Graças à produção das fazendas de Minas Gerais e do Brasil, houve mais contratações do que demissões em maio, notícia positiva na impressão de alívio dada pelos números do mercado formal de trabalho, mas que perdeu força num dia em que o Banco Central (BC) admitiu, com sua revisão da taxa de crescimento para o país, que a economia parou de reagir.
O país criou 32.140 vagas formais no mês passado, como resultado de 1.347.304 admissões e 1.315.164 desligamentos, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (caged) da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia.
O país criou 32.140 vagas formais no mês passado, como resultado de 1.347.304 admissões e 1.315.164 desligamentos, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (caged) da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia.
Minas contribuiu com o maior saldo no país, já que a diferença entre contratações e cortes de empregos alcançou 18.380 postos de trabalho com a carteira assinada em maio. Dos outros 18 estados, onde os dados foram positivos, tiveram destaque o Espírito Santo, com abertura de 9.384 vagas além das demissões e São Paulo, com 6.023 ocupações a mais que as dispensas, nessa ordem.
A pesquisa do Caged identificou que o impulso nas admissões país afora veio da agropecuária, ou seja partiu de dentro das propriedades rurais, que responderam por 37.373 novos empregos formais, aumento de 2,39% perante abril. Em Minas, elas criaram 15.066 vagas a mais que as demissões, quer dizer representam quase 82% do saldo total de empregos observados no estado. Atrás do campo, o comércio teve sua contribuição com 1.374 vagas para o saldo de Minas, seguido da construção civil, com 1.197 oportunidades a mais que as dispensas.
Em Minas e todo o país, os cultivos do café e da laranja foram as atividades determinantes na geração do emprego formal, o que explica a importância das vagas abertas em solo mineiro, maior produtor de café do país e grande fornecedor de laranja. Contudo, como manda o ditado que diz que é preciso ir devagar com o andor quando o santo é de barro, os números do Caged têm de ser vistos com cuidado, já que a produção agrícola mineira e brasileira está em plena colheita, o que significa um período sazonal e já esperado da geração de empregos.
Embora o café e a laranja sejam culturas permanentes e de longo prazo, há momentos de intensificação da necessidade de mão de obra e de baixa do trabalho braçal e na direção de máquinas nas lavouras. Positivo é que além desses grandes cultivos, o saldo do emprego formal em Minas foi também influenciado pela colheita de tangerina, cana-de-açúcar e de uma variedade de hortaliças, como destaca Aline Veloso, coordenadora da Assessoria Técnica da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg).
“O resultado de maio já era esperado e mostra que o setor agropecuário mantém a sua atividade. É uma sazonalidade bastante importante nas admissões de mão de obra”, afirmou a especialista da Faemg. Essa importância se reflete na força do agronegócio como um todo (aqui, considerando-se toda a cadeia da produção, desde a fabricação dos insumos, passando pelas fazendas e alcançando a indústria do processamento dos alimentos) em Minas. O agronegócio participou com 34% do Produto Interno Bruto (PIB, a soma da produção de bens e serviços) do estado em 2018.
Cidades marcantes Os números do Caged identificaram que a massa de empregos gerados se deu justamente em municípios mineiros que são fortes produtores de café (Guaxupé, Campo Belo, Três Pontas, Caratinga e Três Corações) e outras cidades essenciais ao bom desempenho do setor agrícola, a exemplo de Patrocínio, Araguari e João Pinheiro. A intensa geração de vagas formais, para Aline Veloso, da Faemg, é também prova de que existindo um cenário favorável para a produção no país existe fôlego e interesse da agropecuária em investir.
“Algumas reformas precisam ser implementadas, como a da Previdência, até para garantir sinalizações positivas para investimentos”, afirma a coordenadora da Assessoria Técnica da Faemg. Segundo Aline Veloso, os empregos gerados na agropecuária demonstram que o setor acredita num horizonte positivo no país para trabalhar.
Em contraposição, municípios industrializados e que têm no setor de serviços boa parte da sua sustentação de emprego e renda, como Belo Horizonte e Betim, amargaram queda do emprego formal em maio. Na capital mineira, o saldo do emprego formal foi negativo em 1.728 vagas, e na vizinha Betim houve 139 demitidos a mais que os contratados.
De janeiro a maio, Minas teve saldo positivo de 75.175 vagas formais, como resultado de 797.109 admissões e 721.934 desligamentos. Os serviços responderam pela maior parte dos empregos gerados, com 31.246 postos de trabalho abertos no período, seguidos da agropecuária, com 27.381; indústria, 13.385 oportunidades; e a construção civil, com 11.861 empregos. No Brasil, no acumulado dos cinco primeiros meses do ano, o saldo do Caged é positivo em 351.063 vagas.
Cervejaria abre mais 600 postos em Minas
O Grupo Petrópolis, que produz cervejas como Itaipava, Petra e Crystal, vai dobrar a produção da fábrica que está sendo instalada em Uberaba, no Triângulo Mineiro. O investimento é de R$ 1 bilhão.As obras estão em curso, com a inauguração prevista para julho de 2020. De acordo com a empresa, a repercussão da instalação foi muito positiva e justifica a ampliação da linha de produção. A expectativa é criar 600 postos de emprego diretos.
Segundo comunicado, a decisão ocorreu depois de encontro da diretoria do Grupo Petrópolis com representantes do governo de Minas Gerais. O governador Romeu Zema, em entrevista ao Estado de Minas, adiantou a decisão da fábrica de expandir o projeto inicial.
A unidade industrial passará a produzir 9 milhões de hectolitros de cerveja por ano, sendo a maior do grupo. A empresa mira no mercado consumidor mineiro, responsável pelo consumo de 13,8% de toda a cerveja produzida no país. A localização do estado, detentor da maior malha rodoviária do país, também motivou a instalação. O Grupo Petrópolis tem capital 100% nacional.
Análise da notícia
Até quando?
Não há motivo nem sequer para comemoração dos resultados do emprego formal em Minas e no Brasil em maio. Além de números ligados à sazonalidade, quer dizer, nada garante que vão se repetir ou firmar tendência, o país está diante de um insistente ritmo fraco da atividade econômica e também não há o que comemorar em respeito aos milhares de desempregados.
É gente trabalhadora que espera desde o começo do ano iniciativas de fôlego para voltar a trabalhar e a priorização do gasto público em favor da geração de empregos. No primeiro trimestre, 2,9 milhões de pessoas em Minas estavam num grupo que sempre é lembrado, mas nas campanhas eleitorais: desempregados, subocupados com jornada de trabalho inferior às 40 horas semanais legais no Brasil, e aqueles disponíveis, mas que não conseguem vaga. A situação é tão grave que 426 mil no estado se renderam ao desalento e desistiram de procurar trabalho. Até quando?
É gente trabalhadora que espera desde o começo do ano iniciativas de fôlego para voltar a trabalhar e a priorização do gasto público em favor da geração de empregos. No primeiro trimestre, 2,9 milhões de pessoas em Minas estavam num grupo que sempre é lembrado, mas nas campanhas eleitorais: desempregados, subocupados com jornada de trabalho inferior às 40 horas semanais legais no Brasil, e aqueles disponíveis, mas que não conseguem vaga. A situação é tão grave que 426 mil no estado se renderam ao desalento e desistiram de procurar trabalho. Até quando?