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Estado de Minas

Rede mineira entra na briga por sites de artigos esportivos

Centauro oferece US$ 87 milhões por Netshoes, o maior e-commerce do segmento na América Latina, valor 40% maior do que o proposto pelo Magazine Luiza


postado em 24/05/2019 06:00 / atualizado em 24/05/2019 08:34

A Centauro é uma das maiores redes varejistas de materiais esportivos do país(foto: Daniel Ferreira/CB/D.A Press)
A Centauro é uma das maiores redes varejistas de materiais esportivos do país (foto: Daniel Ferreira/CB/D.A Press)

São Paulo – O empresário Sebastião Bomfim, fundador do Grupo SBF e controlador da rede varejista de materiais esportivos Centauro, costurou nas últimas semanas – discretamente, como manda a etiqueta mineira – a mais agressiva manobra dos 38 anos de existência da companhia.

Ontem, três semanas depois da assinatura de um acordo para a venda do site de artigos esportivos Netshoes para a rede Magazine Luiza, a Centauro oficializou uma oferta de compra do maior e-commerce do segmento na América Latina por um valor 40% superior.

Em comunicado ao mercado, o grupo SBF informou que ofereceu US$ 2,80 por ação da Netshoes, que tem capital aberto em Nova York. Isso representa US$ 87 milhões, contra US$ 62 milhões do contrato com a empresa comandada por Frederico Trajano.

De acordo com o comunicado da SBF, a operação de compra de todas as ações do capital social da Netshoes foi aprovada por unanimidade pelo conselho de administração. E a decisão agitou o mercado. No meio da tarde de ontem, as ações da Netshoes em Nova chegaram a subir 43,8%.

Sebastião Bomfim, fundador do Grupo SBF, foi o responsável pela manobra de compra da Netshoes(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press )
Sebastião Bomfim, fundador do Grupo SBF, foi o responsável pela manobra de compra da Netshoes (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press )

A conclusão da compra do site de artigos esportivos pelo Magazine Luiza estava em modo “standby”, ou seja, aguardando o sinal verde dos acionistas da Netshoes e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Poucas horas antes da proposta da Centauro, o Cade havia endossado a união das operações.

Antes de formalizar a venda no Brasil, a Netshoes se desfez da operação no México e da Argentina. Os dois países foram citados, na época do IPO (oferta pública inicial de ações, na sigla em inglês), como destino da aplicação dos recursos levantados na operação.

A Netshoes abriu seu capital na bolsa de Nova York em 2017, precificando suas ações em US$ 18. Na época, a empresa captou cerca de US$ 140 milhões com a operação.

Seja quem for o vencedor da disputa pela Netshoes, o valor do negócio é considerado baixo pelo porte e potencial da loja virtual. De acordo com a XP Investimentos, em cálculo feito antes do início das negociações, a compra poderia valer US$ 107 milhões.

Essa conta considera o endividamento na casa dos US$ 37 milhões ao fim do terceiro trimestre de 2018 (o mais recente disponível), acrescentado do valor de mercado, próximo dos US$ 70 milhões. Com a contínua queda das ações, o preço pode ser mais baixo.

POTENCIAL


A dívida, por outro lado, pode crescer, pois a Netshoes ainda não anunciou os resultados do quarto trimestre do ano passado. Segundo a empresa, isso deve acontecer em uma semana. “Quem levar a Netshoes, levará um ativo barato.

O mercado se desencantou com a empresa e, quando isso acontece, é difícil reverter”, diz Alberto Serrentino, fundador da consultoria Varese Retail. “Mas o comprador vai levar um negócio com potencial de valorização e uma estrutura robusta. No dia seguinte à compra, ela já estará valendo mais”.

De acordo com Serrentino, a Netshoes tem uma boa reputação de marca e alcançou bom nível de serviço, incluindo os processos de pós-venda e entregas, além de um faturamento anual bilionário, porém, insuficiente para gerar lucro.

Em 2018, a empresa atingiu receita líquida de R$ 1,2 bilhão, queda de 1,7% em comparação ao mesmo período de 2017. “Quem levar poderá evoluir para um modelo de negócios por ecossistema, uma migração do varejo para se tornar plataforma de serviços e negócios”, afirma Serrentino.

Esse conceito prega que, em vez de deter os produtos que serão vendidos em um grande centro de distribuição, a empresa possa ser um marketplace que interliga vendedores e compradores. Procuradas, Centauro e Netshoes não comentaram as negociações.


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