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Estado de Minas

Com ameaça de greve dos caminhoneiros, Petrobras freia reajuste de preço do diesel

Estatal anunciou alteração na periodicidade dos reajustes do diesel, que serão de 15 em 15 dias, e cartão para caminhoneiros abastecerem com preço fixo nos postos BR


postado em 27/03/2019 06:00 / atualizado em 29/03/2019 15:27

Caminhões parados na região da Regap. Paralisação de 10 dias em maio do ano passado gerou desabastecimento. Motoristas organizam novo protesto(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press - 21/05/18)
Caminhões parados na região da Regap. Paralisação de 10 dias em maio do ano passado gerou desabastecimento. Motoristas organizam novo protesto (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press - 21/05/18)

São Paulo e Brasília – Com os caminhoneiros articulando nas redes sociais uma nova paralisação neste fim de semana pelo não cumprimento das medidas acordadas com o governo Michel Temer, como o congelamento do preço do diesel e o tabelamento do frete, a diretoria-executiva da Petrobras aprovou alteração na periodicidade de reajuste nos preços do diesel e, agora, os valores nas refinarias da companhia, que correspondem a cerca de 54% dos preços ao consumidor final, serão reajustados por períodos não inferiores a 15 dias.

Desde o início deste ano, o preço do combustível que abastece a frota de carga do país teve aumento de 15,6% nas refinarias, onde passou de R$ 1,8545 em 1º de janeiro para R$ 2,1432 ontem.

(foto: Soraia Piva/EM/D.A Press )
(foto: Soraia Piva/EM/D.A Press )
A petrolífera disse ainda que continuará a utilizar mecanismos de proteção, como o hedge com o emprego de derivativos, cujo objetivo é preservar a rentabilidade de suas operações de refino. “A companhia manterá a observância de preços de paridade internacional (PPI), abstendo-se, portanto, de práticas que poderiam caracterizar o exercício de poder de monopólio, já que possui 98% da capacidade de refino do Brasil”.

Também ontem, a Petrobras e a BR Distribuidora anunciaram que desenvolvem uma nova forma de pagamento para os caminhoneiros que deve reduzir a volatilidade dos preços dos combustíveis. Em fato relevante, as empresas anunciaram que trabalham na criação de um cartão de pagamentos “que viabilizará a compra por caminhoneiros de litros de diesel a preço fixo nos postos com a bandeira BR”. O chamado “Cartão Caminhoneiro” será destinado aos autônomos e proprietários de frotas de caminhões.

“O diferencial que se busca é oferecer uma opção aos diversos públicos, que poderá auxiliar na gestão do risco da flutuação de preços ao consumidor”, cita o fato relevante da BR Distribuidora O cartão ainda está em desenvolvimento e as empresas acreditam que a conclusão deverá ocorrer nos próximos 90 dias.

A nova forma de pagamento para proteger caminhoneiros das oscilações de preço foi anunciada ao mesmo tempo em que a diretoria executiva da Petrobras divulgou, na manhã desta terça-feira, 26, a alteração na periodicidade de reajuste nos preços do diesel nas refinarias, que, a partir de agora, serão atualizados por períodos não inferiores a 15 dias.

Mobilização

A movimentação dos caminhoneiros para dar início a uma greve nacional no sábado perdeu força. Se ocorrer, se limitará a paralisações pontuais. A opinião é de Wallace Landim, o Chorão, presidente das associações Abrava e BrasCoop, que representam a classe de caminhoneiros. Landim, que passou a ter entrada no Palácio do Planalto e tem se reunido com ministros do presidente Jair Bolsonaro, afirmou que Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Rio Grande do Norte estão entre aqueles que já sinalizaram que não aprovam paralisação, para aguardarem uma posição firme do governo sobre os três itens centrais de sua pauta: mais rigor na cobrança de fretes pagos pelos donos da carga, reajuste mensal do preço do óleo diesel e construção das paradas para descanso dos motoristas.

“É preciso reconhecer que o governo está mobilizado, para nos atender. Por isso, acho que uma paralisação neste momento não ajuda em nada. O presidente Bolsonaro, me disseram ministros, deve anunciar um posicionamento para nós nesta semana. Nós apoiamos a eleição do presidente, então é preciso aguardar um pouco”, disse Landim. Nas duas últimas semanas, o líder dos caminhoneiros teve reunião em Brasília com o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. Landim também teve encontro com a diretoria da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e, na sexta-feira, se reuniu com o secretário-executivo do Ministério da Infraestrutura, Marcelo Sampaio.

Divididos

 Sua opinião sobre a greve ainda não é um consenso. Os caminhoneiros estão divididos entre outros itens que, segundo Landim, não têm nenhuma relação com o setor. “A todo momento, recebo pedidos para que a gente atue para bloquear a reforma da Previdência. Outra hora é para pedirmos uma ‘limpeza’ no Supremo. Isso não ajuda a gente. O que temos a ver com isso?”, questiona.

Dentro da pauta dos motoristas, Landim defende que a classe crie cooperativas de caminhoneiros, para que o motorista acabe com a intermediação de transportadoras. “Temos que nos unir para retirar esses atravessadores, para que a gente possa negociar diretamente com os donos dos grãos”, comentou. Os caminhoneiros, no entanto, também estão divididos sobre esta proposta.

O governo tem monitorado as primeiras movimentações de caminhoneiros no país. O acompanhamento é feito pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI). As investigações apontaram o início de uma articulação por meio de mensagens de WhatsApp. Na pauta de reivindicações da classe estão três pleitos. O primeiro pedido diz respeito ao piso mínimo da tabela de frete. Os caminhoneiros reclamam que as empresas têm descumprido o pagamento do valor mínimo e cobram uma fiscalização mais ostensiva da ANTT. O segundo item da pauta é o preço do óleo diesel. Os caminhoneiros querem que o governo estabeleça algum mecanismo para que o aumento dos combustíveis, que se baseia em dólar, seja feito só uma vez por mês, e não mais diariamente. O terceiro item diz respeito à construção de mais estruturas para paradas de descanso para os caminhoneiros, ao longo das estradas.

 


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