A Cielo, controlada por Bradesco e Banco do Brasil, confirmou, na manhã desta sexta-feira, 26, a nomeação de Paulo Caffarelli, presidente do BB, para comandar a adquirente a partir do dia 5 de novembro, conforme antecipou a Coluna do Broadcast.
Seu nome, de acordo com fato relevante enviado ao mercado, foi aprovado por unanimidade pelo conselho de administração da companhia. A posse efetiva do executivo depende de homologação por parte do Banco Central.
A Cielo ficou por mais de dois meses sem comando. Eduardo Gouveia alegou questões de foro pessoal e familiar para deixar em agosto a adquirente, após um ano e meio no cargo. Com a chegada de Caffarelli, a Cielo terá mais um novo presidente em menos de dois anos.
No documento, assinado pelo presidente do conselho de administração da Cielo, Marcelo Noronha, é destacado o trabalho que o executivo fez à frente do BB, marcado pelo foco na eficiência operacional da instituição, com resultados claros e positivos no sentido de maior obtenção de retorno a seus acionistas.
"Na Cielo, Caffarelli inicia sua jornada com todas as ferramentas necessárias para impulsionar as entregas e os resultados, com foco no incremento da competitividade e no contínuo investimento em inovação", diz o fato relevante.
Além disso, reforça que a Cielo "segue seu caminho, objetivando a manutenção de sua liderança no mercado brasileiro de meios de pagamentos, com a oferta mais completa e crescentemente competitiva de produtos e serviços a seus clientes."
Os conselheiros da Cielo, conforme o documento, manifestam "todo o apoio e desejam grande sucesso" a Caffarelli em sua nova empreitada, em um momento que classificam como "singular" do setor de meios de pagamentos eletrônicos no Brasil em meio ao acirramento deste mercado.
"Adicionalmente, os Conselheiros expressam o seu agradecimento ao Clovis Poggetti Jr. pelo empenho, dedicação e contribuição à Cielo durante o período de interinidade como diretor-presidente".
No BB, Caffarelli acumula mais de 30 anos como funcionário da instituição, tendo passado por cargos de vice-presidente de Cartões e Novos Negócios de Varejo, vice-presidente de Negócios de Atacado, Negócios Internacionais e Private Banking.
No setor de meios de pagamentos, Caffarelli ocupou a presidência da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito (Abecs) entre os anos de 2009 a 2012, como um dos interlocutores com o Banco Central para o desenvolvimento da autorregulação do setor. Foi, ainda, presidente do conselho de administração da Cielo.
Em outros setores, atuou como membro do conselho da Vale, em duas ocasiões, e outras empresas do BB nas áreas de gestão de recursos, previdência, capitalização e também o Banco Votorantim.
De acordo com fontes ouvidas pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, o principal desafio de Caffarelli será trazer a líder do setor de volta ao eixo em meio ao acirramento da concorrência.
Com o ataque de outros adquirentes como PagSeguro, do Uol, GetNet, do Santander, e Stone, que estreou nesta quinta-feira (25), na Nasdaq, a companhia teve seus resultados e volumes impactados. Pela primeira vez desde que abriu seu capital, em 2009, a Cielo verá seu lucro líquido encolher neste ano, conforme projeções de analistas. A adquirente deve ver seu lucro líquido pelo critério IFRS encolher 20,5% de julho a setembro, totalizando R$ 844 milhões, conforme o Prévias Broadcast.
A leitura do mercado é a de que a Cielo demorou a reagir à competição que aumentou sobremaneira nos últimos anos com novos entrantes, em linha com o desejo do Banco Central de aumentar a concorrência no mercado de meios de pagamentos eletrônicos.
Dentre seus erros, conforme fontes ouvidas pelo Broadcast, estão a manutenção de preços mais altos do que aqueles cobrados pelos novatos e ainda a ausência de uma oferta de produtos e serviços mais assertiva e simples para o lojista.
Como consequência da concorrência, mais agressiva, inclusive, do que em 2010, quando o mercado de adquirência no Brasil foi aberto para novos players, o market share da Cielo caiu para 45%, considerando seis adquirentes que abrem publicamente seus resultados. Era de 53% há dois anos.
Seu parque de maquininhas (POS, na sigla em inglês), que além do aumento da concorrência também foi impactado pela recessão no País que aumentou a mortalidade de lojistas, está em 1,6 milhão de terminais, ao passo que já chegou a ser de mais de 2 milhões, na mesma base de comparação.
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