A possibilidade de mudanças no Minha Casa Minha Vida (MCMV) por parte do governo de Jair Bolsonaro causou insegurança entre investidores do setor da construção civil.
A medida pegou empresários de surpresa, pois não foram chamados para discutir o teor das possíveis alterações no programa habitacional, que tem sido o motor do mercado imobiliário nos últimos anos.
"A comunicação foi muito ruim. Criou uma sensação de insegurança e um mal-estar muito grande entre investidores", afirmou em entrevista ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, Rubens Menins, presidente do conselho de administração da MRV, maior incorporadora do País e maior operadora do Minha Casa Minha Vida.
A insegurança a que se refere o executivo diz respeito à falta de detalhes da proposta, que foi divulgada pela imprensa antes de ser esmiuçada, com informações técnicas, à classe empresarial.
Os ajustes no MCMV estão sendo tocados pelos ministérios do Desenvolvimento Regional e Economia, e também pela Caixa Econômica Federal.
Outro problema é a falta de clareza, até aqui, se as mudanças em discussão se referem a todo o programa habitacional ou a alguma das faixas de atendimento.
"Como querem fazer um programa de habitação sem chamar as associações de classe, as construtoras, que vão cuidar das obras? A coisa começou torta", advertiu Menin. "Fazer projeto dentro dos gabinetes, sem conversar com as associações, é receita para o fracasso", lamentou.
Menin disse que as faixas 2 e 3 do MCMV continuam rodando bem, com lançamentos e vendas saudáveis. O segmento conta com financiamento do FGTS e vendas livres no mercado, com um porcentual baixo de subsídio aos compradores.
Já a faixa 1 do MCMV sofre há anos com paralisações devido à falta de recursos públicos para financiar as obras. Neste segmento, o Tesouro subsidia até 90% do valor dos imóveis, que são repassados a beneficiários cadastrados nas prefeituras.
Menin defendeu que o governo faça uma distinção clara das faixas ao tratar do programa habitacional. "O governo precisa separar essas diferenças. Ele deve tratar a faixa 1 como achar melhor, pois é política nacional de habitação. As faixas 2 e 3 funcionam dentro do mercado e não precisam de interferência", argumentou. A MRV Engenharia atua apenas nas faixas 2 e 3 do MCMV.
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