O economista-chefe do Banco Central Europeu, Peter Praet, afirmou que as taxas de juros negativas mantidas pela instituição têm sido "extremamente úteis" para apoiar a economia da zona do euro e, acrescentou, é "difícil" dizer se elas permanecerão nesse nível por ainda mais tempo do que se espera atualmente.
Ainda que sejam apontadas constantemente como um fator diretamente ligado à queda da lucratividade dos bancos na área da moeda comum, o franco-alemão defendeu que os efeitos das taxas negativas "também são bons" para as instituições financeiras. "Se os seus clientes (na economia real) se dão melhor, é bom para eles [os bancos]", comentou em entrevista à Bloomberg TV.
Segundo Praet, que em maio será substituído pelo irlandês Philip Lane, o BCE não vê, por ora, "nada de especial", ou seja, nenhum problema na concessão de empréstimos na zona do euro.
Por outro lado, ele reconheceu que a perspectiva de que os juros fiquem baixos "por ainda mais tempo" precipitou um debate sobre os efeitos colaterais desse quadro monetário.
Ele evitou responder, contudo, se o BCE está mesmo decidido a aplicar um sistema de "camadas" para a taxa de depósito - hoje em -0,40% -, que aliviaria parcialmente os bancos da parcela paga à autoridade monetária para depositar o seu excesso de liquidez no overnight. "Não se pode só concluir que vamos fazer o sistema de camadas só porque a economia está desacelerando e as taxas vão ficar negativas por mais tempo."
Praet admitiu, ainda assim, que a possibilidade está sendo estudada. "A questão precisa ser estudada cautelosamente."
ECONOMIA