A geração de 1,108 milhão de vagas no mercado de trabalho no trimestre encerrado em novembro foi ajudada pela contratação de temporários para as eleições e para o período de promoções da Black Friday no comércio, contou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No trimestre até novembro, o setor de Outros serviços registrou abertura de 202 mil vagas, o que inclui as atividades voltadas ao embelezamento e as contratações de cabos eleitorais, enquanto o segmento de Informação, comunicação e atividades financeiras absorveu mais 281 mil trabalhadores, incluindo os envolvidos na confecção de pesquisas eleitorais. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgados nesta sexta-feira, 28, pelo IBGE.
"O resultado (da taxa de desemprego) tem efeito de eleições em outubro e de Black Friday em novembro", disse Azeredo. "É muito provável que seja (vínculo de trabalho) informal. É contrato que é feito com a pessoa que realiza o trabalho e pronto, temporário. A carteira assinada não mostra nenhum resquício de aumento", completou.
O comércio, que costuma reforçar o quadro de funcionários na reta final do ano, contratou 266 mil trabalhadores no trimestre até novembro ante o trimestre até agosto. A construção criou 140 mil vagas no período. Os demais setores com geração de vagas foram administração pública, defesa, seguridade social, educação e saúde (+256 mil vagas), alojamento e alimentação (+163 mil) e transporte, armazenagem e correio (+44 mil vagas).
Por outro lado, houve corte de pessoal na indústria (-102 mil), agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (-92 mil) e nos serviços domésticos (-41 mil empregos).
A taxa de desemprego saiu de 12,1% no trimestre até agosto para 11,6% no trimestre até novembro.
A população ocupada subiu para 93,189 milhões. Para Azeredo, a geração de vagas é uma notícia interessante, positiva e favorável, porque o mercado de trabalho "se movimenta de alguma forma". No entanto, a geração de vagas é sazonal, uma característica de fim de ano, e praticamente todos os novos trabalhadores foram para a informalidade.
"Essas pessoas não têm nenhum tipo de garantia. Se elas perderem emprego, ficam sem amparo algum", ressaltou o coordenador do IBGE.
O total de pessoas atuando sem carteira assinada no setor privado desceu ao menor patamar da série, 32,962 milhões no trimestre até novembro. O porcentual de trabalhadores ocupados contribuindo para a Previdência desceu a 63,0%, o menor patamar desde o trimestre encerrado em agosto de 2013.
"A informalidade é uma forma de sobrevivência, mas tem um prejuízo muito grande para a sociedade no curto, médio e longo prazos. Essas pessoas não estão contribuindo para a Previdência. Essa informalidade hoje que está sustentando o mercado (de trabalho) é a informalidade de rua, informalidade de ambulante. É muito prejudicial. A carteira de trabalho assinada tem papel muito importante na vida do brasileiro, é como um passaporte para a cidadania", concluiu Azeredo.
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