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Missão da cafeicultura brasileira é desbravar a China

Produção brasileira está ingressando no país asiático, tradicional consumidor de chá, mas que deverá assumir a liderança da demanda mundial pelo chamado ouro negro


postado em 08/11/2018 06:00 / atualizado em 08/11/2018 07:59


A China, motivo de polêmica recente aberta pelo presidente eleito Jair Bolsonaro, que criticou os investimentos da locomotiva asiática no país durante a campanha e depois voltou atrás prometendo aumentar o comércio com o parceiro nas exportações, surge como novo e grande desafio da cafeicultura brasileira. Carro-chefe das vendas de Minas e do Brasil no exterior, o chamado ‘ouro negro’ apenas começou a ingressar no mercado chinês, tradicional consumidor de chá, mas que deve se transformar no maior importador do mundo de café, segundo o presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins da Silva Júnior.

“Está havendo uma enorme mudança cultural na China e o país deve se tornar o maior consumidor do mundo em café, mas o Brasil precisa agregar valor ao seu produto (para ocupar esse mercado)”, disse o presidente da CNA, ao participar ontem, em Belo Horizonte, da Semana Internacional do Café (SIC), considerada um dos maiores eventos da cafeicultura no mundo. No campo do comércio exterior, João Martins diz esperar do novo governo de Bolsonaro uma política para fazer com que as embaixadas do Brasil no exterior sejam mais agressivas, não propriamente na diplomacia, mas como veículos de conquista de mercados.

“Queremos mais negociadores e menos diplomatas”, afirmou o presidente da CNA. A produção brasileira de café é exportada para vários países, mas, em especial, ao Japão, Bélgica, Estados Unidos e Alemanha. O presidente da Comissão Nacional de Café da CNA, Breno Mesquita, destacou, durante o evento, que está sendo realizado no centro de convenções Expominas, em BH, que as economias maduras da Europa e dos Estados Unidos também vão continuar consumindo o café do Brasil. “Estamos tendo respostas do investimento feito no passado de países do Leste Europeu, como Rússia e Escandinávia, ou seja, o café do Brasil é hoje diluído ao longo do mundo na sua quantidade.

Mesquista disse que o produto nacional tem qualidade e quantidade necessárias para entrega, diferentemente de qualquer outro país no mundo. Volumes do grão não vão faltar ao país. O Brasil deve colher ao redor de 58 milhões de sacas, das quais 53% de café produzido em Minas (30,7 milhões de sacas), nas estimativas da Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg). O presidente da Faemg, Roberto Simões tem observado que o setor pode aumentar a produção.

Presença mundial

“Acho que a posição nossa a respeito de café e mesmo de outras commodities, outros produtos do agro, é uma posição tranquila, porque não há competidor à altura do Brasil, pelo volume, pela qualidade e o futuro que nós temos”, afirmou o presidente da Faemg, durante a solenidade de abertura da Semana Internacional do Café. O evento reunirá até amanhã mais de 180 expositores, entre cafeicultores, indústria torrefadora e produtores de equipamentos, além de 300 compradores internacionais.

A expectativa dos organizadores é de público de mais de 20 mil visitantes. A SIC é uma iniciativa do Sistema Faemg, Café Editora, Sebrae e governo de Minas, por meio da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) e Codemge. São 25 eventos simultâneos previstos na programação, incluindo quatro campeonatos mundiais de baristas e harmonização de cafés, disputados por 160 profissionais de 40 países. Mais de 400 amostras de café serão apreciadas e avaliadas durante o festival, que conta com representação de 60 países.
Semana Internacional do Café reúne em BH 300 compradores e 180 expositores, além de campeonatos de baristas e degustação(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press )
Semana Internacional do Café reúne em BH 300 compradores e 180 expositores, além de campeonatos de baristas e degustação (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press )


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