O diretor de Fiscalização do Banco Central (BC), Paulo Souza, afirmou nesta quinta-feira que o lucro líquido registrado pelos bancos ao fim de 2018, de R$ 98,5 bilhões, foi o maior da história, em termos nominais, ou seja sem descontar a inflação. O montante corresponde a aumento de 17,40% em relação ao verificado em 2017.
Souza pontuou que o BC sempre acompanhou o lucro dos bancos, mas, como houve mudanças monetárias ao longo do tempo, é possível afirmar, para fins de comparação, que o resultado do ano passado é o maior desde a adoção do real, em 1994. Segundo o diretor de fiscalização do BC, o principal fator para o aumento do lucro líquido das instituições financeiras foi a redução, em cerca de R$ 20 bilhões, das despesas com provisões no ano passado, em relação a 2017.
Souza afirmou ainda que as instituições somam hoje patrimônio líquido total de R$ 800 bilhões. "É o maior nível de capitalização desde 1994, em termos nominais", disse. Os dados do BC mostraram que o Retorno sobre Patrimônio Líquido (ROE) dos bancos atingiu 14,8% ao ano em 2018. O percentual é o maior em sete anos, desde 2011. De acordo com o diretor do BC, apesar de a rentabilidade ter crescido nos últimos anos, para perto dos 15%, não existe hoje muito mais espaço para que ela continue aumentando. "A gente considera que isso se estabilizou", disse.
Garantias
A estabilização ocorre porque o sistema ainda precisa passar por uma melhora de garantias. "A instituição não consegue ampliar as concessões de crédito sem melhorar as garantias", disse. "Com garantias melhores, aí sim você consegue reduzir mais as provisões. Mas isso vai demorar uns dois anos ainda (para acontecer)", afirmou, em referência ao efeito de medidas estruturais já tomadas pelo BC, como a adoção das duplicatas eletrônicas.
Souza citou ainda que, no Brasil, de cada R$ 1 que não é pago, ocorre recuperação de apenas R$ 0,13 pelos bancos. "Em outros países, chega a ser R$ 0,75. E essa é uma realidade histórica que não vai ser mudada sem um arcabouço jurídico." Apesar de os bancos terem uma rentabilidade próxima de 15% no Brasil, o diretor do BC afirmou que o sistema financeiro do país não é nem o mais rentável, nem o menos rentável. "Está na média", disse. "No bloco de países emergentes, a rentabilidade do Brasil está bem próximo da média."