Com 5 milhões de pessoas nas ruas de Belo Horizonte dispostas a comer, beber e se enfeitar, além de curtir a festa de Momo, o carnaval se confirmou como fonte de renda para muita gente. Em meio à crise da economia, trabalhadores desempregados ou com ocupação se transformaram em ambulantes para garantir recurso extra e, de quebra, aproveitar o som e o clima de alegria dos cerca de 600 blocos que desfilaram pela capital em 2019. Para o folião, havia serviços de todo tipo, até venda de papel higiênico a R$ 1 às portas de banheiros.
Inovação foi a tônica do fotógrafo e produtor de eventos Albert Ramos, de 49. Ele trocou o catuçaí gourmet, que oferecia a R$ 10 nos três anos anteriores, pelo serviço de foto instantânea. Para isso, adaptou impressora num triciclo e, com carro de som, e passou a vender as imagens dos foliões registradas e entregues prontas para o porta-retratos por R$ 10.
“Gosto de me divertir junto, então, estou sempre nos blocos de minha preferência. Ainda não sei qual vai ser um resultado porque é um produto novo”, disse o autônomo, que, na última festa, apurou R$ 5 mil vendendo bebidas.
Como estratégia para não perder vendas e ter mais segurança, ele escolheu os blocos que desfilaram em regiões mais nobres de BH, como Savassi e Belvedere; e as festas fechadas do Bairro Olhos D’Água. Segundo Wagner, neste carnaval, os clientes estiveram mais dispostos a comprar e pechincharam menos.
Quem também mudou, só que de cidade, foi o almoxarife Eliseu Moisés da Silva, de 38. Ele resolveu trocar os carnavais das cidades históricas de Mariana e Ouro Preto pela festa de Belo Horizonte, com a expectativa de manter bom lucro. Ele percorreu os blocos com coroas de flores, colares e outros adereços, além de um dos itens mais procurados, a capinha de chuva. Só no sábado, em que a água deu as caras na festa, vendeu 70 unidades. “Investi cerca de R$ 1 mil e vim pra tentar ganhar um extra. Os enfeites saem bastante”, disse. Eliseu estimava ontem lucro ao redor de R$ 2 mil com a folia.
O casal Fernanda Cattoni e Lucas Vieira fez do corpo uma vitrine e saiu às ruas para vender colares coloridos. Os dois trabalham como administradores ao longo do ano, mas exploram a veia de artesãos durante o carnaval para também ganhar dinheiro extra. “É uma chance também de rodar os blocos e se divertir”, conta Lucas, que carrega dezenas de colares nos braços. O dia D das vendas é a segunda-feira, quando o bloco Baianas Ozadas desfila na Avenida Afonso Pena. “É o nosso foco por causa da fantasia e nesse dia levamos o máximo de colares que conseguimos”, diz Fernanda.
Crítica
Apesar da tentativa de ganhar dinheiro extra, o comerciante Carlos Junio, de 41, afirma que, este ano, deve ter prejuízo e critica o aumento de preço dos fornecedores de bebidas. “Do jeito que está não ganhamos nem um real por lata. Ainda mais com chuva, estamos é tendo prejuízo”, afirma.
Ainda segundo Carlos, este ano, com o carnaval antes do pagamento dos salários, muita gente trouxe as bebidas de casa para economizar. “E são só 13,5 mil concorrentes, fora os vendedores clandestinos”, diz.
Preços variam 158% para Quaresma
A quaresma começou ontem com grande disparidade de preços de peixes frescos e frutos do mar na Grande Belo Horizonte. O site de pesquisas Mercado Mineiro encontrou diferença de até 117% nos preços do bacalhau saithe, entre R$ 29,90 e R$ 65 o quilo em estabelecimentos consultados em 27 e 28 de fevereiro. Se a opção for pelo Bacalhau do porto imperial, que custa de R$ 89 a R$ 129 o quilo, o consumidor vai observar diferenças de 44,9%. Quando a pesquisa enfatiza o camarão sete barbas G, a variação de preços alcança 137%, uma vez que o quilo do produto foi encontrado entre R$ 32,90 e R$ 78. A disparidade sobe a 158% para o camarão rosa limpo médio, vendido de R$ 49,90 a R$ 129. A pesquisa completa pode ser consultada no site mercadomineiro.com.br.