O fim de ano sempre aparece para quem está em busca de uma colocação como oportunidade de conseguir se inserir novamente no mercado de trabalho. A motivação são as contratações temporárias que ocorrem no período. O cenário este ano, no entanto, não é animador.
O número de empresários que pretendem contratar reduziu de 27,1% em 2017 para 18,7% este ano, o que significa decréscimo de 31% em comparação com 2017. A esmagadora maioria, 81,3% não pretende contratar para suprir o aumento da demanda.
A única boa notícia é que dos lojistas que pretendem abrir postos temporários, pouco mais da metade (50,4%) devem contratar. Os dados constam de pesquisa da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH).
Segundo o levantamento da CDL, a o motivo do decréscimo é a 'recuperação lenta da economia que não foi suficiente para alavancar de forma significativa o consumo”. Os números mostram que na média os empresários devem contratar 3,5 empregados temporários, segundo apontou o levantamento.
A maior parte contratará de dois a quatro funcionários (46,1%). Os que vão incrementar a equipe com apenas 1 funcionário é de 28,4%, entre 5 e 7 (15,8%, de 8 a 10 (5,9%) e acima de 10 (3,8%).
“Ano passado (2017)n a gente vinha de um ano muito complicado, que foi 2016, aí a economia começou a reagir, então existia um cenário mais otimista. Já em 2018, começamos a crescer, tudo sinalizava nesse sentido, mas veio a greve dos caminhoneiros, o período das eleições e a alta do dólar”, afirmou Ana Paula Bastos, economista da CDL-BH.
Ainda de acordo com ela, o setor de serviços, base da economia da capital e região metropolitana, é um dos últimos a sair da crise, então os efeitos das instabilidades acabam afetando na demora da retomada da economia por aqui.
“Os juros estão menores, a taxa de desemprego está em desaceleração, mas muitas pessoas estão saindo dos empregos formais e indo para a informalidade ou subemprego” afirmou.
Entre os setores que pretendem contratar os destaques ficam por conta segmentos de supermercados e produtos alimentícios (4,7%), tecidos, vestuários, armarinhos e calçados (4,2%), artigos diversos (3,4%). Já papelarias e livrarias e outros totalizaram 2,1% cada.
O cargo de vendedor é o que mais terá oportunidades. A vaga deve acumular 69,5% dos postos , seguido por estoquistas (8,4%), caixa (7,5%), repositor (6,7%). Ainda integram a lista fiscal/vigia (5,9%) das vagas, auxiliar de loja (1,2%) e banho e tosa (0,8%).
Entre as formas de contratação, a indicação, segundo a pesquisa da CDL é a modalidade mais praticada.
Dificuldades para contratar
Apesar da pouca oferta de vagas, principalmente, em comparação com anos anteriores, os empresários reclamam que os candidatos às vagas apresentam empecilhos à contratação.
A falta de profissionalismo e responsabilidade é apontada por 42,7% dos lojistas como entraves para a efetivação. Na sequência aparece a falta de experiência (20,1%), falta de capacitação (17,4%) e os custos (4,3%). Para 13% não existe dificuldade em contratar. Outros não responderam (1,5%) e 0,8% apontaram o processo seletivo como entrave.
Para a economista da CDL, mesmo com o cenário de pessimismo a oportunidade deve ser encarada como maneira de entrar no mercado de trabalho. “As pessoas que forem contratadas devem aproveitar. Tem que ser proativo, ter disponibilidade. Sem dúvidas é uma boa oportunidade”, considera.
A pesquisa realizada pela CDL de BH ouviu 499 lojistas, por telefone, entre 4 e 24 de outubro em Belo Horizonte.