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Estado de Minas

Dólar volta a ter alta e chega a R$ 3,70 após eleição

Moeda americana chegou a ser comercializada a R$ 3,58 mas fechou a R$ 3,70 depois que os investidores ajustaram cotações e realizaram lucros


postado em 30/10/2018 06:00 / atualizado em 30/10/2018 08:53

O índice Bovespa iniciou a segunda indicando um dia de otimismo mas acabou sofrendo forte correção no fim do pregão(foto: AFP PHOTO / Miguel SCHINCARIOL )
O índice Bovespa iniciou a segunda indicando um dia de otimismo mas acabou sofrendo forte correção no fim do pregão (foto: AFP PHOTO / Miguel SCHINCARIOL )

São Paulo – Após o dólar cair quase 10% no mês até a sexta-feira antes das eleições, os investidores tiraram a segunda-feira (29) para ajustar as cotações e realizar lucros, seguindo a confirmação da vitória de Jair Bolsonaro (PSL). O mercado externo mais adverso ajudou o movimento e a moeda americana bateu máximas na parte da tarde, no mesmo momento que os preços no exterior tiveram piora, por causa da promessa de mais taxas feitas pela Casa Branca em produtos da China comprados pelos Estados Unidos.

O dólar à vista fechou o dia em alta de 1,36%, a R$ 3,7022. Foi a maior variação desde o dia 11 de setembro, quando a moeda subiu 1,77%. Lá fora, o dólar teve forte alta no México (+3,5%) e também subiu perante outros emergentes, como África do Sul, Turquia e Argentina.


Logo na abertura, o dólar aqui chegou a cair para a mínima do dia, a R$ 3,5828, a menor cotação intraday desde o início de maio, influenciada pelo desmonte de algumas posições compradas no mercado futuro e entrada de fluxo externo, de acordo com operadores. Mas com a vitória de Bolsonaro praticamente incorporada nas cotações nas últimas semanas, a euforia com a confirmação do resultado nas urnas durou pouco e já de manhã a moeda reverteu a queda e passou a subir, com estrangeiros deixando a bolsa e buscando proteção no dólar em meio ao aumento da aversão ao risco no exterior. Mais cedo, duas agências de classificação de risco, Moody’s e Fitch, alertaram para a necessidade de reformas em 2019, sobretudo para o ajuste fiscal.


A analista para mercados emergentes do Commerzbank, You-Na Park, avalia que os investidores podem ter ficado otimistas demais com o cenário para o governo de Bolsonaro e agora pode haver espaço para decepção. Ela prevê uma pausa no rali recente no câmbio no Brasil e acredita que o dólar pode ir a R$ 3,90 nas próximas semanas, em meio a dúvidas sobre a agenda de medidas do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL).

A moeda só cairia para o nível de R$ 3,20 ao final de 2019 caso o governo consiga aprovar a reforma da Previdência, afirma a analista do Commerzbank, que tem sido uma das que mais acertam internacionalmente sobre as projeções da moeda brasileira. “Os mercados esperam muito de Bolsonaro e agora ele precisa confirmar que vai fazer reformas e que vai apoiar a agenda do economista Paulo Guedes”, disse ela. “Vejo o risco de que as expectativas do mercado podem sofrer decepções.”


O banco norte-americano Bank of America Merrill Lynch está mais otimista com o curto prazo. A previsão para o dólar ao final de 2018 foi cortada de R$ 3,90 para R$ 3,65 e para o ano que vem de R$ 3,88 para R$ 3,80. Os estrategistas destacam que agora o foco do mercado será na agenda econômica de Bolsonaro e seu futuro ministro Paulo Guedes.

Bolsa registra queda


São Paulo – O primeiro pregão do mercado brasileiro de ações após a eleição de Jair Bolsonaro (PSL) para a Presidência do País foi de intensa volatilidade. O Índice Bovespa iniciou ontem indicando um dia de otimismo e chegou a subir mais de 3% pela manhã. No entanto, a aversão ao risco no mercado internacional levou a uma forte correção. Ao final da sessão, o Ibovespa ficou em 83.796,71 pontos, com queda de 2,24. Em Wall Street, os índices de ações caíram em meio a informações de que os Estados Unidos se prepararam para impor mais sanções a US$ 257 bilhões em importações chinesas no início de dezembro, caso não haja acordo entre os presidentes dos EUA, Donald Trump, e da China, Xi Jinping, na cúpula do G-20.
“Depois de uma abertura mais forte, o mercado passou a realizar lucros, em um movimento iniciado pelos investidores que haviam montado posições compradas na última semana, principalmente na sexta-feira, se antecipando à vitória de Bolsonaro”, disse Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença Corretora. Isso acontece, segundo ele, devido ao fato de o capital na bolsa ainda ser essencialmente de curtíssimo prazo.


Internamente, o noticiário foi considerado escasso, por ter se concentrado mais nas repercussões da eleição do que em sinalizações do próximo governo. Para Mario Mariante, diretor de análises da Planner Corretora, o mercado deve ter a partir de agora uma nova dinâmica, com as atenções focadas nos nomes da equipe econômica e de presidentes de estatais.
“A reforma da Previdência volta a ser algo crucial para o médio prazo. O mercado estará atento às articulações do novo governo no Congresso e na velocidade com que ele conseguirá avançar nas reformas, uma vez que ele enfrentará resistências. Se começar a empurrar muito para a frente, o mercado tende a reagir com volatilidade”, afirmou.


Por outro lado, se o governo Bolsonaro conseguir sinalizar para uma pauta que favoreça a retomada da atividade, a expectativa é de que o mercado de ações consolide o tom otimista. “Os investidores estrangeiros preferiram reduzir sua participação na bolsa em outubro, atentos à questão eleitoral e ao risco externo A sinalização de retomada da economia deve fazer as empresas voltarem a investir, e acaba por trazer o capital externo de volta ao mercado brasileiro”, disse Mariante.
Na análise por ações, estiveram entre as principais quedas do dia as blue chips relacionadas a commodities, como Vale ON (-4,50%) e Petrobras ON e PN (-3,60% e 4,28%). As ações dos bancos caíram em bloco. Mesmo com o resultado desta segunda, o Ibovespa ainda acumula ganho de 5,61% em outubro.


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