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Estado de Minas

Venda da Netshoes vai acelerar a consolidação do e-commerce

Troca de comando do maior site de artigos esportivos da América Latina vai redesenhar o jogo do varejo on-line no país. Novo dono terá de assumir dívidas de US$ 37 milhões


postado em 15/04/2019 06:00 / atualizado em 15/04/2019 09:15

No Brasil, a Netshoes é top of mind no mercado on-line de produtos esportivos(foto: Reprodução/Internet)
No Brasil, a Netshoes é top of mind no mercado on-line de produtos esportivos (foto: Reprodução/Internet)

Nos próximos dias, os brasileiros conhecerão o novo dono da Netshoes, maior e-commerce de artigos esportivos da América Latina, fundado pelo empresário Marcio Kumruian há 19 anos.

A rede Magazine Luiza, uma das estrelas da bolsa nos últimos anos, e a B2W, dona da Submarino, Shoptime e Americanas.com, estariam em negociações para a aquisição da companhia.

Atualmente, o valor de mercado da Netshoes é de cerca de US$ 73 milhões, muito abaixo dos US$ 558,5 milhões que valia há dois anos, quando abriu capital na bolsa de Nova York.

Além de desembolsar pela compra, o novo proprietário terá de assumir dívidas que somam US$ 37 milhões – algo em torno de R$ 140 milhões.

“Tanto para a B2W quanto para o Magazine Luiza, esses valores são dinheiro de pinga”, disse o economista Marco Hardt, especializado em gestão de varejo, da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fesp-SP). “O negócio representará um dos mais importantes deste ano, dentro de um processo de consolidação do e-commerce brasileiro.”

No ano passado, a B2W contabilizou faturamento de US$ 1,6 bilhão, cerca de R$ 6 bilhões pela atual cotação do dólar frente ao real. Já o Magazine faturou R$ 19,7 bilhões em 2018, considerando lojas físicas, comércio eletrônico e marketplace.

“A empresa poderia aproveitar a oportunidade para entrar no negócio de vestuário e calçados, seguindo os passos da Amazon no Brasil”, afirmaram os analistas da corretora Brasil Plural, em nota de análise de mercado enviada a seus clientes.

Embora confirme a negociação, a B2W, que contratou a assessoria do banco BTG Pactual, garante que ainda está analisando a aquisição e que, por enquanto, não há nenhuma definição de valores para uma oferta firme.

“Não há, até o momento, qualquer decisão da companhia sobre uma eventual aquisição de ações, tampouco qualquer documento vinculante”, afirmou, em resposta a questionamento da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em relação a reportagens publicadas pela imprensa durante toda a semana, e que citavam que B2W e Magazine Luiza disputam a Netshoes. Procurado, o Magazine Luiza não comentou.

Não é de hoje que a Netshoes é alvo de potenciais compradores. O site, na prática, nunca deu lucro e é considerado pelos analistas de mercado uma operação inviável, se não houver reestruturação do modelo de negócio.

Com capital aberto nos EUA, a Netshoes tem sofrido com a desconfiança de investidores, já que, desde a abertura de capital, em abril de 2017, com a cotação de US$ 14,50, hoje vale US$ 2. Ao longo do tempo, seus papéis chegaram a subir de forma consistente e chegou a valer US$ 24,50. O problema é que os balanços da empresa não despertam o sorriso de nenhum investidor.

A Netshoes acumula prejuízos líquidos de quase R$ 300 milhões entre os anos de 2014 e 2017. Os resultados dos três primeiros trimestres do ano passado sinalizaram aceleração das perdas.

TROPEÇOS No terceiro trimestre de 2018, o prejuízo da Netshoes quase triplicou. Apesar de ter contabilizado um crescimento de 18,2% no número de clientes no período de 12 meses, encerrado em setembro, o faturamento líquido da companhia encolheu 3,2%, a R$ 417,8 milhões.

Para tentar reverter a trajetória negativa, a Netshoes vendeu sua operação no México no ano passado e encerrou seu negócio B2B, focado em transações para clientes corporativos, para focar no B2C, a venda para clientes pessoa física. O balanço da Netshoes referente a 2018 deverá ser divulgado nesta segunda quinzena de abril, mas ainda sem data definida.

A Netshoes é top of mind no mercado on-line de produtos esportivos, porém, tem demonstrado pouca habilidade em se consolidar em mercados fora do país. As vendas no México e na Argentina são pífias, em comparação ao seu desempenho no Brasil. Além disso, a empresa tropeçou em segmentos como o de vitaminas e suplementos para atividade física.


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