O consumo total de energia no Brasil deverá crescer 2,2% ao ano até 2040, acima da média global de 1,2% ao ano, conforme estimativas anunciadas nesta quinta-feira, 14, pelo Grupo BP. Segundo a empresa, o consumo de energia primária entre 2017 e 2040 saltará de 294 milhões para 485 milhões de toneladas equivalente de petróleo, avanço de 65%. Conforme os números do grupo, as áreas cujo consumo crescerá mais ano a ano serão a energia nuclear (4,5%), renováveis (4,5%) e gás (3,4%).
Nas energias renováveis (não considerando as hidrelétricas), o consumo entre 2017 e 2040 sairá de 41 milhões para 112 milhões de toneladas equivalentes de petróleo (tep), salto de 173%. Já o de gás deverá ir de 38 TEP para 82 TEP, crescimento de 114%. As nucleares passarão de 4 para 10 TEP em igual período.
A mudança vai levar para uma mudança significativa na participação das fontes energéticas na matriz total. A participação do petróleo no consumo total deverá cair de 40% em 2017 para 34% em 2040. Já o gás subirá de 11% para 15% e as renováveis de 14% para 23%.
O consumo de energia com origem nas hidrelétricas também deverá saltar de 84 TEP para 112 TEP. A participação, entretanto, cairá de 28% para 23% entre 2017 e 2040 - em nível equivalentes às renováveis.
Já o consumo de energia elétrica crescerá 2,8% ao ano no período, com projeção de consumo total 89% maior em 2040 ante 2017.
O consumo de energias renováveis (incluindo biocombustíveis e excluindo hidrelétricas) global deverá aumentar 381% entre 2017 e 2040, conforme estimativas do Grupo BP. A participação total do modelo energético deverá saltar de 4% para 15% do consumo global, acrescenta o relatório.
Na mesma linha, o gás ganhará espaço na matriz energética global (23% de participação em 2017, para 26% em 2040). O derivado do petróleo ocupará parte do espaço do carvão nesta balança, cuja participação no consumo deverá cair de 28% em 2018 para 20% em 2040.
Setores.
A indústria apresentará um salto de 50% no consumo, de 114 TEP em 2017 para 172 TEP em 2040, figurando ainda como a principal consumidora, com 35% de participação (ante 39% em 2017). Em seguida virá o uso para o transporte, cujo consumo crescerá 62% até 2040, com participação de 31%.
Edificações, enquanto isso, devem ter crescimento no consumo de 91%, representando 29% do uso total do País em 2040.
Matriz energética
A matriz energética brasileira deve se tornar mais limpa até 2040, quando a expectativa é de que os combustíveis não fósseis respondam por quase metade do mix de energia do País, segundo perspectivas divulgadas pela BP. A previsão da companhia é de que juntas as fontes renováveis, incluindo as hidrelétricas, e a nuclear respondam por 48% do consumo total, ante os 43% observados em 2017. Adicionalmente, também o consumo de energia a partir do gás natural, fonte fóssil, mas menos poluente, deve crescer, passando dos atuais 11% para 15% da matriz.
Isoladamente, a participação das fontes renováveis - incluindo biocombustíveis mas não considerando as usinas hidrelétricas - deve passar de 14% para 23%, beneficiada pelo forte crescimento que vem sendo observado no País das usinas eólicas e fotovoltaicas - de grande porte e de micro ou mini geração. "A participação das renováveis na geração de energia elétrica dobra para um terço em 2040", destaca a BP.
Já as hidrelétricas reduzem sua participação dos 28% observados em 2017 para 23% no final do período projetado, mesmo patamar em que devem estar as demais renováveis. A BP destaca que a fonte perderá participação por conta da limitação do crescimento da capacidade hídrica no Brasil. De fato, grande parte do potencial de geração hidrelétrica já foi explorado no País e muitos dos aproveitamentos hidrelétricos remanescentes ficam em áreas de preservação ambiental ou enfrentam grande dificuldade de liberação de licenças pelas autoridades.
Destaque ainda para o projetado crescimento da fonte nuclear, dobrando para 2% até 2040. A projeção ocorre em um momento em que o governo busca soluções para concluir a implantação de Angra 3, com a expectativa de poder finalizá-la até 2026.
Adicionalmente, o atual o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, já defendeu publicamente a fonte e a reavaliação sobre investimento privado na área nuclear, inclusive para usinas.
Petróleo
A produção global de petróleo deverá crescer 0,4% ao ano entre 2017 e 2040, de 96 milhões de barris por dia para 104 milhões de barris/dia, conforme estimativas do Grupo BP. No período até 2040, a alta total de produção deverá ser de 9%.
Neste cenário, o Brasil terá participação central, segundo a instituição. O estudo mostra a matriz energética brasileira em 2040 quase igualmente dividida entre petróleo e gás (49%) e hidrelétricas e renováveis (46%). "Além disso, o Brasil responde por 23% do aumento da produção mundial de petróleo entre 2017 e 2040, um incremento de quase dois milhões de barris por dia, atingindo cinco milhões de barris por dia", afirmou, em nota, Mario Lindenhayn, presidente da BP Biocombustíveis e Head of Country da BP Brasil.
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