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Estado de Minas MINERAÇÃO

Paralisação de minas da Vale terá impacto de 1,8% no PIB

Federação das Indústrias estima que expansão do Produto Interno Bruto do estado cairá pela metade em 2019 com a decisão da Vale de interromper atividades em 10 unidades


postado em 13/02/2019 06:00 / atualizado em 13/02/2019 08:42

Mina de Brucutu, da Vale, em São Gonçalo do Rio Abaixo, uma das maiores reservas do mundo, está impedida de operar pela Justiça(foto: Alexandre MOTA/Vale/Divulgação/AFP )
Mina de Brucutu, da Vale, em São Gonçalo do Rio Abaixo, uma das maiores reservas do mundo, está impedida de operar pela Justiça (foto: Alexandre MOTA/Vale/Divulgação/AFP )

A paralisação temporária das atividades de 10 minas da Vale, todas com barragens construídas a montante, como as que romperam em Brumadinho e Mariana, vai trazer impacto de até 1,8% nas riquezas produzidas no estado ao longo de 2019. O cálculo é da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), que estima que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) mineiro cairá pela metade, dos 3,3% previstos inicialmente para 1,65%. Até agora, o rompimento da barragem da Mina Córrego de Feijão, em Brumadinho, na região metropolitana, deixou 165 pessoas mortas e 155 desaparecidas.

A entidade teme enfraquecimento da economia do estado provocado pelo “acidente” de Brumadinho, nas palavras do presidente da Fiemg, Flávio Roscoe.“Estamos prevendo uma queda do PIB para em torno de 1,8% com viés negativo apenas com o impacto da produção das minas com barragens a montante”, diz Roscoe, para quem o “estrago” na economia pode ser ainda maior.

Depois do desastre, a Vale anunciou que vai desativar e reintegrar ao meio ambiente 10 barragens a montante, todas em Minas, num processo chamado de descomissionamento. Isso ocorrerá ao longo dos próximos três anos e vai impactar a produção em 40 milhões de toneladas de minério de ferro ao ano, o que corresponde a 10% da produção anual estimada para este ano, de 400 milhões de toneladas.

A entidade defende uma discussão sobre a atividade minerária no estado. “Se colocarmos barreiras muito difíceis, ela (mineração) será feita em outro lugar”, afirmou Roscoe. O presidente da Fiemg esclareceu que não se trata de minimizar o “custo humano” da tragédia e disse que os culpados “têm que ser punidos”. “Temos que tomar muito cuidado até que ponto nós mesmos não estamos hiperdimensionando os efeitos do acidente. O acidente foi em proporções gigantescas e com certeza vai fazer com que o cenário da mineração mude, mas o que vamos fazer com a vida das pessoas daqui pra frente? O que temos que fazer são estudos profundos para dar tranquilidade a essas pessoas. Aqui onde você está tranquilo, aqui não está tranquilo, então remove”, afirma o empresário.

Segundo a Fiemg, a indústria extrativa é responsável por um quarto da produção industrial de Minas e por 2,1% do PIB, influenciando diretamente outros segmentos. Levantamento da Gerência de Estudos Econômicos da federação aponta que, para cada R$ 100 milhões a menos no setor, há perda de R$ 25 milhões em outras áreas.

O estudo da Fiemg indica também que a interrupção terá maior peso nos municípios de Brumadinho, Nova Lima, Congonhas e Ouro Preto, em que a mineração corresponde a mais de 70% da arrecadação do ICMS. Em Nova Lima, a arrecadação com o ICMS do minério foi de R$ 166 milhões em 2017. Em Brumadinho, foi de R$ 59 milhões. Com a interrupção das minas onde ficam as barragens a montante, a receita da cadeia produtiva cairia R$ 13,6 bilhões ao ano.

PROIBIÇÃO  Se consideradas as decisões da Justiça que impedem o uso de barragens que usam outros métodos construtivos, como a Mina de Brucutu, em São Gonçalo do Rio Abaixo, na Região Central, a perda ultrapassa os R$ 23,9 bilhões ao ano. Na semana passada, a Justiça proibiu a Vale de usar oito barragens, cinco delas construídas a jusante e que não estavam previstas no plano de descomissionamento da mineradora. Entre elas, está a barragem Laranjeiras, que afeta a produção de Brucutu, uma das maiores do mundo.

Segundo Roscoe, antes de mudanças na legislação ou no licenciamento ambiental, é necessário rever as técnicas de engenharia usadas na construção de barragens. “Antes de se falar em mudança de leis, tem que rever a técnica da engenharia para não ter mais acidentes como esse. É ali é que está o problema. Alguma falha técnica na segurança das barragens”, diz. Por causa disso, a entidade pretende contratar engenheiros para estudar quais os modelos mais seguros para essas estruturas.

Em respostas a questionamentos sobre facilitação das licenças a empreendimentos, ele afirmou que não houve afrouxamento do licenciamento ambiental pelo governo de Minas – o secretário de Estado de Meio Ambiente, Germano Luiz Gomes Vieira, foi o único mantido do governo petista pelo governador Romeu Zema (Novo) –, mas diminuição da burocracia envolvida nesse processo. “A burocracia não gera riqueza, destrói riqueza. Você não precisa ter burocracia para ter segurança”, afirmou.


Visita ao EM

(foto: Sidney Lopes/EM/D.A Press)
(foto: Sidney Lopes/EM/D.A Press)

Integrantes da nova diretoria da Associação Comercial e Empresarial de Minas Gerais (ACMinas) visitaram nessa terça-feira (12) a sede do Estado de Minas, no Bairro Funcionários, onde foram recebidos pelo diretor-presidente Álvaro Teixeira da Costa.

Participaram da visita, Epiphânio Camillo, Otávio Elísio Alves de Brito, Rubens Ribeiro, Aguinaldo Diniz Filho, José Luiz Magalhães Neto e Hélio Faria. A solenidade de posse da diretoria para o biênio 2019/2010 está marcada para o próximo dia 25, às 19h, no Teatro do Centro Cultural Minas Tênis Clube.

Com 118 anos, a ACMinas é uma das entidades mais antigas do país e atualmente conta com 1.570 associados. Natural de Curvelo, Aguinaldo Diniz Filho será o 40º presidente da entidade.


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