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Estado de Minas

Restrição no uso de plástico muda rotina nas empresas

Um dos maiores vilões do meio ambiente, o plástico está dando lugar a materiais biodegradáveis, recicláveis e até comestíveis, como os canudos de macarrão


postado em 04/07/2019 06:00 / atualizado em 04/07/2019 08:19

O empresário Marlon Ceni diz que a substituição dos descartáveis na Nattu hoje é vista com bons olhos (foto: Nattu/Divulgação )
O empresário Marlon Ceni diz que a substituição dos descartáveis na Nattu hoje é vista com bons olhos (foto: Nattu/Divulgação )
São Paulo – Desde julho do ano passado, a rede de restaurantes Nattu, especializada em pratos orgânicos e não industrializados, se esforça para abolir em definitivo o plástico de suas unidades. Antes mesmo da proibição legal, a empresa decidiu aderir à cartilha ONU 2030.

O movimento, liderado pela Alemanha e Suécia, estabelece uma série de iniciativas para reduzir o impacto ambiental de atividades que são tradicionalmente geradoras de lixo, como a indústria da alimentação.

Entre outras iniciativas, todos os produtos descartáveis utilizados na Nattu, como copos e canudos, foram substituídos por opções biodegradáveis. “A geração mais jovem aprovou a mudança logo de cara, mas os clientes mais antigos chegaram a reclamar no início”, afirma o sócio na empresa, Marlon Ceni. “Com o passar do tempo, aqueles que reclamaram hoje em dia só elogiam”, completa o empresário.

O exemplo da Nattu é apenas um pequeno retrato das profundas transformações que estão em curso no mundo atual. Principalmente nos países desenvolvidos, a era da sustentabilidade obrigou as empresas a reavaliarem seus processos e torná-los menos danosos ao meio ambiente.

O plástico se tornou o grande vilão da natureza. Segundo estimativas do Fórum Econômico Mundial, existem 150 milhões de toneladas métricas de plásticos nos oceanos. Caso o consumo siga no mesmo ritmo dos números atuais, os cientistas calculam que haverá mais plástico do que peixes no oceano até 2050.

Além disso, embora tenha evoluído muito nos últimos anos, a reciclagem ainda é tímida. Dos 8,3 bilhões de toneladas de plástico que o planeta produziu nos últimos 65 anos, apenas 9% foram reciclados.

“A poluição por plástico no meio ambiente precisa ser encarada como uma crise mundial”, diz Warner Bento Filho, analista de políticas públicas do WWF-Brasil. “Para superar o problema, devemos ir além de ações individuais dos consumidores. Precisamos de uma mudança sistemática global envolvendo governos, indústria, comércio e empresas de coleta de resíduos.”

Diante desse cenário, companhias como Starbucks, McDonald’s e Burger King anunciaram a retirada dos canudos de seus estabelecimentos ou os substituíram por outros de fontes biodegradáveis, como metais, papelão e até massa de macarrão.

Em paralelo a esse movimento, as prefeituras deram início à criação de leis específicas para o plástico, proibindo o uso do produto. “Não é fácil nem barato mudar uma prática de décadas da noite para o dia, mas a conscientização ambiental nos ajuda a corrigir aquilo que está errado sob a ótica ambiental”, acrescenta Ceni.

O Rio de Janeiro foi a capital pioneira na proibição e, desde setembro do ano passado, está autuando os estabelecimentos que não respeitam a legislação. Logo depois da iniciativa fluminense veio a cidade de Santos (SP), que também aderiu à causa e proibiu a venda e a distribuição dos canudos na cidade a partir de janeiro de 2019.

Depois disso, várias outras cidades começaram a colocar a pauta na discussão nas câmaras municipais. Há alguns dias, a cidade de São Paulo, a mais populosa metrópole brasileira, seguiu o mesmo caminho, abrindo precedente para mudanças mais agressivas e de alcance nacional. “Não é necessário apenas que se imponha e se obrigue as empresas a ter um novo comportamento. É preciso ensinar as vantagens ecológicas do sistema para que tudo seja espontâneo”, afirma o sócio na Nattu.

ALTERNATIVAS 


Enquanto cresce a consciência ambiental em torno da utilização do plástico, as empresas vão criando suas próprias iniciativas para reduzir o volume de lixo despejado no meio ambiente. Assim como a Nattu, a rede de lanchonetes Juanito’s, de origem argentina, recorre a alternativas mais sustentáveis do que o plástico. Todos os drinques e pratos são servidos sem canudos convencionais ou talheres descartáveis.

“Adotamos práticas totalmente voltadas à sustentabilidade, com uso de outras matérias-primas que não seja o plástico”, afirma Brendon Peters, sócio no Juanito’s. “A percepção ecológica da clientela é a melhor possível e, por isso, a receptividade ao nosso método tem sido muito boa.” Segundo ele, a estratégia conquistou os clientes do Juanito’s, que até publicam detalhes dos produtos nas redes sociais. “É um jeito de difundir um novo estilo de vida e abordar um tema importante para o planeta”, afirma o executivo.

O Felix Bistrô, em Cotia (SP), tradicional restaurante francês com 20 anos de atividades, decidiu aposentar o plástico e colocar em cena os canudos de macarrão e de metal. Segundo o sócio-fundador Emanuel Bleier, a mudança tem gerado respostas positivas. “É como se oferecêssemos comida sem veneno”, afirma o empresário. “Tomara que o corporativismo não atrapalhe esse processo e que o plástico não retorne. Se é para fortalecer a corrente sustentável, que todos participem e assumam o desafio.”

Embalagens plásticas dão lugar ao alumínio


Medida vai reduzir a produção de lixo e a sujeira, além da poluição visual e, consequentemente, a emissão de gases do efeito estufa(foto: Sguler/Divulgação)
Medida vai reduzir a produção de lixo e a sujeira, além da poluição visual e, consequentemente, a emissão de gases do efeito estufa (foto: Sguler/Divulgação)

Não são apenas os bares e restaurantes que estão reduzindo ou abolindo o uso de plásticos. Na semana passada, a Pepsi anunciou que, a partir de 2020, vai substituir as garrafas de plástico da água Aquafina por latas de alumínio.

Em um primeiro momento, a novidade será oferecida a redes de fast food, lanchonetes e restaurantes antes de chegar aos supermercados. A companhia afirma que a medida eliminará 8 mil toneladas de plástico e reduzirá em 11 mil toneladas a emissão de gases do efeito estufa.

“Lidar com o lixo plástico é uma das minhas principais prioridades e aceito esse desafio pessoalmente”, disse o presidente-executivo da PepsiCo, Ramon Laguarta, em nota. “Estamos fazendo a nossa parte para resolver o problema, reduzindo, reciclando e reinventando nossas embalagens.”


ALUMÍNIO 


Parte dos ativistas ambientais defende a troca do plástico por embalagens de alumínio, afirmando que o material é mais fácil de reciclar.

Segundo pesquisas da área, 91% de todos os materiais plásticos não passam pelo processo de reciclagem. A principal concorrente da Coca-Cola ainda afirmou que se comprometerá em usar somente embalagens recicláveis, compostáveis ou biodegradáveis até 2025, além de produzir novas garrafas de plástico, usando 25% de material reciclado.





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