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Estado de Minas FONTES RENOVÁVEIS

Furnas não quer mais pagar conta de luz; recurso vai para usinas solares

Primeiro passo foi dado com a assinatura de contrato para suas primeiras usinas solares; projeto será ampliado e deve gerar 14MW, o suficiente para atender ao consumo próprio


postado em 02/07/2019 06:00 / atualizado em 02/07/2019 08:48

Primeiros painéis fotovoltaicos serão instalados em área da Usina de Anta, na divisa de Minas com o Rio de Janeiro, com investimento inicial de R$ 11,16 milhões(foto: Furnas/Divulgação)
Primeiros painéis fotovoltaicos serão instalados em área da Usina de Anta, na divisa de Minas com o Rio de Janeiro, com investimento inicial de R$ 11,16 milhões (foto: Furnas/Divulgação)
São Paulo – Furnas confirmou ontem a assinatura do contrato para a construção de suas primeiras usinas solares (ou fotovoltaicas). Será a primeira vez que a companhia entrará no chamado autoconsumo remoto de geração distribuída – essa energia será para consumo próprio. O projeto contará com três usinas fotovoltaicas de potencial nominal de 1 MW cada. Elas são construídas em áreas próxima à UHE Anta, no rio Paraíba do Sul – divisa entre Minas Gerais e Rio de Janeiro.

O objetivo do projeto é reduzir em aproximadamente 40% os gastos anuais com energia elétrica no escritório central da companhia, no Bairro de Botafogo, Zona Sul do Rio de Janeiro. Esta é a maior conta de energia entre todas as operações da companhia. Serão pelo menos nove meses até o projeto estar completamente implantado. Segundo cálculos da companhia, o início da geração comercial deve acontecer ainda no primeiro trimestre de 2020.


RETORNO RÁPIDO


As usinas de energia solar serão instaladas em uma área que faz parte da concessão da Light. Como o custo de conexão entre o parque solar e a Light é baixo, a expectativa é de um retorno rápido. O investimento será de R$ 11,160 milhões e cálculos apontam que esse recurso estará pago depois de cinco anos de operação da nova modalidade de produção de energia.

Mas o plano de Furnas é bem mais ambicioso do que o anunciado ontem, como conta Rodrigo Calixto, superintendente de empreendimentos de geração de Furnas.

Segundo Calixto, o objetivo é ampliar o projeto de geração de energia solar para atender outras áreas de Furnas. “Já temos um projeto para uma segunda planta no interior do Rio de Janeiro, em uma área de atuação da Enel. Depois a ideia é expandir a geração fotovoltaica para Minas Gerais, São Paulo e demais áreas onde atuamos. Queremos zerar a conta de luz nas unidades de Furnas”, explica o executivo.


PROJETOS ESTADUAIS


Para zerar toda a conta no escritório central, seria necessário produzir entre 8MW e 9MW. Mas para alcançar o objetivo de abranger toda a operação, será necessário produzir entre 13MW e 14MW, incluindo as concessionárias. A estratégia da companhia é fazer projetos específicos de geração de energia fotovoltaica para cada estado onde furnas está presente. “Dependendo das aprovações, esperamos que nos próximos dois a três anos estejamos com as contas de energia zeradas”, afirma Calixto.

Apesar de a área de abrangência de Furnas ser grande, o executivo garante que há dinheiro em caixa para tirar os projetos do papel. Isso porque, segundo ele, o investimento em cada unidade fotovoltaica não é tão elevado.

EM ESTUDO


Atualmente, há três estudos em andamento para se verificar a viabilidade dos projetos de energia fotovoltaica. Em uma etapa seguinte, será preciso ter a aprovação para execução entre Furnas e Eletrobras. O início da construção está previsto para acontecer a partir de 2021, segundo o desenho feito para o projeto. “Estamos iniciando com uma usina pequena, mas é uma experiência nova, um piloto muito importante para balizar o que virá por aí”, conta o executivo.

Calixto explica a razão de Furnas ter decidido agora se aproximar da geração fotovoltaica. Segundo o executivo, essa foi uma forma de ganhar experiência em uma modalidade onde a companhia ainda não atua. “Historicamente, atuamos com hidrelétricas e já tivemos experiência em eólicas.

Agora, o futuro sinaliza que boa parte da expansão do setor elétrico vai ser por meio da energia solar. Os planos decenais indicam essa tendência e os leilões têm registrado um grande número de projetos inscritos de energia fotovoltaica”, detalha.

No entanto, o executivo pondera que a energia fotovoltaica não está na base do negócio, mas se posiciona como uma fonte complementar.

CONSÓRIO RESPONSÁVEL


A obra desse primeiro projeto será executada pelo consórcio Kyo-Green, do qual fazem parte a Kyoservice e a Solergy. A licitação foi vencida com um deságio de cerca de 20% em relação ao valor orçado. Esse projeto foi a primeira concorrência de Furnas segundo o modelo de contratação integrada, prevista na lei 13.303/2016. Segundo o texto, o consórcio vencedor será responsável pela execução completa, desde a fase de projeto básico até o término da obra e início da operação comercial.

Furnas é uma empresa de economia mista federal, tem capital fechado e seu controle está nas mãos da Eletrobras. Sua atuação se divide entre geração, transmissão e comercialização de energia elétrica. Hoje a companhia atua em 16 estados e no Distrito Federal. Seu sistema é composto por 21 usinas hidrelétricas e 2 termelétricas – próprias e em parceria com outras empresas. Ao todo, sua operação conta com cerca de 29 mil quilômetros de linhas de transmissão e 75 subestações.


Eólica avança aos poucos


Além da produção fotovoltaica, Furnas está investindo na área de energia eólica. Em maio do ano passado, a Brasil Ventos, subsidiária de Furnas, assinou um contrato com a empresa germânico-espanhola Nordex-Acciona, vencedora da concorrência pública para o Complexo Eólico de Fortim, no Ceará.

O parque eólico terá uma potência instalada de 123 MW e a previsão é que o início da operação comercial aconteça ainda neste ano, provavelmente em novembro. Segundo Calixto, os projetos em carteira somam de 400MW a 500MW. Furnas, diz O superintendente de empreendimentos de geração, Rodrigo Calixto, tem outros projetos na área de eólica, mas ainda em avaliação.

O contrato com a Nordex-Acciona é de R$ 450 milhões e prevê a duração de cinco anos e inclui produção, testes na unidade, transporte, seguros, montagem e comissionamento de aerogeradores e sistemas associados, além de operação e manutenção.

O Complexo Eólico Fortim deveria estar em operação há cerca de três anos, conforme previa o leilão realizado em 2011. As turbinas eólicas seriam contratadas junto à empresa argentina Impsa, mas foi necessário rever todo o negócio depois de a fornecedora entrar em processo de recuperação judicial.

Segundo o projeto, o Complexo Eólico Fortim está previsto para ocupar uma área de cerca de 2.365 hectares. A média da velocidade do vento, entre 6,60 m/s e 8,10 m/s, ao longo do ano, é considerada boa. Quando estiver concluído, ele será composto por 5 parques, com um total de 72 aerogeradores e 115,2 MW de potência nominal.

Em outra frente de trabalho, o Laboratório de Aerodinâmica Aplicada de Furnas, instalado em Aparecida de Goiânia (GO), vem desenvolvendo um projeto para a construção de torres eólicas. Com as pesquisas, o objetivo é instalar torres eólicas mais baixas e que contem com geradores de menor porte, que servirão para abastecer de energia regiões afastadas do país.



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