O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) deve confirmar nesta quinta-feira (28) que 2018 foi um ano economicamente decepcionante, enquanto 2019 não promete ter um crescimento rápido do investimento ou do consumo, segundo analistas.
O órgão divulgará neste dia o PIB do ano passado, que, segundo as últimas avaliações, cresceu 1,2%, pouco mais que o 1,1% de 2017, quando o Brasil superou dois anos de recessão.
Há motivos de sobra para essa relativa fragilidade: 2018 foi marcado por uma greve dos caminhoneiros que parou o país no fim de maio, pela crise na Argentina (importante parceiro comercial do Brasil) e pelas incertezas eleitorais - embora mesmo depois de resolvidas, com a vitória de Jair Bolsonaro (PSL) sobre Fernando Haddad (PT), esperada pelos mercados, a economia não tenha deslanchado no último trimestre do ano.
E as expectativas para este ano não param de cair, de 2,64% em dezembro, para 2,48% em janeiro, na última pesquisa Focus de projeção de mercados do Banco Central.
Dificuldades
Investidores apostaram nas reformas de privatizações prometidas pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, durante a campanha, mas os projetos deram de frente com as difíceis negociações no Congresso e as crises e polêmicas do governo.
O projeto de reforma da aposentadoria, que pretende reduzir em quase R$ 1,2 trilhão de gastos em dez anos foi bem recebido pelos investidores.
Contudo, a decolagem da economia "não é uma questão psicológica, de expectativa, é uma questão fatual, QUE depende das reformas com impacto concreto, real", segundo Adriano Gianturco, coordenador de cursos de Relações Internacionais do Ibmec.
- Consumo e investimentos parados -
Para André Perfeito, da consultoria Necton, os dados de 2018 mostrarão que não há "nenhum polo dinâmico na economia brasileira".
"O consumo das famílias não tende a subir. Uma situação bastante frágil ainda no mercado de trabalho (...) e muita gente desalentada", afirmou.
Os gastos do governo devem cair com a política de cortes impulsionada por Guedes.
E os investimentos em bens de capital - "a grande esperança", de acordo com Perfeito - vão demorar, acredita o especialista.
"O empresário pode estar empolgadíssimo por Bolsonaro e Guedes, (...) se tem ociosidade na economia, como tem, e a economia é fraca, o empresário não investe", afirma.
Para Perfeito, que prevê uma expansão de 2,1% em 2019, as reformas podem gerar "um crescimento talvez mais vigoroso em 2020 e 2021".
As projeções do mercado para o ano que vem são de uma expansão do PIB de 2,74%.