O comércio da capital mineira comemora o melhor resultado de vendas dos últimos quatro anos, com crescimento acumulado de 2,5% em 2018, na comparação com o ano anterior. O aumento superou a expectativa inicial de 1,8% prevista pela Câmara dos Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH). De acordo com o presidente da entidade, Marcelo de Souza e Silva, no entanto, o desempenho poderia ter sido mais favorável não fossem acontecimentos como a greve dos caminhoneiros, em maio, as eleições e o não pagamento do 13º salário pelo governo de Minas. Para o este ano, a perspectiva é de crescimento de 3,5%.
"O resultado mostra que o Brasil está saindo a crise dos últimos três, quatro anos"
Marcelo de Souza e Silva, presidente da CDL
“O resultado mostra que o Brasil está saindo da crise dos últimos três, quatro anos”, afirma Souza e Silva. O setor de veículos e peças liderou a evolução nas vendas, com aumento de 4,6% no ano passado, em relação a 2017. Os supermercados aparecem logo em seguida e tiveram 3,78% de alta nas vendas. Em terceiro lugar, com 2,3%, ficou o setor de móveis e eletrodomésticos, quase empatados com drogarias e cosméticos (2,27%) e material elétrico e construção (2,26%). Artigos diversos registraram alta de 2,75%.
“É uma média bastante positiva pelos acontecimentos de 2018. Teve a greve dos caminhoneiros, a Copa do Mundo, as eleições muito preocupantes. Esse parcelamento do salário e o não pagamento do 13º salário traz um grande impacto”, diz o presidente da entidade, que tomou posse ontem.
A pesquisa Termômetro de Vendas do CDL/BH apontou aumento de 359% em dezembro de 2018, em relação ao mesmo período do ano passado. Os destaques foram setores de vestuário e calçado, além de supermercados. Por motivos estratégicos, a CDL/BH não divulga os números do faturamento, apenas os percentuais.
CENÁRIO FAVORÁVEL A entidade atribui a melhora no desempenho do comércio à queda da taxa de juros, à queda da inflação e do desemprego em relação ao ano passado. Para que as perspectivas de crescimento de 3,5% neste ano se confirmem, a CDL/BH espera que o governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) cumpra as promessas de campanha, como a redução da carga tributária.
“O investimento em infraestrutura foi promessa de Bolsonaro, que agora tem que cumprir. A gente tem uma malha destruída, não tem transporte por trilhos. Estamos esperando outras promessas de simplificação, desburocratização, um imposto mais justo, até a redução de impostos. Cobramos para que ocorra um ambiente de crescimento”, afirma.
Ele também cita as reformas previdenciária e tributária. “Elas vão trazer conforto e tranquilidade jurídica para que ocorram investimentos externos”, completa o presidente. Marcelo de Souza e Silva tomou posse ontem para o próximo triênio na presidência da entidade. Entre 2013 e 2015, ele foi secretário municipal adjunto de Desenvolvimento Econômico e Secretário da Regional Centro-Sul do governo do ex-prefeito de BH Marcio Lacerda.
Tragédia em Brumadinho
Segundo o presidente do CDL/BH, Marcelo de Souza e Silva, existe um receio do setor de que o rompimento da barragem da Mina Córrego de Feijão, da Vale, em Brumadinho, na região metropolitana, afete o desempenho do comércio. O desastre já deixou 165 mortos e 155 pessoas continuam desaparecidas.
“Diretamente ou indiretamente, a Vale participa e muito da venda do nosso estado.
Tem muitos empregados e prestadores de serviço, o que deixa de imposto é muito relevante na nossa economia”, afirma. Junto com outras entidades, a CDL também estuda medidas para incentivar o comércio da região afetada, como a compra de suprimentos dos empresários de Brumadinho.