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Estado de Minas

Avanço na Europa encoraja investimentos no Brasil

Recuperação da aviação comercial no Velho Continente empurra companhias a novos mercados


postado em 21/01/2019 06:00 / atualizado em 21/01/2019 08:55

Grupo Lufthansa, que controla cinco companhias, fechou o ano passado com 142 milhões de passageiros(foto: CHRISTOF STACHE/AFP %u2013 29/11/16)
Grupo Lufthansa, que controla cinco companhias, fechou o ano passado com 142 milhões de passageiros (foto: CHRISTOF STACHE/AFP %u2013 29/11/16)

São Paulo – A indústria da aviação comercial na Europa voou – com perdão para o clichê – em céu de brigadeiro em 2018. As oito maiores companhias aéreas do continente (Lufthansa, IAG, Air France, Ryanair, EasyJet, Turkish Airlines, Aeroflot e Norwegian) transportaram 63 milhões de passageiros a mais do que em 2017, um crescimento de 9,25% na comparação entre os dois períodos, de acordo com a Joint Aviation Authorities (JAA).

Esse aumento ocorreu, segundo a entidade, por uma série de razões: aumento da oferta de lugares, guerra de preços, recuperação econômica e o crescimento dos voos de longo curso de baixo custo (low-cost). Em números absolutos, as oito principais companhias aéreas europeias somaram 743 milhões de passageiros em 2018. “O mercado europeu reagiu no ano passado, e pode ter atingido seu limite em termos de números de voos e passageiros transportados”, afirma o alemão Henry Grossbongardt, especialista e consultor em aviação. “A necessidade por continuar crescendo deve levar as companhias a desbravar novos mercados, especialmente aqueles que têm grande potencial de crescimento, como o Brasil.”

As apostas de investimentos europeus no setor aéreo brasileiro crescem à medida em que o mercado nacional abre espaços para a entrada de novos competidores. Na semana passada, a Avianca Brasil, em recuperação judicial há um mês, recorreu do pedido de devolução de dez de suas 46 aeronaves, em processo de reintegração de posse por falta de pagamento. Mas a empresa, ao que tudo indica, terá de devolver parte de sua frota, já que a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) autorizou o pedido feito pela empresa de leasing GE Capital Aviation Services, dona das aeronaves.

Entre as empresas que lideram as apostas de investimentos no Brasil está o grupo Lufthansa, que registrou o melhor desempenho no ano passado dentro da Europa. A companhia, que controla as empresas Lufthansa, Swiss, Austrian Airlines, Eurowings e a Brussels Airlines, fechou o ano com 142 milhões de passageiros. Já a irlandesa Ryanair, símbolo do mercado low cost europeu, alcançou a marca de 137 milhões de passageiros, um aumento de 6,4% relativamente a 2017, apesar de ter enfrentado uma das mais duras e longevas greves de sua história.

"O mercado europeu reagiu no ano passado, e pode ter atingido seu limite em termos de números de voos e passageiros transportados"

Henry Grossbongardt, especialista alemão e consultor em aviação



A EasyJet, principal concorrente da Ryanair no segmento de baixo custo, alcançou o recorde de 89 milhões de passageiros em 2018, seu décimo ano de operação. Já a IAG e a Air France registraram 113 milhões e 101 milhões de passageiros, respetivamente. Foi a primeira vez que o grupo franco-holandês ultrapassa a barreira dos 100 milhões de passageiros num ano.

Vale considerar que companhias Ryanair, EasyJet e IAG estão excessivamente expostas ao resultado final do Brexit, que deve dificultar a circulação de britânicos dentro do território europeu. Além disso, os impostos sobre elas podem subir 50% a partir de março, com uma eventual saída definitiva do Reino Unido da União Europeia.

Na semana passada, com objetivo de se voltar ao mercado interno, a AirFrance-KLM anunciou o encerramento de suas atividades low cost de longa distância, com a companhia chamada de Joon. A empresa, inclusive, opera o trecho Fortaleza-Paris desde o ano passado. Voltada ao público jovem, a Joon foi lançada em 2017 mas, segundo a companhia mãe, “tem sido difícil perceber o conceito”. “A pluralidade de marcas no mercado tem criado muita complexidade e, infelizmente, enfraqueceu o poder da Air France”, disse a companhia aérea, em comunicado. Além do Brasil, a Joon voa para a África do Sul e Índia.


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