O presidente da República, Jair Bolsonaro, admitiu que determinou a suspensão do reajuste de 5,7% no preço do diesel (o litro passaria de R$ 2,1432 para R$ 2,2662), anunciado pela Petrobras. O novo valor começaria a ser cobrado nesta sexta-feira, 12, mas vai ficar suspenso até que os técnicos da estatal justifiquem ao presidente a necessidade do aumento.
"Eu liguei para o presidente sim. Me surpreendi com o reajuste de 5,7%. Não vou ser intervencionista. Não vou praticar a política que fizeram no passado, mas quero os números da Petrobras", afirmou Bolsonaro.
Se fosse efetuada, a alta divulgada na quinta-feira seria a maior desde que os presidentes da República e o da petroleira, Roberto Castello Branco, assumiram os cargos.
Até então, a maior alta tinha sido de 3,5%, registrada no dia 23 de fevereiro. Com exceção desses dois casos, os preços variaram em intervalos de 1% a 2,5%. Para Bolsonaro, o valor não corresponde com a inflação projetada para o período.
"Convoquei para terça-feira todos da Petrobras para me esclarecer o porquê dos 5,7 quando a inflação projetada para este ano está abaixo de 5%. Só isso e mais nada. Se me convencerem, tudo bem. Se não me convencerem, vamos dar a resposta adequada a vocês", afirmou Bolsonaro.
As ações da Petrobras abriram em queda de mais de 5% nesta sexta-feira, reflexo da decisão da companhia de suspender o reajuste no preço do diesel horas depois de anunciá-lo. No período da manhã, o vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que a decisão de suspender o reajuste partiu do presidente.
Em março, a Petrobras se comprometeu a congelar o preço do óleo diesel nas refinarias por pelo menos 15 dias. Por causa da política de preços dos combustíveis da estatal, os caminhoneiros pararam o País, em maio do ano passado. Neste início de ano, com o petróleo em alta, o diesel voltou a ser uma ameaça e mais uma vez a classe avalia cruzar os braços.
A mudança na política de preço dos combustíveis foi adotada na gestão do ex-presidente da companhia Pedro Parente, que determinou a revisão diária da tabela nas refinarias, em linha com o mercado internacional. Sem saber o preço que pagaria pelo combustível no fim de uma viagem, os caminhoneiros entraram em greve. Além disso, para encerrar os protestos, o governo ainda subsidiou por um semestre.
Apenas em 2019, o diesel voltou a ser reajustado periodicamente, semanalmente. Nesta terça, sob ameaça de nova greve, a Petrobras anunciou que vai manter os preços inalterados por, pelo menos, mais uma semana.
"Eu estou preocupado com o transporte de carga, com os caminhoneiros. São pessoas que realmente movimenta as riquezas. Queremos um preço justo para o óleo diesel"", disse Bolsonaro.