribui dividendo acima do normal", diz Carlos Heitor Campani, da Coppead/UFRJ.
Foi o que aconteceu em 2018. Segundo levantamento da Economatica, nos últimos 12 meses até julho, a média do ganho dos acionistas com dividendos e juros sobre capital próprio foi a maior desde 2010. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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