São Paulo – Cercado de expectativas, o IPO (oferta pública inicial de ações, na sigla em inglês) do Airbnb pode acabar não ocorrendo em 2019, como era previsto inicialmente. Em uma reportagem do site Business Insider, o cofundador da empresa de compartilhamento de imóveis, Nathan Blecharczyk, disse que a companhia está se preparando para o IPO, mas não confirmou se a oferta vai ocorrer neste ano.
“Não decidimos se iremos abrir a empresa em 2019”, afirmou o executivo, que seguiu com evasivas ao longo da entrevista. O mercado havia se animado após o site TechCrunch cravar, há nove meses, que o projeto para a abertura do capital estaria pronto até 30 de junho.
A contratação de Dave Stephenson, ex-vice-presidente da Amazon, para o cargo de diretor financeiro também deixou os investidores ansiosos, pois seria mais um indicativo de que a abertura de capital estaria prestes a sair. Atualmente, o Airbnb tem valor de mercado estimado em US$ 31 bilhões e é reconhecido como um dos negócios mais inovadores do mundo.
Criado há 10 anos, fatura aproximadamente US$ 3,6 bilhões e, desde então, se tornou a grande referência da economia colaborativa. Sem ter um único quarto próprio, o Airbnb é a maior rede global de hospedagem.
Apesar da indefinição quanto à data para a oferta de ações, o Airbnb vive o melhor momento de sua história. Na semana passada, comprou a rede americana HotelTonight, na sua maior aquisição até agora. O valor oficial do negócio não foi revelado, mas o mercado estimou a operação em US$ 460 milhões.
No começo de 2017, o Airbnb havia comprado a Luxury Retreats por cerca de US$ 300 milhões. Os negócios fazem parte da nova estratégia da empresa de dar mais destaque aos hotéis em seu site. Também há pouco tempo, o Airbnb lançou um programa de fidelidade, repetindo o que as grandes redes hoteleiras tradicionalmente fazem.
Com essas investidas, mais do que dobrou o número de quartos disponíveis em propriedades classificadas como hotéis boutique, alojamentos com café da manhã, albergues e resorts. Hoje em dia, o Airbnb tem mais de 6 milhões de quartos em 200 países. Há dois anos, o número de alojamentos disponíveis era de 2 milhões.
Instabilidade
O adiamento do IPO do Airbnb pode ser resultado também da desaceleração das principais economias globais e do cenário externo cada vez mais instável. Nos dois primeiros meses do ano, as empresas levantaram apenas US$ 5,4 bilhões em IPOs realizados no mundo, uma queda de 78% na comparação com o mesmo período de 2018.
Para as próximas semanas, está prevista a abertura de capital da Lyft, app de transporte sediado em São Francisco e que faz bastante sucesso nos Estados Unidos. A empresa já fez o registro público de seus títulos na Securities Exchange Comission (SEC), órgão regulador dos mercados mobiliários americanos e espera chegar a um valor de mercado entre US$ 20 bilhões e US$ 25 bilhões.
No Brasil, o mercado continua morno, embora mais promissor do que no passado recente. Espera-se para 2019 a realização de pelos menos 10 IPOs, mas o número pode ser maior se a reforma da Previdência avançar no Congresso, como esperam os investidores – principalmente os estrangeiros, que ainda estão receosos em fazer aportes vultosos no mercado brasileiro.
O mais esperado
O IPO mais esperado do mundo – e um dos que mais geram expectativas em toda a história do mercado de capitais – é o da Uber, previsto para o mês que vem. A expectativa é que a oferta inicial consiga captar US$ 120 bilhões, o que a tornaria uma das maiores de todos os tempos. A empresa fechou 2018 com lucros de US$ 11,3 bilhões e arrecadação total de US$ 50 bilhões em corridas. Mas a gigante de transporte de passageiros não vive apenas de notícias positivas. Recentemente, contabilizou perdas de US$ 3,3 bilhões em suas operações na Rússia e no Sudeste Asiático.