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Estado de Minas

Reúso do plástico renderia R$ 5,7 bilhões ao Brasil

Descarte impróprio em aterros e rios, além de agredir o meio ambiente, gera prejuízos para o Brasil, um dos maiores consumidores do planeta e dos que menos reciclam


postado em 15/03/2019 06:00 / atualizado em 15/03/2019 09:23

Resíduos de plástico formaram uma ''ilha'' no Oceano Pacífico, expondo a catástrofe ambiental provocada pelo despejo inadequado dos produtos(foto: Reprodução )
Resíduos de plástico formaram uma ''ilha'' no Oceano Pacífico, expondo a catástrofe ambiental provocada pelo despejo inadequado dos produtos (foto: Reprodução )

São Paulo – A constatação de que o Brasil é um dos maiores consumidores de plástico do mundo e, ao mesmo tempo, um dos que menos reciclam, não é apenas uma catástrofe ambiental. É também uma tragédia econômica. Os números comprovam isso. O Brasil produz, anualmente, mais de 78,3 milhões de toneladas de resíduos sólidos.

Desse montante, 13,5% (10,5 milhões de toneladas) procedem do plástico. Se o total fosse reciclado, haveria um retorno de R$ 5,7 bilhões à economia, segundo estudos do Sindicato Nacional das Empresas de Limpeza Urbana (Selurb). A entidade mostra que o país destina de forma inadequada cerca de 40% do resíduo gerado.

“A maioria das pessoas ainda não assumiu a consciência de que o plástico é 100% reciclável e possui um perfil ambiental adequado às transformações. Só 4% da produção mundial de petróleo é utilizada para produzi-lo, pouca energia, é economicamente sustentável, além de gerar lucros, empregos, segurança e muito mais”, disse Marcio Matheus, presidente do Selurb.

Produtos à venda em supermercados: uso intensivo pelos brasileiros coloca o Brasil entre os que mais usamamatéria-prima(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press - 2/8/13)
Produtos à venda em supermercados: uso intensivo pelos brasileiros coloca o Brasil entre os que mais usamamatéria-prima (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press - 2/8/13)

Todo esse material que acaba em aterros sanitários, em rios e nos mares, poderia ser revertido à construção civil, por exemplo, segundo a Selurb, mas esbarra na falta de serviços de coleta e diferentes atividades relacionadas à limpeza urbana. O sindicato lembra que o gerenciamento de resíduos envolve uma rede complexa de atividades e que a reciclagem é um pilar a ser desenvolvido. Caso contrário, não haverá nenhum resultado concreto, supõe a Selurb, que cita um possível crescimento de 30% na produção de plástico em menos de 10 anos.

Diante desses números, gigantes do setor têm se mobilizado para reduzir os estragos do plástico na economia e no meio ambiente. A Braskem, por exemplo, tem levantado a bandeira do fortalecimento da economia circular, além de valorizar o desenvolvimento de tecnologias sustentáveis. É um dos princípios que a colocam o topo do crescimento no cenário em que atua. O foco é reciclar plásticos já utilizados para inseri-los em produtos químicos que não danifiquem o meio ambiente. Entre eles, sacolinhas de supermercados e filmes de embalagens para salgadinhos e biscoitos. A Braskem prevê investimentos de US$ 1,5 bilhão em cinco anos, com a produção anual é de 20 milhões de toneladas. A receita líquida registrou R$ 50 bilhões em 2017, com exportações para mais de 100 países, a partir se suas 41 unidades no Brasil, Estados Unidos. Alemanha e México.

“À medida que nos esforçamos para alcançar uma real economia circular, reconhecemos os desafios e limitações que as tecnologias tradicionais de reciclagem apresentam”, observa Gus Hutras, responsável pela área de Tecnologia de Processos. “A Braskem está comprometida em desenvolver, implementar e oferecer soluções sustentáveis. A reciclagem química e seu potencial para superar todos esses desafios e limitações nos permitirão alcançar este objetivo. Estamos acelerando esses esforços por meio de parcerias e colaborações com outras empresas que tenham o mesmo pensamento para que possamos alcançar estas metas o mais rápido possível.”

Na prática, trata-se de um conceito que permite a redução, a reutilização, a recuperação e a reciclagem de materiais. Consequentemente, forma-se um ciclo sustentável desde a produção até a reinserção do novo processo produtivo. “Os estudos na área de reciclagem química seguem os princípios de atuação da Braskem, que utiliza a inovação a serviço de soluções sustentáveis. Queremos a cada dia desenvolver negócios e iniciativas para a valorização de resíduos plásticos”, esclarece Fabiana Quiroga, responsável pela área de reciclagem. “O diferencial da reciclagem química é que a partir dela o resíduo plástico descartado será processado e transformado em matéria prima novamente, que dará origem a novos plásticos”, acrescenta.

Desde 2015, a Braskem mantém a plataforma Wecycle, que combina o descarte adequado. Objetivo: incrementar o material originário da resina reciclada. O alvo é proporcionar bons negócios e proporcionar melhores ações que valorizem os resíduos plásticos através de sólidas parcerias.

A gigante Braskem puxa o ranking de maior principal fabricante de resinas plásticas das Américas, além de ocupar a liderança mundial no setor. Tanto é que a empresa tomou diversas medidas globais para impulsionar ainda mais o cenário de plásticos. É o chamado “Posicionamento da Braskem em Economia Circular”. O documento expõe o roteiro todo e mostra aos clientes uma espécie de cartilha que facilite a reciclagem e a reutilização de embalagens plásticas, especialmente aquelas de uso único.

Também dá ênfase aos investimentos nas resinas de origem renovável. É o caso do plástico verde confeccionado à base de cana-de-açúcar e ao sistema coleta, triagem, reciclagem, recuperação em programas de materiais e muito mais. Há destaque para o envolvimento dos clientes em programas de reciclagem pelas ações educacionais de consumo consciente. Sugere ferramentas de avaliação de ciclo de vida e oferece apoio a medidas capazes de agilizar o gerenciamento de resíduos sólidos e de prevenir o descarte do lixo nos mares, um dos atuais desafios. É o que vai constar do relatório anual da Braskem.

“Ilha”


O problema dos resíduos plásticos é hoje prioritário em vários países do mundo em função dos danos que os rejeitos estão provocando nos oceanos. Batizada de Marginalia, uma grande “ilha” de lixo, principalmente material plástico, é considerada uma das catástrofes ambientais produzidas pelo homem. O amontoado de detritos fica entre a costa da Califórnia, nos Estados Unidos, e o Havai e se extende por uma área de 1,6 milhão de quilômetro quadrado. Esse tamanho é 16 vezes maior do que o estimado e representa um volume de 80 mil toneladas de resíduos.

Na Europa, material vai ser proibido em 2 anos


Produtos em mercado no Sul de Londres: embalagem não poderá ser usada após 2021 (foto: Justin Tallis/AFP 10/1/18)
Produtos em mercado no Sul de Londres: embalagem não poderá ser usada após 2021 (foto: Justin Tallis/AFP 10/1/18)

Daqui a dois anos, produtos plásticos descartáveis, como canudos, copos e pratos, estarão proibidos em toda a União Europeia (UE). A proposta, apresentada em dezembro pela Alemanha, França e Áustria, foi aprovada por unanimidade em Bruxelas, sede da organização dos países do bloco.

A ministra de Turismo e Sustentabilidade da Áustria, Elisabeth Koestinger, anunciou o acordo político em seu Twitter e descreveu o momento como “um marco nos esforços para reduzir o lixo plástico”.

A proibição valerá para todos os objetos que possuem alternativas, como vidro, metal e papel. Para endossar o veto, a Comissão Europeia argumentou que 80% dos resíduos encontrados nos mares são feitos de plásticos, e que menos de um terço dos resíduos plásticos é coletado e reciclado.

O impacto será gigantesco. De acordo com dados oficiais, referentes a 2017, a indústria de plásticos movimenta 340 bilhões de euros e emprega 1,5 milhão de trabalhadores no Velho Continente. Em razão de sua lenta decomposição, os plásticos representam um problema particular para os oceanos.

Traços de plásticos podem ser encontrados em espécies como baleias, tartarugas e aves, além de frutos do mar que acabam na cadeia alimentar humana. Com as medidas, a Comissão Europeia projeta reduzir as emissões de dióxido de carbono em 3,4 milhões de toneladas. Segundo cálculos, danos ambientais no valor de 22 bilhões de euros podem ser evitados até 2030, e os consumidores poderiam economizar até 6,5 bilhões de euros.


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