O clima na audiência da Comissão Especial da Reforma da Previdência, na Câmara dos Deputados, esquentou no começo da noite desta quarta-feira, com bate-boca entre o ministro da Economia, Paulo Guedes e parlamentares. Irritado, por ter sido questionado sobre questões de quando atuava no setor privado, Guedes disparou: “Se eu 'Googlar' dinheiro na cueca vai aparecer muita coisa”.
Na sequência, ele emendou dizendo que sabe que quando anoitece o clima na comissão passa a ser “pessoal”. “Depois das seis horas a baixaria começa, eu já entendi o funcionamento da Casa”.
A fala de Guedes foi seguida de gritos e troca de acusações e precisou da intervenção do presidente da Comissão, deputado Marcelo Ramos (PR-AM). “Isso aqui tem um comando e a presidência vai tomar o comando dos trabalhos”, disse.
Na sequência, o presidente da comissão voltou a pedir a Paulo Guedes que se atente as respostas relacionadas à reforma da Previdência e que os parlamentares também não tratem de outros assuntos. “Se eu for exigir desculpas dele, vou ter que exigir desculpas de quem levantou cartaz”, disse.
Ao longo da tarde, integrantes da bancada do PSOL levantaram um cheque gigante em que insinuaram que Guedes , com a reforma, dá um cheque em branco aos bancos.
Mais cedo, no primeiro momento de tensão durante a audiência pública sobre a reforma da Previdência, o ministro da Economia, Paulo Guedes, provocou a oposição ao dizer que, ao aprovar a proposta, o Brasil irá para um caminho de prosperidade, e, não, para a mesma rota trilhada pela Venezuela.
"Quem fica 16 anos no poder não tem o direito de virar agora, com quatro ou cinco meses, e dizer que há milhões e desempregados, falta de crescimento", rebateu o ministro. Ele citou ainda os rombos na Petrobras, nos Correios e nos fundos de pensão dessas estatais. "Quebraram mesmo muita coisa", exclamou.
A resposta veio acompanhada da indireta aos parlamentares cujos partidos apoiam o regime atual da Venezuela.
Opositores reagiram e um burburinho se formou no plenário da comissão. Guedes tentou então dizer que não estava falando do ponto de vista político, mas, sim, econômico. O ministro chegou a elevar a voz, e sob o risco de um bate-boca maior, o presidente da comissão, deputado Marcelo Ramos (PR-AM), interveio.