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Estado de Minas

Para fugir dos aumentos, pais trocam e reciclam material escolar

Variações de preços nas papelarias de BH passam de 400%, impondo a necessidade de detalhada pesquisa antes da compra, e muita negociação por descontos e reutilização


postado em 15/01/2019 06:00 / atualizado em 15/01/2019 07:44

Foi Júlia Piló, aos 10 anos, quem decidiu ajudar a mãe, Patrícia, pedindo o material como presente de Natal(foto: Túlio Santos/EM/D.A Press )
Foi Júlia Piló, aos 10 anos, quem decidiu ajudar a mãe, Patrícia, pedindo o material como presente de Natal (foto: Túlio Santos/EM/D.A Press )

Negociar em grupos de pais de alunos no whatsApp, reutilizar livros usados, pagar à vista com desconto, unir os amigos para comprar de forma coletiva e comparar preços. Para economizar na despesa com a lista de material escolar, consumidores tentam de tudo, até apelar para o Papai Noel. Com razão: além do gasto maior do que o verificado no ano passado, as variações de preços nas papelarias da capital mineira ultrapassam os 400%, aponta o site de pesquisas Mercado Mineiro.

Para tirar a família do sufoco, Júlia Piló, de 10 anos, antecipou-se e colocou o bom velhinho na jogada. “Pedi o material escolar como presente de Natal, para ajudar o bolso da minha mãe, porque sei que é bem caro”, conta. A mãe dela, a advogada Patrícia Piló, de 47, ficou rindo de orelha a orelha com a iniciativa da filha. Ainda assim, precisou adotar outras estratégias.

Ela comprou livros usados para o primogênito, Gabriel, de 13 anos, adquiridos pela metade do preço no grupo de WhatsApp de pais de alunos do colégio em que os filhos estudam. “Com isso, fiz economia de R$ 800. Estou calculando gastar R$ 1.200 com a lista da Júlia, que precisa dos livros novos para fazer os exercícios, e R$ 350 na do Gabriel”, afirma. Outra tática foi comprar o material escolar antes do Natal, pois os preços estavam mais baixos, além de pesquisar em três estabelecimentos, para então efetuar a compra.

Quem vende e compra livros didáticos usados consegue poupar de 30% a 40%, de acordo com o dono da papelaria João Paulo II, João Paulo Azevedo. O estabelecimento tem a troca como carro-chefe de negócios. São negociados livros a partir do 6º ano do ensino fundamental. O cliente consegue vender seu exemplar pelo valor equivalente a 25% a 33% da obra nova, que passa por avaliação da papelaria. Também compra o exemplar usado 40% a 50% mais barato que o novo.

“A cada ano que passa aumenta a procura por livros usados. Nos últimos dois anos, houve um boom, por causa da queda do poder aquisitivo do brasileiro, mas também porque as pessoas estão se conscientizando mais e reutilizar os livros”, observa. O comércio de usados só não é maior devido à revisão das edições, ao uso de apostilas por vários colégios e ao fato de os anos iniciais do ensino fundamental definirem exercícios nos próprios livros.

Alternativas

Ao vender os livros usados, a administradora Ana Cristina Zechlinski, de 46, conseguiu crédito de R$ 280 para gastar como quiser. Ela só não conseguiu economizar mais porque os filhos mudaram para colégios que usam apostilas. “Há muitos grupos de mães que vendem os livros entre elas. Vou comprar cadernos com o crédito. Estou calculando gastar em torno de R$ 500 para o restante da lista”, conta Ana Cristina, que, com três filhos em idade estudantil, tem que buscar várias alternativas. “A mais velha estuda medicina em faculdade particular, então tem que economizar”, diz.

A filha da jornalista Fernanda Cruz, de 34, tem somente seis anos, mas o preço da lista de materiais está longe de ser brincadeira. A mãe calcula que gastará mais de R$ 2 mil com os itens, que vão de dados a fita adesiva. Segundo ela, o que mais pesa são os livros didáticos, que não podem ser adquiridos de segunda mão, porque as crianças fazem as atividades no próprio exemplar.

“Consegui 15% de desconto por causa da escola, é o que consegui pra economizar”, diz Fernanda. Há papelarias que também estão oferecendo desconto para grupos de mães. “Acima de 10 pessoas, damos um desconto maior do que os 10% no pagamento à vista”, diz Lúcia Ferreira, gerente da papelaria Bikas.



G
rafite de R$ 1,40 a R$ 7,50

Com variações de mais de 400% nos preços do mesmo material em diferentes papelarias, os pais precisam pesquisar antes de comprar o material escolar. É o que aponta o site de pesquisas Mercado Mineiro, que comparou os preços em 10 principais lojas da capital mineira. A lista do colégio teve aumento significativo em diversos itens, conforme apontou o levantamento.

“Os materiais estão mais caros do que no ano passado, principalmente no papel”, afirma o coordenador do site Mercado Mineiro, Feliciano Abreu. “O consumidor tem que pesquisar em dois ou três lugares antes de comprar ou tentar comprar em conjunto”, aconselha.

O grafite foi o item com maior variação, de 435%, podendo custar de R$ 1,40 a R$ 7,50, dependendo do estabelecimento.

Os preços da tesoura variam de R$ 3 a R$ 3,89, aumento de 29%.  A régua barateou de preço, de, em média, R$ 2,54 para R$ 2,19, valor 13,78% menor. A pesquisa levantou os preços de 82 produtos em 10 estabelecimentos de BH, entre 2 e 6 deste mês.


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