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Estado de Minas

E-commerce atropela varejo; Sears é a mais nova "vítima"

Falências e pedidos de recuperação judicial crescem nos Estados Unidos. Para especialistas, incapacidade de se ajustar à concorrência digital poderá levar empresas ao "efeito Kodak"


postado em 17/10/2018 06:00 / atualizado em 17/10/2018 09:29

A Sears é a vítima mais recente da crise. Fundada em 1886, ela não teve alternativa a não ser recorrer à lei de proteção contra credores(foto: Mario Tama/Getty Images/AFP 15/10/18)
A Sears é a vítima mais recente da crise. Fundada em 1886, ela não teve alternativa a não ser recorrer à lei de proteção contra credores (foto: Mario Tama/Getty Images/AFP 15/10/18)

São Paulo – Sears, Tops Markets, Toys “R” Us e Blockbuster. O que há em comum entre essas redes varejistas americanas? Todas ficaram em apuros, com pedido de recuperação judicial, ou fecharam as portas porque foram engolidas pelo crescimento do e-commerce, especialmente a Amazon.

A vítima mais recente foi a centenária Sears, fundada em 1886. Ela não teve alternativa a não ser recorrer à lei de proteção contra credores, o artigo 11 da lei americana, com o objetivo de tentar organizar a casa e evitar a falência. Trata-se de um mecanismo semelhante à concordata ou com o pedido de recuperação judicial existente da legislação brasileira.

A empresa deve US$ 11,3 bilhões. “O plano de reestruturação e a renegociação das dívidas junto aos credores foram as únicas alternativas para evitar a completa falência da companhia”, argumentou o presidente da Sears Holdings, Edward S. Lampert, em entrevista ao The New York Times. “Agora, teremos flexibilidade e prazo para ajustar a empresa a uma nova realidade.”  

Mesmo empresas como a rede de produtos de brinquedos Toys “R” Us, que resistiu em mergulhar no mundo virtual por acreditar que criança não compra pela internet, teve de fechar as portas neste ano. Um grupo de credores chegou a propor à Justiça americana o ressurgimento da marca, com um formato de operação misto, com lojas físicas e sites. As propostas ainda estão sendo analisadas e dependem da aprovação de órgãos reguladores de outros países, como Reino Unido, Austrália, Portugal e Espanha.

Enquanto a definição não sai, outras empresas acusam de forma incisiva os efeitos da Amazon em suas operações. A quase falida rede de supermercados Tops Markets culpou a competição da Amazon e outras rivais de custo mais baixo como as responsáveis pelo encerramento de grande parte de suas atividades neste ano.

A rede, que já teve mais de 800 endereços antes de 2013, possui 169 lojas nos estados de Nova York, Pensilvânia e Vermont. Segundo a empresa, todas continuarão operando normalmente enquanto a empresa propõe seu plano de reestruturação, graças a uma linha de financiamento de US$ 265 milhões liberada pelo fundo de private equity do Morgan Stanley.

“Na economia de hoje, o velho conhecido ‘efeito Kodak’ pode ser chamado de ‘efeito Amazon’”, afirma Kevin Thomas, analista de varejo do banco americano Wells Fargo. “As empresas que não conseguiram se ajustar aos novos hábitos de consumo e de modelos de distribuição vão minguar e até desaparecer.”

De forma geral, o varejo tradicional está sofrendo tanto nos Estados Unidos quanto em outros países, em razão principalmente da concorrência com o comércio eletrônico. Levantamento feito pelo braço de pesquisas da agência de notícias Business Insider mostra que o varejo físico dos Estados Unidos está passando por um período difícil, afetando os negócios tanto dos shopping centers quanto das marcas mais conhecidas.

Apenas em 2017, grandes marcas fecharam as portas de 6,3 mil estabelecimentos. Entre as que lideraram os fechamentos está a grife RadioShack, com 1.430 lojas extintas. O número de fechamentos já representa quase 50% do total da cadeia de lojas.

De acordo com a companhia, as operações descontinuadas são as menos rentáveis e com maior custo de operação, como aluguel e salários. Ainda nesta lista aparece a JCPenney, que fechou 138 unidades – que representam 14% do total de lojas da marca nos Estados Unidos.

Com esses fechamentos, mais de 5 mil pessoas foram demitidas. “Nós acreditamos que o fechamento de lojas nos permitirá fazer ajustes em nosso negócio para, efetivamente, competir com o crescimento das vendas on-line”, afirmou o presidente Marvin Ellison, em comunicado enviado ao mercado.


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