O BTG Pactual mostrou que sua plataforma digital é, hoje, sua grande aposta: para comandar a área, tornou sócio sênior um dos nomes mais respeitados do mercado de tecnologia. Amos Genish, ex-presidente da Vivo, estará à frente de uma operação que unirá as iniciativas digitais com o varejo do banco.
"Amos se diferenciou pelo conhecimento em tecnologia, inovação e serviços ao cliente e isso motivou o início de nossas conversas", disse Roberto Sallouti, presidente do BTG Pactual. Depois de uma negociação de seis semanas, Genish chega ao BTG com uma posição acionária de cerca de 1,5%, conforme apurou o Estadão/Broadcast, e com a missão de fazer o BTG atingir a posição de 6.º maior banco de varejo do Brasil.
Segundo Sallouti, a meta não significa que o banco irá brigar por correntistas ou agentes autônomos. "Iremos olhar a satisfação do cliente", disse. Ele não abriu números, mas disse que os clientes "dobraram nos últimos três a quatro meses".
A unidade digital de varejo vai reunir a plataforma de investimentos, o BTG Digital; seguros; serviços a pequenas e médias empresas, feitos por meio de sua participação no Banco Pan; e ainda abrangerá crédito ao consumo. Para Sallouti, o objetivo é ampliar a participação em um segmento de alto crescimento e margens.
Como parte de sua estratégia, o BTG pretende, aos poucos, colocar os serviços bancários para dentro da plataforma digital. Segundo Marcelo Flora, sócio responsável pelo BTG Pactual Digital, até o fim do ano ela deverá passar a aceitar o pagamento de contas. Depois, devem vir cartões de crédito e débito.
De acordo com Genish, a intenção é, assim, ser um banco "full service". Ao longo dos últimos meses, ele visitou fintechs na Europa e notou a mudança em curso no setor."O consumidor está puxando essa demanda por bancos mais digitais", disse.
Para ele, o momento se mostra adequado para o BTG avançar na digitalização, visto que o entorno regulatório é favorável. Ao contrário de fintechs, disse Genish, a unidade terá a robustez financeira do banco e capacidade de realizar investimentos.
Sua chegada ocorre cerca de três meses depois de o BTG trazer o ex-ministro da Fazenda Eduardo Guardia para comandar a gestora de recursos, a BTG Pactual Asset Management. Segundo Saloutti, tanto Genish quanto Guardia entraram no comitê executivo do banco, mas o grupo dos principais sócios segue o mesmo.
Mercado. Para o economista Roberto Troster, os bancos tradicionais que ensaiam entrar no mundo digital têm como desafio mudar a mentalidade. "Ser digital não é apenas questão de investimento em tecnologia", afirmou. "O grande desafio é mudar a organização, a qualidade do atendimento e o modelo de negócio como um todo."
De acordo com o estudo Banking Technology Vision 2019, da consultoria Accenture, o principal motivo para os bancos adotarem novas tecnologias é recuperar a intimidade com o cliente, uma tentativa de replicar no mundo online a experiência de frequentar uma agência de bairro. Além disso, os investimentos em ferramentas ajudam as instituições "mapear" oportunidades e as necessidades ainda não atendidas de seus clientes.
"Os grandes bancos ganham vantagem com a aproximação do mundo digital porque atingem inovação de forma mais rápida, com escala e custo bem menor", diz Caio Ramalho, coordenador do MBA em Private Equity, Venture Capital e Investimentos em Startups da FGV.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
ECONOMIA