Como o setor de saúde suplementar vem reagindo ao comportamento da economia e o alto índice de desempregados?
Sem empregabilidade o setor simplesmente não cresce, porque boa parte dos contratos são feitos por empresas para seus funcionários. Como consequência, o SUS fica sobrecarregado. Nossa expectativa é de que o país volte a crescer a taxas melhores a medida que as reformas forem feitas. Isso vai refletir no aumento do acesso aos planos de saúde. Estamos confiantes na Amil e mostramos isso ao agregar valor aos nossos serviços.
Como o setor pode reagir?
Com uma economia pujante. Sem isso continuaremos a ver o setor encolher. Essa é a oportunidade de debater alternativas para voltar a crescer. Um desses caminhos é por meio da inserção do conceito de qualidade do prestador de serviço na regulação do setor. Hoje o que prevalece é a pauta econômico-financeira. A sociedade deve debater mais. Foi o que vimos no caso da regulamentação para a coparticipação nos planos de saúde. Foi uma decisão atabalhoada da agência (Agência Nacional de Saúde Suplementar, a ANS), que acabou encontrando muita dificuldade e o que vimos foi o Judiciário entrando na briga. O caminho deveria ter sido outro, com mais diálogo.
Essa nova realidade, com menos pessoas no sistema privado, pode levar à adoção de outras mudanças pelo setor?
Hoje os usuários pagam por exames, por procedimentos, pela estadia no hospital, não pelo desfecho. Se o paciente faz uma operação de retirada de vesícula e tem uma complicação, ele é operado novamente e um novo valor é cobrado. Fica parecendo que estão torcendo pela complicação para ganhar mais. Isso acontece porque não existe esse compromisso com o desfecho do caso, tanto no poder público quanto na iniciativa privada.
Como essa realidade é influenciada pelo envelhecimento da população brasileira? O problema pode ficar maior?
Deveríamos estar discutindo com base em estudos que apontem quão efetivo foi um atendimento. As pessoas estão envelhecendo e vão recorrer mais aos serviços de saúde. Paralelamente a isso, estão sendo agregadas cada vez mais novas tecnologias, que têm um custo alto. Por isso os critérios para definição de preço e de reajuste deveriam também levar em consideração a efetividade de um tratamento.
É possível imaginar alternativas para que os planos de saúde custem menos?
Para isso, é preciso que a regulamentação mude. Na Espanha, por exemplo, há alternativas como os planos que garantem o atendimento de baixa complexidade. Se o paciente precisar de um transplante, por exemplo, será atendimento pelo sistema público. Isso desafoga o sistema público, que vai se especializar no serviço mais difícil.