As corporações tradicionais que ganharam musculatura na era industrial usam hoje de diferentes meios para se aproximarem de startups – empresas embrionárias de base tecnológica e com produto escalável globalmente. Ao mesmo tempo, é possível perceber que startups maduras – o que não tem mais relação com o seu tempo de vida e ampla estrutura física – iniciam o movimento de compra de startups menores. E já há quem diga que chegará o tempo em que, em um movimento inverso, poderão ser as startups a comprarem as corporações ou parte delas.
É interessante observar como 2018 foi intenso para a chamada economia digital e como 2019 vem potencializando avanços em velocidade exponencial – o famoso “tudo está mudando muito rápido”. Foi no ano passado que surgiram os primeiros unicórnios (startups com valor de mercado superior a 1 bilhão de dólares) brasileiros: 99, PagSeguro, Nubank, Stone e iFood. Para 2019, a expectativa é que esse número aumente. Já se especulou mais um, a Gympass, fundada por mineiros.
Fundo bilionário
Neste mês o grupo japonês Softbank, um dos maiores fundos de investimentos no mundo, declarou seu interesse em investir na América Latina. Anunciou a criação do Innovation Fund, que se tornará o maior fundo de tecnologia focado no continente, com capital de 2 bilhões de dólares. A China também tem evidenciado o seu interesse estratégico no mercado de startups brasileiro. A Didi Chuxing comprou a 99; a Tencent realizou aporte no Nubank.
Impacto local
A Rappi, unicórnio colombiano, chegou ao país também em 2018 e está presente hoje em 15 cidades brasileiras e espera dobrar de tamanho neste ano por aqui. Está na Região Metropolitana de Belo Horizonte e expandirá para Triângulo Mineiro e Zona da Mata. O escritório de engenharia da Google está em Belo Horizonte, outras gigantes da tecnologia estão reforçando a sua presença na capital, como a Oracle e a Hitachi Vantara. Foi criado aqui, ainda no ano passado, o Mining Lab, reunindo 12 mineradoras concorrentes em um só espaço, na WeWork, fato inédito no mundo.
O Departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) tem deixado legado para a sociedade, seus alunos de alta performance estão assumindo posições estratégias em gigantes da tecnologia. O professor e investidor Nivio Ziviani foi indicado para o Conselho da Petrobras.
Com passos largos, e muitas vezes silenciosos, a economia digital avança sobre aqueles que ainda não têm a convicção de seu poder.
Aterriza
Esta colunista participa do programa Aterriza, na aceleradora de conexões Órbi Conecta, quando entrevista um nome inspirador do ecossistema de inovação de Minas Gerais. O primeiro episódio será com o professor de história e empreendedor Rafael Luiz(foto), que fundou o App Prova e participou de uma das maiores operações de edtechs (startup da área de educação) no país. Aos 29 anos, com uma solução que já alcançou 3 milhões de estudantes em mais da metade dos municípios brasileiros e depois de vender a sua startup para uma corporação, Rafael se muda para o Vale do Silício, nos Estados Unidos, para iniciar uma nova jornada. Inscrições aqui: bit.ly/Aterriza.
Agenda
» O estádio Mineirão recebe, entre os dias 20 e 23, o Voe Mulher – evento voltado para o empreendedorismo feminino, com o objetivo de inspirar e conectar mulheres. Saiba mais em voemulher.com.br.
» A Fundação Grupo Boticário lançou o seu 57º edital de apoio a projetos de proteção à biodiversidade. As inscrições podem ser feitas até o dia 31. Detalhes no site fundacaogrupoboticario.org.br.
» Uma parceria entre a siderúrgica Gerdau e a consultoria Endeavor resultou na criação do programa de aceleração de empresas Gerdau Builders. As inscrições estão abertas até 29 de abril pelo site endeavor.org.br/scaleup/gerdau-builders.