Brasília – Depois dos saques registrados em janeiro, os brasileiros voltaram a recorrer à caderneta de poupança para fechar as contas. Dados do Banco Central (BC) mostraram que, em fevereiro, R$ 4,021 bilhões líquidos saíram da poupança. Foi o segundo mês consecutivo de saques. Também foi o pior resultado para a caderneta em um mês de fevereiro desde 2016, quando R$ 6,639 bilhões saíram da poupança.
Os saques líquidos registrados no mês passado ainda refletem, em grande parte, a necessidade de recursos para que o brasileiro pudesse pagar despesas com impostos, a exemplo do IPTU e do IPVA, além de matrículas e material escolar. Foram R$ 186,017 bilhões em saques no mês passado, ante R$ 181,996 bilhões em depósitos.
Considerando-se os rendimentos de R$ 2,966 bilhões na poupança em fevereiro, o saldo global da caderneta chegou aos R$ 787,934 bilhões. No acumulado de 2019 até o fim de fevereiro, as retiradas líquidas da poupança já somam R$ 15,253 bilhões. O montante é resultado de saques de R$ 391,922 bilhões e depósitos de R$ 376,669 bilhões.
Em razão da crise da economia, a caderneta registrou saídas líquidas em 2015 e 2016, mas iniciou processo de recuperação no ano seguinte. Em 2018, em meio à relativa retomada do emprego e da renda, a poupança fechou o ano com captação líquida de R$ 38,260 bilhões.
Essa procura maior pela poupança no ano passado ocorreu apesar de a rentabilidade ser, atualmente, inferior ao registrado em anos anteriores. Hoje, a poupança é remunerada pela taxa referencial (TR), que está próxima de zero, acrescida de 70% da Selic (a taxa básica de juros da economia, que remunera os títulos do governo no mercado financeiro e serve de referência para as operações nos bancos e no comércio). A Selic, por sua vez, está em 6,5% ao ano desde março de 2018.
Essa regra de remuneração da poupança vale sempre que a Selic estiver abaixo dos 8,5% ao ano. Quando estiver acima disso, a poupança é atualizada pela TR, acrescida de taxa fixa de 0,5% ao mês (6,17% ao ano). A remuneração mais elevada deixou de valer em setembro de 2017, quando a Selic foi reduzida para o nível de 8,5% anuais.
Pouca reserva
Apesar dos resultados positivos da caderneta em 2017 e 2018, os brasileiros ainda não têm o hábito de guardar dinheiro. Dados do Banco Mundial mostram que, em 2017, apenas 32% dos brasileiros com mais de 15 anos de idade guardaram alguma quantia de dinheiro – seja na caderneta, seja em qualquer outra aplicação financeira. A média global é de 48% e nos países de alta renda o percentual é de 73%.
BALANÇO
R$ 391,922 bi
Foi o valor total dos saques na poupança em janeiro e fevereiro
R$ 376,669 bi
Quantia depositada na poupança em janeiro e fevereiro
e mais...
Freio no IGP-DI
Os aumentos mais modestos nos custos da mão de obra e de materiais de construção em fevereiro arrefeceram a inflação do setor, medida pelo Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), informou, ontem, a Fundação Getulio Vargas (FGV). O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-DI) subiu 0,09% em fevereiro, depois de avanço de 0,49% em janeiro. O índice relativo a materiais, equipamentos e serviços subiu 0,15% em fevereiro, ante avanço de 0,60% registrado em janeiro. O custo dos materiais e equipamentos passou de alta de 0,41% em janeiro para 0,02% em fevereiro, enquanto os serviços desaceleraram da variação de 1,34% para 0,61%.
Carne forte
As exportações brasileiras de carne bovina – que incluem o produto in natura, o industrializado, e cortes salgados e miúdos – tiveram avanço de 6,76% no primeiro bimestre, tendo alcançado 262.418 toneladas, em comparação com 245.801 toneladas embarcadas nos primeiros dois meses do ano passado. Já a receita das vendas externas teve queda de 2,8%, para US$ 979,38 milhões, ante US$ 1,007 bilhão no primeiro bimestre de 2018. Os dados foram divulgados ontem pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec). O resultado para fevereiro é o melhor nesse mês desde 2014.
China no radar
Em encontro com o embaixador da China, Yang Wanming, o presidente Jair Bolsonaro aceitou convite para fazer visita oficial ao país, principal parceiro comercial do Brasil, ainda neste ano. Bolsonaro disse ao embaixador que quer manter o “melhor relacionamento possível” com a China. Depois do encontro, o presidente disse à imprensa que a relação entre Brasil e China “vai melhorar, com toda certeza”.