A Petrobrás pretende até junho desativar sua sede administrativa (Edisp) em São Paulo e lançar um novo programa de demissão voluntária. Além disso, a estatal planeja fechar unidades incluídas em seu plano de desinvestimento que não despertarem interesse dos compradores, o que pode levar a mais demissões. Os planos do atual comando da petroleira foram revelados aos funcionários na segunda-feira por um recém-contratado gerente executivo de Recursos Humanos, Claudio Costa, durante uma reunião para explicar apenas a desativação da sede da Avenida Paulista, onde trabalham 700 pessoas.
Nas declarações do executivo, gravadas em áudios que circularam pelas redes sociais ontem, ele afirma ainda que em 2015 a Petrobrás estava literalmente falida, e que se as demissões não forem realizadas, "daqui a duas décadas essa empresa não existirá mais".
Um grupo de sindicalistas que aguardava o gerente para uma reunião na sede da companhia no Rio reagiu com repúdio às declarações de Costa, e se recusou a deixar o prédio antes de esclarecer as declarações do executivo que trouxeram inquietação aos funcionários. "Viemos (cerca de 15 pessoas) para uma reunião da comissão do ACT (Acordo Coletivo de Trabalho), mas só vamos sair depois de conversar com o gerente Claudio Costa para ele explicar o que houve em São Paulo", disse Adaelson Costa, secretário-geral da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) e coordenador-geral do Sindipetro do Litoral Paulista. No início da noite, a reunião com o gerente foi remarcada para esta quarta-feira, 27.
O sindicalista explicou que no ACT da Petrobrás existe a previsão de demissão, desde que haja negociação. Segundo ele, a falta de sensibilidade de Costa provou que o executivo não "está preparado para lidar com uma empresa do porte da Petrobrás.
Instaurada a polêmica, o presidente da empresa, Roberto Castello Branco, se viu obrigado a gravar um vídeo para os funcionários na noite de ontem. Ele minimizou a dimensão dos desligamentos, mas confirmou que a empresa estuda o lançamento de novo plano de incentivo à demissão voluntária. "Não existe um plano de demissões na Petrobrás. Nós estamos estudando um programa incentivado de demissão voluntária, que não foi ainda aprovado pela diretoria executiva", afirmou o presidente aos funcionários.
Castello Branco informou ainda que os empregados do Edisp serão redirecionados para outras unidades da estatal e que algumas pessoas vão trabalhar de casa. "Elas vão para localidades de custo mais baixo para a redução do custo da Petrobrás."
Desocupação
Sobre a sede da empresa em São Paulo, a Petrobrás informou que a desocupação será feita até junho e vai gerar economia de R$ 100 milhões até 2023. A maior parte dos funcionários que ocupa o prédio é de concursados, que dão suporte às unidades operacionais da empresa nas Regiões Sul e Sudeste, principalmente refinarias e terminais. Como parte dessas unidades será vendida, alguns funcionários deverão ser remanejados e poucos permanecerão em São Paulo, num prédio do tipo "coworking" que a empresa pretende alugar. O restante será demitido.
"Algumas pessoas não ficarão na companhia. Dá para absorver todo mundo que aqui está? Não. Algumas pessoas não ficarão. Algumas vão poder decidir por não permanecer na companhia. Os programas (de demissão voluntária) virão para ajudá-los nesse processo decisório", diz Costa no áudio. Ele chegou a comparar a situação da estatal à da montadora Ford, que anunciou o fechamento de uma fábrica em São Bernardo (SP) e deve deixar 2,8 mil desempregados.
A Petrobrás tem 62,7 mil funcionários, número reduzido frente aos 78,5 mil de 2015, após sucessivos programas de demissão voluntária. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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