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Estado de Minas

Amazon inicia venda de produtos de beleza e brinquedos no Brasil

Gigante americana do e-commerce lança no país megacentro de distribuição para ir além dos livros e dos Kindles na oferta de canais de produtos de beleza e brinquedos


postado em 22/01/2019 06:00 / atualizado em 22/01/2019 10:25

Com nova área de armazenagem de produtos com 47 mil metros quadrados em São Paulo, empresa passa a atender a segmentos de mercado no país além dos livros (foto: Fotos Júlio Vilela/Divulgação )
Com nova área de armazenagem de produtos com 47 mil metros quadrados em São Paulo, empresa passa a atender a segmentos de mercado no país além dos livros (foto: Fotos Júlio Vilela/Divulgação )

São Paulo – Alex Szapiro, principal executivo da Amazon do Brasil, navega pelo novo site da companhia e chega até a página com produtos de beleza. Para mostrar a funcionalidade das ferramentas, abre o conteúdo com produtos e dicas para cabelos crespos e cacheados, conta que durante o processo de discussão sobre o novo negócio aprendeu o que significa o bad hair day (quando os cabelos não amanhecem bonitos de jeito nenhum) e se lembra de quando era jovenzinho e lutava para exibir um penteado liso.

Naquela época, valia até roubar a meia calça da mãe e dormir com o acessório na cabeça para domar as madeixas encaracoladas. Agora, diz, tudo é diferente. Os cachos são cada vez mais reconhecidos e valorizados entre os brasileiros, um dos maiores consumidores de itens de beleza do mundo. Esse potencial de vendas levou o executivo a tomar a decisão de incluir o setor de beleza como um dos canais de estreia da nova fase da multinacional no país.

NOVAS LOJAS Desde a 0h de hoje, a Amazon passou a ter também, além da loja própria on-line de beleza (com um sub-canal específico para cabelos crespos, ondulados e cacheados), uma de cuidados pessoais, outra com itens para bebês (com uma ferramenta chamada ‘lista do bebê’, para quem quer montar a relação on-line de presentes para a criança) e uma loja de brinquedos.

Estes são canais novos no e-commerce da Amazon, que também vai trabalhar como plataforma para a venda de produtos de seus parceiros/vendedores nesses novos segmentos, assim como já faz com os livros. A partir de hoje, a empresa passa a oferecer em seu site cerca de 20 milhões de produtos em 15 categorias – incluindo itens comercializados e entregues pela Amazon e por vendedores parceiros.

Até agora, a companhia do bilionário Jeff Bezos, que desembarcou no país em 2012, atuava com operação própria apenas na venda de livros e de seus Kindles, do dispositivo Fire TV Stick, no serviço de streaming Prime Video, na ferramenta de publicação de e-books KDP e com a Amazon Web Services (AWS), uma plataforma de infraestrutura em nuvem para empresas. Os demais itens oferecidos em seu site eram todos de vendedores que utilizam a plataforma para vender de moda íntima a barraca de camping.

CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO Para dar conta dessa ampliação dos negócios no Brasil, Szapiro viabilizou o aluguel de um centro de distribuição (CD) de 47 mil metros quadrados – segundo o executivo, essa área é equivalente a cerca de 10 campos de futebol. O valor do investimento para adequar o espaço ao negócio não é divulgado pela empresa, que nos Estados Unidos é listada na bolsa de valores.

O local escolhido pela multinacional é Cajamar, na Grande São Paulo. Falava-se das negociações para o aluguel do espaço há cerca de um ano, mas a empresa vinha negando a informação para evitar o movimento da concorrência.

Na nova área, não há robôs transitando pelo espaço, como em outros 26 CDs espalhados pelo mundo, mas Szapiro garante que há muita tecnologia embarcada para dar agilidade à operação, garantir preços de frete mais competitivos que a concorrência e rapidez no prazo de entrega.

CONCORRÊNCIA Esse poderá ser o diferencial da Amazon na briga pelo cliente que faz suas compras pelo e-commerce. A companhia já oferecia o frete grátis para compras de livros acima de R$ 99. Para os novos canais, a opção gratuita vale para despesas acima de R$ 149, mas com prazo de entrega mais flexível.

Na conversa com o Diários Associados, Szapiro não deixar transparecer a pressão sofrida pela alta competitividade no varejo brasileiro, especialmente nas vendas virtuais. Não se altera nem mesmo quando é perguntado sobre um de seus concorrentes, o Magazine Luiza – apontado como exemplo de agilidade e boa prestação de serviço no comércio eletrônico por especialistas em varejo e pelos analistas do mercado financeiro.

Seu CEO, Frederico Trajano, já disse publicamente que a gigante americana terá problemas para crescer no Brasil. Em abril do ano passado, em um evento do Itaú Unibanco, Trajano chegou a afirmar que “a Amazon terá dificuldades para crescer no Brasil pelo fato de a realidade do país ser diferente do mercado no exterior”. Completou o raciocínio sobre a concorrente Americana dizendo que “existem três jabuticabas brasileiras que são barreiras à atuação de empresas de e-commerce internacionais no Brasil: a infraestrutura logística, a estrutura tributária e o custo de capital.”

Sobre a ‘alfinetada’ do adversário, Szapiro lembra que a companhia tem mais de 20 anos de experiência, em países com diferentes perfis e desafios. Pode ser mais fácil a operação de logística nos Estados Unidos e em muitos países da Europa, admite, mas o mesmo não se pode dizer da Índia, onde muitas casas nem sequer têm CEP, ou da Austrália, também repleta de desafios por causa das suas dimensões.

TECNOLOGIA DESDE O CLIQUE “Desde que chegamos, entregamos milhões de livros, do Oiapoque ao Chuí. Não temos essa preocupação com a logística, temos muita tecnologia envolvida na operação desde o momento em que o cliente aperta o clique para concluir a compra. Colocamos os produtos na caixa e despachamos o mais rápido possível”, conta Szapiro.

Nesse negócio, encurtar o prazo de entrega pode passar pela decisão de abrir mão da transportadora com melhor preço e escolher uma que cobre mais, contanto que a mercadoria chegue o quanto antes no endereço do cliente.

Em alguns mercados internacionais, a Amazon já consegue fazer esse percurso da compra, do clique à porta do consumidor, em uma hora. No Brasil, por ora, o menor prazo é de um dia.

"Desde que chegamos, entregamos milhões de livros, do Oiapoque ao Chuí. Não temos essa preocupação com a logística, temos muita tecnologia envolvida na operação desde o momento em que o cliente aperta o clique para concluir a compra"

Alex Szapiro, CEO da Amazon no Brasil



“Adotamos no CD os mesmos procedimentos e tecnologias dos outros centros da Amazon no mundo, mas o mais importante é a inteligência nesse negócio. Por isso, para nós, a encrenca diária não é a logística, mas não entregar o que o consumidor quer”, avisa o executivo da companhia.

Szapiro não adianta quando deverá ampliar o número de categorias com operação própria nem qual é a atual taxa de ocupação do CD. Mas se a companhia seguir na operação própria a mesma velocidade que teve na expansão de canais de produtos para seus vendedores, a expansão deverá ser rápida. “Posso garantir que não vamos parar por aí”, avisa.

NADA DE MACROECONOMIA A direção da Amazon tomou a decisão de ampliar os negócios no país em um momento em que são esperadas muitas definições, tanto na esfera política quanto na econômica. Mas para o executivo da operação brasileira, as incertezas sobre qual será o rumo do país não afetam a operação.

“Dentro da Amazon a gente ignora a macroeconomia e a política. Olhamos é para o consumidor e o que pode facilitar a vida dele. Se tomarmos decisões olhando para o curto prazo, provavelmente veremos uma espécie de montanha-russa, por isso temos de observar tendências para períodos muito mais longos e correr em busca de um bom serviço para o consumidor”, afirma.




 


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