Casas construídas em 24 horas por meio de impressão 3D. Drones que avaliam a temperatura de revestimentos cerâmicos. Uso da inteligência artificial para prever problemas, como distratos de imóveis com até um ano de antecedência, ou internet das coisas para predizer o desgaste de peças em elevadores. No mundo inteiro, inovações disruptivas ou incrementais chegam ao setor da construção civil.
"A adoção de algumas dessas tecnologias ainda engatinha no Brasil, já que o setor está saindo de uma crise de quatro anos", diz o diretor de Operações da Even, Marcelo Morais. Segundo ele, as construtoras investiram principalmente em formas de reduzir custos e desperdícios e ampliar eficiência, como o uso de plataformas de Business Intelligence (BI) ou de Modelagem de Informação da Construção (BIM, da sigla em inglês).
A Even, por exemplo, adquiriu há dois anos um módulo específico de projetos de BI, um sistema de modelagem de dados usado para fazer previsões de cenários e embasar a tomada de decisão. "A gente levou um ano para customizar a ferramenta e hoje conseguimos uma gestão detalhada de todas as obras em um único sistema, que pode ser acessado pelo celular. Qualquer revisão do projeto pode ser feita na obra", explica Morais. Com o uso da ferramenta, o responsável consegue prever, entre outras questões, o impacto que o atraso pontual de um produto ou serviço pode causar em uma ou várias obras ao mesmo tempo.
Outra plataforma que começa a se expandir no Brasil é a BIM. Embora uma sondagem feita pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) no ano passado ter apontado que apenas 9,2% das empresas brasileiras adotavam a tecnologia, ela deve avançar com a criação pelo governo, em 2017, do Comitê Estratégico de Implementação do Building Information Modelling.
Na Even, por exemplo, o BIM foi adotado apenas por parte dos fornecedores e está nas fases iniciais. Todos os desenhos de uma obra são reunidos na construção de uma planta em três dimensões, garantindo que eventuais interferências entre os diversos projetos - anteriormente desenvolvidos separadamente - sejam antecipadas, reduzindo a necessidade de ajustes e custos extras no meio da obra.
Internet das coisas
A internet das coisas, que começa a se consolidar na automação residencial e comercial, também chegou nos bastidores das obras. Um exemplo são os elevadores. Todas as unidades da fabricante Schindler já contam com uma solução digital que usa algoritmos de inteligência artificial para identificar, de forma preditiva, possíveis ocorrências na operação dos equipamentos.
As informações são compartilhadas em tempo real com o centro de operações da empresa, técnicos em campo e pelos administradores do edifício. A tecnologia foi desenvolvida em parceria com GE, Huawei, Apple e Vivo. "Com o uso do sistema, há uma efetiva redução da inatividade dos equipamentos", destaca Fabio Dans, supervisor do Schindler Ahead.
O síndico profissional Fernando Fernandes foi o primeiro a adotar a solução, em outubro do ano passado, num condomínio em Jundiaí, no interior de São Paulo. "Tivemos redução de 80% no volume mensal de atendimentos feitos pela empresa", explica. Segundo ele, o edifício conta com 160 salas, sendo que 75% estão ocupadas, com predominância de escritórios de advocacia e consultórios médicos. "Nossa frequência é de 8 mil visitantes por mês, além dos 780 funcionários que fazem, pelo menos, quatro viagens nos elevadores por dia. O uso permite intervenção da equipe de manutenção preventivamente, sem interrupção do serviço e isso é muito importante em um prédio comercial."
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